Relat�rio da CPI do Cachoeira recebe primeiro voto em separado

A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) mista que investiga as rela��es criminosas de Carlinhos Cachoeira vai se reunir na pr�xima ter�a-feira para votar o relat�rio final do deputado Odair Cunha (PT-MG). O primeiro voto em separado j� foi protocolado na secretaria da comiss�o pelo deputado �nix Lorenzoni (DEM-RS), insatisfeito com a condu��o dos trabalhos por parte da relatoria.

Para Lorenzoni, a maioria na CPI “acovardou-se” ao n�o permitir o avan�o nas investiga��es sobre o esquema de desvio de dinheiro p�blico com a participa��o da construtora Delta.

Em seu voto em separado, o deputado democrata alega que o relat�rio de Odair Cunha, apesar de ter mais de 5 mil p�ginas, apresenta-se fora de foco e totalmente dissociado da farta quantidade de provas que chegou � comiss�o. “Seria necess�ria uma atitude proativa da comiss�o para perceber que, mais do que o sr. Carlos Cachoeira, o grande problema a ser enfrentado pela CPMI seria o de aprofundar o exame das rela��es entre a Delta e os governos de todas as esferas”, informa o voto em separado.

�nix Lorenzoni destacou em seu texto que em 2011 a Delta recebeu mais de R$ 884 milh�es do governo federal, tornando-se a maior empreiteira do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC). Segundo ele, dados provenientes de quebras de sigilo revelam uma s�rie de opera��es suspeitas, ocorridas principalmente em meses eleitorais.

Apoio

A necessidade de investiga��o de um grupo de empresas consideradas de fachada e que teriam recebido dinheiro da construtora Delta tamb�m tem sido reivindicada pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodruigues (PSOL-AP). Este �ltimo, inclusive, tamb�m j� anunciou que apresentaria um voto em separado, com o resultado da investiga��o paralela feita por sua assessoria t�cnica.

Pol�mica

O deputado Odair Cunha leu um resumo de relat�rio numa reuni�o tumultuada no dia 23 de novembro. Pressionado, mudou seu texto e retirou o pedido de investiga��o contra o procurador-geral, Roberto Gurgel, e o indiciamento de cinco jornalistas, entre os quais, Policarpo J�nior, da Veja em Bras�lia.

As diverg�ncias s�o muitas. Integrantes do PSDB, por exemplo, n�o concordam com a recomenda��o do relator pelo indiciamento do governador de Goi�s, Marconi Perillo (PSDB), e dizem considerar o relat�rio um instrumento de ataque pol�tico.

Odair Cunha n�o comenta o teor do texto a ser votado, mas a assessoria dele informou que o deputado tem conversado com integrantes da CPI, discutindo poss�veis sugest�es ao seu documento.

Na �ltima reuni�o da CPI, ele disse que as sugest�es poderiam ser enviadas pelos parlamentares at� o dia da leitura, mas destacou que tem prerrogativa para aceit�-las ou n�o.

A vota��o est� marcada para as 10h15, na sala 2 da Ala Nilo Coelho.

Pontos pol�micos do relat�rio de Odair Cunha, com vota��o prevista para 11/12:

* Minist�rio P�blico: Pedido de investiga��o do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel desagradou a v�rios parlamentares. O relator sugeriu ao Conselho Nacional do Minist�rio P�blico que apure a poss�vel omiss�o dele em rela��o � Opera��o Vegas, conduzida pela Pol�cia Federal.

* Jornalistas: Tamb�m desagradou a parte dos parlamentares o indiciamento do jornalista da Veja Policarpo J�nior por forma��o de quadrilha. Para o relator, ele teria “extrapolado o limite da rela��o entre fonte e jornalista”.

* Laranjas: Quase meio bilh�o foi repassado pela construtora Delta a empresas consideradas laranjas, e a CPMI s� quebrou o sigilo de 20% delas.

* Requerimentos: Os trabalhos da comiss�o terminaram e mais de 600 requerimentos de convoca��o e quebras de sigilo nem sequer foram analisados.

* Governadores: Apesar da proximidade entre o dono da Delta, Fernando Cavendish, e do governador do Rio de Janeiro, S�rgio Cabral (PMDB), n�o houve investiga��o sobre o assunto.

* Cavendish: Foi indiciado apenas por forma��o de quadrilha e lavagem de dinheiro. O relat�rio n�o lista outros crimes que teriam sido cometidos pelo dono da Delta, que sequer teve o sigilo banc�rio quebrado.

* Contas no exterior: Carlinhos Cachoeira teria contas fora do pa�s, fato que n�o chegou a ser apurado pela comiss�o.

* Caixa 2 do PT: O ex-diretor do Dnit, Luiz Ant�nio Pagot confirmou que atuou junto a empreiteiras para pedir recursos para campanha do PT, mas o assunto n�o foi levado adiante pela comiss�o, para revolta de opositores do governo.

Ag�ncia Senado