
A disputa pela Presid�ncia da C�mara dos Deputados est� sendo travada em territ�rio mineiro nesta semana. Nessa segunda-feira, o deputado mineiro J�lio Delgado (PSB), que lan�ou sua candidatura como op��o ao acordo firmado ainda em 2011 entre PT e PMDB para se revezar no comando da Casa, se reuniu com o governador Antonio Anastasia (PSDB) para discutir temas referentes ao estado que estar�o na pauta do Congresso a partir de fevereiro. Amanh� ser� a vez de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) se encontrar com o governador para defender sua candidatura. Outra parlamentar que j� lan�ou o nome para a disputa, Rose de Freitas (PMDB), que tamb�m � mineira, de Caratinga, mas foi eleita pelo Esp�rito Santo, tem visita a Minas confirmada em busca de apoio para a elei��o.
Com as recentes den�ncias de improbidade administrativa envolvendo o deputado Henrique Eduardo Alves, a briga pelo apoio dos principais caciques pol�ticos do estado se intensificou nos �ltimos dias e fez com que os nomes j� lan�ados para a disputa se movimentassem em busca de fortalecer suas candidaturas. Acompanhado de deputados e secret�rios de Estado que apoiam seu nome para assumir a C�mara nos pr�ximos dois anos, Delgado deixou a Cidade Administrativa no in�cio da tarde de ontem confiante de que sua chapa ganhar� adeptos at� 4 de fevereiro, dia da elei��o, e que contar� com apoio da maior parte da bancada mineira.
O socialista alertou para uma poss�vel “hegemonia do PMDB” caso o partido assuma a cadeira principal nas duas Casas do Legislativo e afirmou que seu nome poder� ser uma op��o para as outras legendas que n�o est�o satisfeitas com a forma com que as articula��es foram conduzidas pelas lideran�as peemedebistas e petistas. “Coordenar a C�mara e o Senado, al�m de ter o vice-presidente da Rep�blica, � uma hegemonia que deixa muito aqu�m os demais partidos que fazem parte da base aliada ao Planalto. O reequil�brio dessas for�as ser� muito importante para a Rep�blica”, disse Delgado.
Ao comentar as acusa��es envolvendo repasses irregulares de verbas do governo federal a um assessor de Alves, o deputado mineiro refor�ou sua bandeira por mudan�as no Legislativo e avaliou que nas elei��es municipais de 2012 ficou clara a demanda da sociedade por caras novas no cen�rio pol�tico. “Queremos mudar essas pr�ticas e � isso que defendemos na nossa caminhada para fazer um Legislativo mais forte e equilibrado. Isso s� se faz com mudan�as de pr�ticas e posturas”, afirmou delgado. O parlamentar, que j� visitou os estados do Paran� e Santa Catarina, continuar� viajando pelo Brasil e embarca nos pr�ximos dias para o Amazonas e Par�.
Consenso
Apesar de Delgado se mostrar otimista em conquistar a maioria dos votos dos deputados do estado, o coordenador da bancada mineira na C�mara, deputado F�bio Ramalho (PV), ressaltou nessa segunda-feira que a disputa pela principal cadeira na Mesa Diretora n�o se trava entre bancadas estaduais, mas entre lideran�as partid�rias. Segundo Ramalho, a maioria dos mineiros dever� acompanhar o acordo firmado pela proporcionalidade entre as legendas e, como o nome de Henrique Eduardo Alves foi indicado pelo PMDB e aceito pela grande maioria dos partidos, n�o devem acontecer grandes dissid�ncias. “Em todas as reuni�es que participamos, o nome de Alves apareceu de forma consensual e conta com o apoio de 90% dos partidos”, explica Ramalho.
O coordenador da bancada mineira elogiou a atua��o de J�lio Delgado na defesa dos interesses do estado, mas ponderou que n�o � vi�vel lan�ar um nome sem negociar com os outros partidos. “O governador Anastasia, tamb�m priorizando os interesses de Minas, vai ouvir Alves e suas propostas para o Legislativo”, disse Ramalho. O parlamentar minimizou as den�ncias envolvendo o peemedebista e considerou dif�cil que Alves n�o assuma a Presid�ncia da C�mara.
A defesa pela manuten��o dos acordos de proporcionalidade foi tamb�m apontada pelo deputado Marcus Pestana (PSDB) como principal princ�pio dos partidos. No entanto, o tucano, que esteve presente no encontro de ontem entre Delgado e Anastasia, ressalta que o crescimento na candidatura do socialista poderia mudar o cen�rio da disputa. “A princ�pio, o PSDB defende os par�metros de proporcionalidade. At� mesmo como forma de defender os interesses das minorias no Congresso. Mas a consolida��o de uma chapa forte com apoio de outras legendas pode trazer novos atores nesta elei��o. Para defender os interesses de Minas, temos sempre que ouvir todas as propostas”, avaliou Pestana.
As den�ncias
No fim de semana, o l�der do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), foi alvo de den�ncias publicadas pela imprensa envolvendo irregularidades no uso de emendas parlamentares e na contrata��o de aluguel de carros. Em 2009, o deputado teria destinado recursos dos minist�rios do Turismo e das Cidades para obras no Rio Grande do Norte, realizadas pela empresa Bonacci Engenharia e Com�rcio, que tem como s�cio seu assessor na C�mara desde 1998 Aluizio Dutra de Almeida. J� o aluguel de carros da empresa Global Transportes teria beneficiado tamb�m o ex-assessor do PMDB C�sar Cunha. Ainda segundo as den�ncias, Henrique Alves estaria protelando, com recursos, investiga��o em curso no Minist�rio P�blico Federal que apura den�ncia de enriquecimento il�cito numa a��o de improbidade administrativa. Aluizio Almeida pediu demiss�o do cargo nessa segunda-feira.
Refor�o dentro de casa
Recebido pela presidente Dilma Rousseff pela segunda vez este ano, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, voltou a insistir nessa segunda-feira que � aliado do governo, mas n�o parece disposto a pedir que J�lio Delgado (PSB-MG) desista da disputa para a Presid�ncia da C�mara, embora o Pal�cio do Planalto tenha dado reiterados sinais de que apoiar� o nome de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o cargo. “Essa � uma pauta da C�mara, dos deputados, n�o dos partidos. O J�lio tem prerrogativas, tem m�ritos, tem capacidade, tem o desejo da bancada do meu partido de que ele dispute a elei��o, mas � um assunto do Parlamento. N�s n�o tratamos desse assunto aqui”, afirmou.
Na quinta-feira, Eduardo Campos se encontrar� no Recife com o mineiro, que vai a Pernambuco discutir sua candidatura � Presid�ncia C�mara. “Ele tem visto a for�a de nossa bancada e dos apoios que estamos conseguindo, que demonstram a possibilidade de o PSB estar no comando da C�mara. Portanto Eduardo Campos vai entrar nessa hoste conosco, porque acredita na revaloriza��o do Legislativo”, afirmou Delgado.
Desde o lan�amento da candidatura do socialista, em dezembro, Campos mant�m-se arredio e at� agora n�o se engajou abertamente na campanha de Delgado. Com a atitude, o governador poderia estar se resguardando para n�o se indispor com Dilma, que participou da articula��o entre PT e PMDB para garantir apoio a Henrique Eduardo Alves.
O pernambucano, que tamb�m � apontado como presidenci�vel para 2014, defendeu a manuten��o da base de apoio ao Planalto para as pr�ximas elei��es, mas tem recebido cobran�as dentro do seu partido para se lan�ar candidato. Para Delgado, uma vit�ria socialista na disputa pela Presid�ncia da C�mara poderia potencializar o nome de Campos para as elei��es de 2014, al�m de romper o acordo de revezamento entre petistas e peemedebistas no comando do Legislativo. “S�o situa��es deslocadas uma da outra”. observou o candidato.