O deputado federal Odair Cunha (PT-MG), relator da Comiss�o Parlamentar Mista de Inqu�rito (CPMI) do Cachoeira, se fechou em sil�ncio para evitar vazamentos, depois de adiar para esta quarta-feira a leitura do relat�rio final sobre o esquema de explora��o de jogos e corrup��o comandado pelo bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em seu blog sobre a CPMI, Cunha manteve o mist�rio, mas ati�ou a curiosidade: "Mais uma semana intensa de trabalho. Estou a poucos dias de apresentar o relat�rio final da CPMI do Cachoeira no plen�rio da comiss�o. Posso adiantar que ele ser� bastante contundente e que ser� solicitado o indiciamento dos depoentes que se recusaram a falar na CPMI ", afirmou.
A ala dissidente da CPMI chegou a marcar reuni�o com o procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurguel, para amanh�, mas recuou para aguardar a leitura do relat�rio oficial. De acordo com a assessoria de Odair Cunha, o adiamento da leitura marcada para hoje atendeu a um pedido da secretaria da comiss�o, em raz�o do curto prazo para impress�o de c�pias do documento com cerca de 3 mil p�ginas, para serem distribu�das aos parlamentares durante a sess�o de leitura. O petista, que se dedica aos ajustes finais do texto, afirmou em seu blog ter analisado 69.694 p�ginas referentes a sigilos banc�rios, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas f�sicas e jur�dicas e, ainda, 45.594 p�ginas de extratos de liga��es telef�nicas. Somando documentos, planilhas, fotos, v�deos, extratos, �udios e relat�rios anal�ticos, chega-se ao total de 1,1 terabyte de informa��es recebidas.
Pista Seguindo a pista deixada pelo relator, entre os que optaram pelo sil�ncio est� o pr�prio contraventor Cachoeira – preso na penitenci�ria da Papuda, no Distrito Federal –, sua mulher, Andressa Mendon�a, al�m de seus colaboradores no esquema criminoso, como o ex-diretor regional da Delta e respons�vel pelas atividades da empresa no Centro-Oeste, Cl�udio Abreu; o ex-presidente do Departamento de Tr�nsito de Goi�s (Detran-GO), Edivaldo Cardoso de Paula – acusado de favorecer o grupo criminoso –; o ex-sargento da Aeron�utica suspeito de atuar como “araponga” do grupo, Idalberto Matias de Ara�jo, o Dad�; al�m de Gleyb Ferreira da Cruz, suposto “laranja”, e Jos� Ol�mpio de Queiroga Neto, apontado como gerente da organiza��o.
80 anos de pris�o
O procurador Daniel Resende Salgado, do Minist�rio P�blico de Goi�s, requereu em suas alega��es finais que o contraventor Carlinhos Cachoeira seja condenado a 80 anos de pris�o, de acordo com o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara da Justi�a Federal, que preside o processo referente � Opera��o Monte Carlo. O procurador defende que Cachoeira teria cometido v�rios crimes de corrup��o, viola��o de sigilo e quadrilha. Uma das supostas tentativas de corrup��o do grupo de Cachoeira teria sido cometida pela mulher do contraventor, Andressa Mendon�a, e denunciada pelo pr�prio juiz em 30 de julho, depois de tentar suborn�-lo em troca de um alvar� de soltura.
A CPMI foi instalada no Congresso em abril, para investigar rela��es do contraventor com pol�ticos, agentes p�blicos e privados, depois que as investiga��es da Pol�cia Federal apontaram que Cachoeira atuava como lobista e "s�cio oculto" da construtora Delta, que teria repassado valores a empresas de fachada. Cachoeira est� preso desde 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Opera��o Monte Carlo. Desde maio, a comiss�o ouviu governadores, policiais e empres�rios sobre a den�ncia de que o bicheiro mantinha um esquema de explora��o do jogo ilegal em Goi�s e forte esquema de corrup��o, culminando na cassa��o do ent�o senador Dem�stenes Torres (ex-DEM-GO).