A Pol�cia Federal (PF) e a Procuradoria da Rep�blica em S�o Paulo t�m 600 p�ginas com conte�do da investiga��o sobre a ex-chefe de gabinete da Presid�ncia da Rep�blica em S�o Paulo, Rosemary N�voa de Noronha. Ela � acusada de participar de um esquema criminoso infiltrado em �rg�os federais, alvo da Opera��o Porto Seguro, deflagrada na �ltima sexta-feira.
A Casa Civil exonerou Rosemary do cargo, na �ltima segunda-feira, e abriu investiga��o interna sobre o caso. A PF recolheu e fez c�pia da mem�ria de computadores e documentos em posse da ex-chefe de gabinete. Sua sala, no escrit�rio da Presid�ncia da Rep�blica em S�o Paulo, e sua casa foram alvo de a��o da PF.
Ela, segundo a procuradora, � que teria conseguido a nomea��o, em maio de 2010, do diretor de Hidrologia da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, e do diretor de Infraestrutura Aeroportu�ria da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac), Rubens Carlos Vieira. Os irm�os s�o acusados de chefiar a quadrilha.
“Eles sabiam que ela tinha acesso a gente privilegiada dentro do governo. Tanto que se utilizava desse cargo, e a� � que est� o crime, para fazer contatos de interesse deles. Agendamento de reuni�o com pol�ticos, nomea��o deles nas ag�ncias reguladoras. Ela ficava l�, pegando no p� do pessoal do alto escal�o, porque tinha essa proximidade, tinha proximidade f�sica”, disse a procuradora na noite dessa ter�a-feira (27).
“Ela debate muito com eles, ‘vou falar com fulano, vou falar com o ciclano’. Mas eu n�o sei exatamente com quem ela conseguiu isso [as nomea��es]. O fato � que estava tentando e ela estava veementemente trabalhando nisso”, acrescentou.
O pagamento pelas nomea��es e outros “favores” dela eram feitos, por exemplo, com dinheiro para cirurgias e novas nomea��es, agora realizadas pelos irm�os Vieira, em benef�cio de Rosemary.
“[A nomea��o d] a filha dela [Mirelle N�voa de Noronha, assessora t�cnica da Diretoria de Infraestrutura Aeroportu�ria da Anac], ela enfiou goela abaixo do Rubens [diretor da Anac]. Ele falava: ‘ainda vou ter que aguentar essa’. Ele fala isso para o Paulo [Vieira, seu irm�o], como um pagamento dos favores dela. Eles ficaram pagando o favor dela dos cargos por mais de ano”, ressalta a procuradora. Mirelle foi exonerada ontem (27) do cargo.
“De amizade [entre Rosemary e os irm�os Vieira] n�o tinha nada, porque era uma cobran�a m�tua e constante, e bem �s claras. A prova dos autos comprova tudo isso”, acrescentou a procuradora.
Fairbenks disse ainda que a influ�ncia de Rosemary n�o se alterou depois do governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, gest�o em que foi nomeada. A procuradora afastou tamb�m a possibilidade de ela ter negociado com o ex-presidente. “Conversa dela com o Lula n�o existe. Nem conversa, nem �udio e nem e-mail. Se tivesse, n�s j� n�o estar�amos mais com a investiga��o aqui”.
A procuradora ainda rebateu a informa��o de que ocorreram centenas de telefonemas entre a ex-chefe de gabinete e Lula. “Eu n�o sei de onde saiu isso, porque nunca tive acesso a isso. Voc�s podem virar de ponta cabe�a o inqu�rito, em toda a investiga��o”.
Sobre o ex-ministro Jos� Dirceu, Fairbenks disse que, apesar de ele ter sido citado nos e-mails de Rosemary, n�o h� ind�cios de sua participa��o no esquema. “N�o tem uma rela��o direta dele [Dirceu] de sociedade [no esquema] ou de eventual lucro”, destacou.
A procuradora disse que ainda poder� pedir a pris�o de Rosemary “de acordo com a necessidade da investiga��o”, que depende da averigua��o do material apreendido. Rosemary responde pelos crimes de tr�fico de influ�ncia e corrup��o passiva.