No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff celebra 65 anos de vida e uma aprova��o de 78% para seu governo – de acordo com pesquisa CNI/Ibope –, o PT e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva veem proliferar as bombas prontas para explodir no colo. Para 62% dos entrevistados, o governo Dilma continuar� �timo ou bom at� 2014, quando ela tentar� a reelei��o. No caso do PT, o pesadelo � a curto prazo. Depois do depoimento de Marcos Val�rio ao Minist�rio P�blico Federal, � a vez de o ex-diretor da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA) Paulo Vieira avisar que poder� negociar dela��o premiada para mostrar que “n�o � o chefe da quadrilha” da Opera��o Porto Seguro. Seu irm�o, Rubens Vieira, tamb�m est� disposto a ir ao Senado dar sua vers�o para o caso. E at� Rosemary Noronha est� cansada de assistir calada ao que dizem sobre ela.
Dilma, que n�o tem nada a ver com isso, surfa com o bom momento vivido pelo seu governo. O crescente descolamento em rela��o a seu predecessor transparece no resultado do levantamento da CNI/Ibope. Para 59% dos entrevistados, a administra��o atual tem resultados melhores do que os do governo Lula. O percentual cresceu dois pontos percentuais desde setembro, na pesquisa anterior, quando 57% afirmavam que o governo Dilma � melhor do que o do ex-presidente petista.
A princ�pio, as den�ncias mais recentes, ligadas � Opera��o Porto Seguro, n�o interferiram na avalia��o da popula��o, “provavelmente devido � a��o r�pida da presidente Dilma em demitir os envolvidos”, diz Fonseca. Ele lembra que, na s�rie de esc�ndalos que derrubaram ministros no ano passado, o governo conseguiu se preservar e at� se capitalizar politicamente exatamente por ter reagido rapidamente retirando os envolvidos dos cargos e determinando a apura��o dos fatos.
Crise
Apesar do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), a economia ainda pode ser considerada como um dos fatores que ajudam a manter alta a avalia��o positiva do governo Dilma, acredita Fonseca. Segundo ele, a popula��o ainda n�o sentiu a desacelera��o da economia, uma vez que os sal�rios est�o mantidos e o desemprego n�o tem apresentado crescimento. “Isso e a not�cia da redu��o no valor da conta da energia el�trica contam pontos a favor da presidente”, observa.
J� para petistas e para o ex-presidente Lula, o drama � mais concreto. Eles est�o irritados com o atual momento vivido pelo PT. O l�der do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), tem monitorado a presidente sobre os desdobramentos da crise. Dilma est� na Europa desde o fim de semana passado. Nessa sexta-feira, ela passou seu anivers�rio na capital russa e enfrentou uma maratona de compromissos que come�aram com uma cerim�nia a 15 graus negativos no T�mulo do Soldado Desconhecido, mas manteve o bom humor que sua popularidade lhe permite, ao comentar a aus�ncia do tradicional bolo de comemora��o: “N�o, bolinho n�o tem, n�o. Bolinho engorda, gente.”
Na segunda-feira, ela havia se encontrado com Lula em Paris. No dia seguinte, ap�s o vazamento de novos trechos do depoimento de Val�rio – dessa vez afirmando que o ex-presidente chefiava o esquema e que despesas pessoais dele foram pagas com o dinheiro do mensal�o –, Dilma deu uma longa declara��o defendendo o ex-presidente. A defesa repetiu-se em entrevista ao jornal Le Monde.
No Brasil, contudo, a tens�o prossegue. “Rosemary tem dado sinais de impaci�ncia. Ela est� chateada com a imagem que fizeram dela ao longo dessas �ltimas semanas”, disse ao Estado de Minas um l�der governista que acompanha de perto o processo de blindagem do PT e do Planalto no Congresso. Nessa sexta-feira, o Minist�rio P�blico Federal abriu den�ncia contra Rosemery.