
No lugar da foice e do martelo, cora��o e flores. O vermelho foi trocado por verde, azul, alaranjado. E os votos n�o param de crescer. O PCdoB teve este ano um de seus melhores desempenhos em todo o Brasil. Em Minas Gerais, conquistou pela primeira vez, e com folga, a prefeitura do terceiro maior col�gio eleitoral do estado, Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Em todo o Brasil, o partido passou de 41 prefeituras para 56. Pode at� parecer pouco em um universo de 5.553 munic�pios, mas n�o �.
Entre as cidades governadas pelos comunistas est�o tr�s do G85, entre elas Contagem, Belford Roxo (RJ) e Olinda (PE), como � chamado o grupo que re�ne as 26 capitais e 59 cidades do interior com mais de 200 mil eleitores. Nessa lista, o PCdoB j� ocupa a sexta posi��o. Em Minas Gerais, o partido passou de duas para seis prefeituras. Al�m de Contagem, conquistou outras cinco cidades (Cataguases, Ja�ba, Francisco S�, Pintop�lis e Lassance). Nas �ltimas cinco elei��es municipais, o partido tamb�m ganhou eleitores. Em 1996, a legenda teve pouco mais de 191 mil votos. Nessa disputa foram 1,8 milh�o.
Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, esses n�meros s�o resultado do investimento que o partido passou a fazer, a partir das elei��es gerais de 2006, nas candidaturas majorit�rias. Antes disso, segundo ele, o foco eram apenas as disputas para os cargos de vereador e deputado e, mesmo assim, com n�mero reduzido de candidatos. “Desde ent�o, temos dado grandes passos”, destaca.
A presidente do PCdoB em Minas Gerais, deputada federal J� Moraes, destaca que al�m do crescimento das prefeituras o partido tamb�m conquistou, nos �ltimos anos, novos filiados. Em Minas, segundo ela, de 2010 para c� o partido aumentou em cerca de 50% o n�mero de “comunistas de carteirinha”. “Nossa chapa de vereadores tamb�m aumentou muito em todo o estado. Em 2008, disputamos com 703 candidatos a vereador. Este ano foram 1.303, um aumento de 85%”. Apesar disso, ela afirma que o partido n�o conseguiu ainda crescer nas c�maras municipais. O motivo para ela s�o alian�as erradas e falta de experi�ncia na montagem de chapas pelo interior do estado. O partido tem hoje 39 vereadores, n�mero que vai passar para 60 ano que vem.
Junto com o crescimento de sua bancada de parlamentares e prefeitos v�m tamb�m cr�ticas sobre os m�todos adotados pela legenda para conquistar a simpatia do eleitorado. As cr�ticas partem principalmente do PT, aliado hist�rico do PCdoB. Em Contagem, Carlin Moura foi criticado por causa de suas alian�as e por ter adotado o verde e um cora��o como s�mbolos da campanha. Em Manaus, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que disputou e perdeu a Prefeitura de Manaus (AM), usou uma flor vermelha e azul, mesmos tons predominantes em seu material de campanha. Al�m disso, para conquistar a bancada evang�lica divulgou um panfleto se posicionando contra o aborto, a favor de Deus e da religi�o, posturas um pouco divergentes das defendidas pelos comunistas.
Realidade Sobre o abandono nas campanhas eleitorais dos s�mbolos hist�ricos do partido e tamb�m da cor que sempre encarnou os partidos de esquerda, Renato Rabelo diz isso n�o altera os princ�pios e a identidade do partido nem influencia seus prop�sitos. “N�o escondemos que somos comunistas, s� que a nossa realidade de hoje n�o � a mesma do passado, quando o partido surgiu. Tamb�m n�o � a mesma de outros pa�ses. Temos de nos adaptar � nossa realidade sem abrir m�o da luta por uma sociedade socialista”. Rabelo destaca que os partidos n�o s�o estruturas fixas e est�o sujeitos sempre a um momento da hist�ria. Segundo ele, o outro lado da moeda � a campanha, batizada por ele de s�rdida, que o partido sempre enfrenta quando assume a dianteira nas disputas majorit�rias por causa da defesa do comunismo. Rabelo tamb�m destaca que nenhum partido consegue chegar ao poder sem fazer alian�as e cita a primeira elei��o do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, em 2002, como exemplo.
Para J� Moraes, independentemente da cor e do s�mbolo adotados pelo partido, o PCdoB, a legenda n�o abre m�o de seus princ�pios. “Mas n�o queremos ser apenas um gueto de prega��o”. A deputado afirma que apesar das cr�ticas o partido, em Minas Gerais, por exemplo, fez majoritariamente alian�as com o campo de esquerda. “O PT foi nosso maior parceiro em todas as disputas. Fizemos alian�as com ele em 50 cidades, e a maioria delas nos maiores munic�pios de Minas. O PT n�o tem o que reclamar do PCdoB.”