A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) do Cachoeira corre o risco de terminar em pizza, sem a aprova��o de relat�rio final com as conclus�es das investiga��es. Mesmo depois do recuo do relator Odair Cunha (PT-MG), que desistiu de pedir o indiciamento de cinco jornalistas e da investiga��o do Procurador-Geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, parte da base aliada na CPI, capitaneada pelo PMDB, uniu-se ao PSDB e amea�a derrubar todo o relat�rio final do petista ou sequer votar o documento.
Miro cita o pedido de indiciamento de Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Constru��es, como um dos itens que ningu�m defende publicamente a retirada. Mas nos bastidores integrantes da CPI, quer do governo, quer da oposi��o, trabalham para que Cavendish seja poupado. "Esse relat�rio � incorrig�vel", decretou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que atribui a inclus�o do indiciamento de Perillo no relat�rio a "fruto da ira" do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva com o governador tucano.
Com cerca de cinco mil p�ginas, o relat�rio final da CPI dever� colocado em vota��o na semana que vem, dia 5. Hoje, os integrantes da comiss�o de inqu�rito est�o divididos entre aprovar o texto e derrub�-lo na sua integralidade. � o caso do PMDB da C�mara: a deputada �ris Ara�jo (GO) dever� votar a favor do relat�rio de Cunha, enquanto Lu�s Pittman (DF) pretende votar contra. "Nenhum dos lados tem certeza de que pode ganhar", observou o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que � suplente na CPI. Ele � um dos que advoga que a inclus�o de Perillo no relat�rio "causa embara�os" e "politiza" o texto da CPI.
A rea��o ao relat�rio de Cunha est� espalhada em todos os partidos. "Vou votar contra o relat�rio porque ele n�o investigou o esquema paralelo da construtora Delta", afirmou o deputado Prot�genes Queiroz (PCdoB-SP). O deputado S�lvio Costa (PTB-PE) j� avisou que vai votar contra toda a proposta. Nem mesmo os chamados "independentes" da CPI _ os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Rubens Bueno (PPS-PR) e os senadores Randolfe Rodrigues (PSol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) conseguiram chegar a um consenso sobre a aprova��o ou rejei��o total do relat�rio.
Para tentar salvar o relat�rio, Odair Cunha brecou manobra do presidente da CPI, senador Vital do R�go (PMDB-PB), que chegou a firmar acordo de procedimentos para que pontos controversos do texto fossem votados separadamente pelo plen�rio da comiss�o de inqu�rito. Dessa forma, a CPI iria poder derrotar itens do relat�rio de Cunha, produzindo, na pr�tica, um novo documento.
"N�o aceito esse acordo de procedimentos que prev� que partes ou sugest�es ao texto por mim n�o aceitas sejam submetidas ao voto do plen�rio", afirmou Cunha, momentos antes de iniciar a leitura de uma apresenta��o de 89 p�ginas do relat�rio. "Quem discordar do meu relat�rio, ter� que votar contra todo o relat�rio", disse. "Ele (Cunha) virou um ditador!", reagiu o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP).
Pressionado e sem votos para aprovar o documento, Cunha anunciou a retirada de seu parecer do pedido de indiciamento de cinco jornalistas - entre eles, Policarpo J�nior, da revista Veja - e da sugest�o para que o Conselho Nacional do Minist�rio P�blica (CNMP) investigue Gurgel por n�o ter levado adiante as apura��es da Opera��o Vegas, da Pol�cia Federal. A inclus�o de Gurgel no relat�rio foi interpretada como uma vingan�a do PT contra o procurador-geral que apresentou a den�ncia para o julgamento do mensal�o.