CPI do Cachoeira termina sem sugerir indiciamentos

Sob protestos e definida como "presepada", "piada" e "pizza", a CPI do Cachoeira decidiu nesta ter�a-feira aprovar, por 21 votos a sete, o voto em separado apresentado pelo deputado federal Luiz Pitiman (PMDB-DF) que, ap�s oito meses de investiga��o, n�o prop�e o indiciamento de nenhum dos investigados pela comiss�o parlamentar. A �nica provid�ncia concreta do parecer, que tem apenas duas p�ginas, � encaminhar as conclus�es da apura��o para a Pol�cia Federal e para o Minist�rio P�blico Federal.

A decis�o foi poss�vel porque, pouco antes, foi derrubado o texto de mais de 5 mil p�ginas do relator e deputado Odair Cunha (PT-MG). A proposta dele, rejeitada por 18 votos a 16, propunha ao Minist�rio P�blico o indiciamento de 29 pessoas e a responsabiliza��o de outras 12 por participar ou se envolver criminosamente com a quadrilha comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Na lista de indiciados do relator, constavam o governador de Goi�s, Marconi Perillo (PSDB), o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), o deputado federal Carlos Alberto Ler�ia (PSDB-GO) e o senador cassado Dem�stenes Torres (sem partido-GO). Cunha chegou a ceder, retirando o pedido de indiciamento de jornalistas e de investiga��o do procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel. Mas a proposta do relator foi rejeitada na terceira tentativa de vota��o.

Durante os debates, o deputado Silvio Costa (PTB-PE) chamou a proposta de Pitiman de "piada" e "brincadeira". "Isso � uma piada, isso � uma brincadeira, a gente n�o pode passar por um neg�cio desses", disse. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que � "rid�culo" resumir os milhares de documentos, escutas e extratos banc�rios a "duas folhas". "N�o podemos ver uma CPI resumida a duas folhas, isso � rid�culo e n�o � poss�vel que o Congresso v� dar sustenta��o a isso", afirmou.

O deputado Armando Verg�lio (PSD-GO), por sua vez, saiu em defesa da proposta apresentada por Pitiman. "Esse voto em separado re�ne condi��es de expressar o pensamento da CPI para n�o passarmos em branco", disse. O senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou que o voto em separado padecia de efic�cia porque propunha, ap�s a conclus�o da CPI, que um grupo de tr�s deputados e dois senadores acompanhasse at� 2014 o andamento das investiga��es da PF e do MP. Segundo ele, n�o h� previs�o no regimento da Casa para esse tipo de acompanhamento. Ap�s um acordo, com o aval do pr�prio Pitiman, suprimiram essa parte do texto.

Para justificar seu parecer, o autor do relat�rio vencedor disse que seu texto � muito mais abrangente do que o rejeitado de Odair Cunha, uma vez que todo o material produzido ser� remetido para as investiga��es da pol�cia e do MP.

"Em plena festa natalina, este relat�rio final � uma presepada", criticou o l�der do PPS, Rubens Bueno (PR), ap�s a aprova��o do texto. "S� faltam os lencinhos e o champanhe da Delta", ironizou Onyx Lorenzoni. "N�o me compete aqui ficar tendo sentimentos, o que eu posso dizer que � lament�vel, que, apesar de todo o esfor�o feito pelos membros da CPI, por todos n�s aqui, diante de provas incontestes da CPMI, n�o existe um ju�zo de valor sobre nada. Ela (CPI) se nega a fazer aquilo que � a sua miss�o essencial. Levantar provas, identificar ind�cios e apresentar conclus�es. As conclus�es aqui s�o nada, um vazio, uma pizza geral, lament�vel", criticou Odair Cunha, ao final da sess�o desta ter�a.

Na pr�tica, a proposta de Pitiman � muito semelhante � aprovada no in�cio da reuni�o desta ter�a, quando, por unanimidade, foi aprovado o envio de todo o material bruto das investiga��es feitas pela comiss�o para o Minist�rio P�blico Federal em Goi�s e � Procuradoria Geral da Rep�blica. No pedido anterior, seriam encaminhados todo o acervo f�sico e eletr�nico de documentos da CPI, bem como os sigilos banc�rio, fiscal, telef�nico e de dados. No de Pitiman, as conclus�es tamb�m v�o para a Pol�cia Federal.