Bras�lia – Os fundadores da Rede Sustentabilidade se mobilizaram ontem, durante o lan�amento da legenda, para rejeitar o r�tulo de "partido da Marina Silva" e para repetir em un�ssono que a nova agremia��o pol�tica n�o tem fins eleitorais. Mas nos discursos dos l�deres e dos militantes, a ex-candidata do PV � Presid�ncia surgiu de maneira inquestion�vel como a estrela do partido e figura central do movimento, que tem como bandeiras a �tica, a justi�a social e a sustentabilidade. A tentativa de desvincular a cria��o da legenda das elei��es de 2014 tamb�m fracassou: a vereadora de Macei� Helo�sa Helena, ex-candidata do PSOL � Presid�ncia, lan�ou Marina para a disputa ao Pal�cio do Planalto. "� uma possibilidade, mas por enquanto � apenas uma possibilidade", desconversou a ex-senadora e ex-ministra. Chamados de "sonh�ticos, muitos apoiadores desfilavam com camisas estampadas com os dizeres "Marina 2014".
O encontro, realizado em uma casa de eventos � beira do Lago Parano�, custou R$ 150 mil e os recursos foram rateados pelos apoiadores do novo partido. As estruturas eram de materiais sustent�veis e os organizadores distribu�ram canecas para evitar o uso de copos pl�sticos. Parlamentares que pretendem migrar para a Rede, como os deputados federais Domingos Dutra (PT-SP) e Walter Feldman (PSDB-SP), dividiram o palanque com Marina e Helo�sa Helena. Mas algumas aus�ncias foram sentidas, como a do deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que enviou uma carta, lida no encontro.
O deputado Reguffe (PDT-DF) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que s�o entusiastas do projeto mas negam a mudan�a de legenda, tamb�m passaram pelo evento de lan�amento da Rede. Colaboradores como a empres�ria e soci�loga Maria Alice Setubal fizeram discurso durante o evento, defendendo a proposta de um novo caminho na pol�tica. O empres�rio Guilherme Leal, da Natura, que foi candidato a vice na chapa de Marina em 2010, mandou uma carta de apoio. O ator Wagner Moura enviou um v�deo de apoio e foi bastante aplaudido.
O ex-secret�rio-executivo do Minist�rio do Meio Ambiente Jo�o Paulo Capobianco, que coordenou a campanha do PV � Presid�ncia, foi o primeiro a tentar evitar o personalismo em torno da legenda. "N�o podemos tratar a nossa maior lideran�a como a dona do partido. Esse n�o � o partido da Marina", discursou Capobianco. O vereador paulistano Ricardo Young (PPS) seguiu a mesma linha e ainda tentou desvincular a legenda da disputa de 2014.
Mas nem mesmo os militantes encamparam essas teses. O interesse em torno de Marina era tanto que muitos fizeram fila para tentar tirar fotos ao lado da estrela da Rede Sustentabilidade. Coube a Helo�sa Helena declarar publicamente o que todos ali j� sabiam: os militantes querem ver Marina candidata ao Planalto. "Eu entendo quando dizem que este n�o � o partido da Marina, tamb�m sou assim, n�o aceito o personalismo. Mas eu preciso dizer que me sinto feliz em ser sua soldada. Em ser conduzida por voc�, Marina", disse a vereadora, ainda oficialmente no PSOL. E disparou em seguida: "Por mais que a Marina n�o goste que digamos isso, quero v�-la disputando a elei��o presidencial em 2014", completou Helo�sa Helena, gerando o momento de maior como��o dos militantes. Todos levantaram e come�aram a cantar "Brasil urgente, Marina presidente".
Crise � tarde, durante uma r�pida entrevista coletiva � imprensa, Marina Silva ainda tentava se esquivar da posi��o de estrela do partido. Ela se sentou na segunda fileira, misturada a outros militantes. "Gente, n�s somos uma rede, queremos quebrar o modelo atual de partido", explicava um dos apoiadores de Marina, diante dos apelos dos jornalistas para que ela se posicionasse � frente. Assim como fizera durante o discurso aos apoiadores, ela falou que o Brasil passa por uma "crise civilizat�ria" e afirmou que existe um mal-estar com rela��o ao momento enfrentado pelo pa�s. "Sa�mos da fase do ativismo dirigido pelo sindicato, pela ONG, pelo DCE, e hoje estamos na fase do ativismo autoral, gra�as � ajuda da internet", explicou Marina.
Questionada sobre o direcionamento pol�tico da legenda, ela disse que a Rede Sustentabilidade "n�o ser� de direita e tampouco de esquerda". "Nem um nem outro, estamos � frente. N�o seremos oposi��o nem situa��o. Vamos assumir posi��o", explicou. "Se a presidente Dilma fizer algo bom para o pa�s, vamos apoiar. Se quiser passar algo como o C�digo Florestal, por exemplo, ficaremos contra", acrescentou. Ela garantiu que o novo partido poder� fazer alian�as com outras siglas, mas com restri��es. "As alian�as ser�o pontuais, com qualquer partido com que tenhamos afinidade program�tica. A ideia � manter a coer�ncia do discurso", acrescentou. Para que o partido saia do papel, os militantes ter�o que reunir quase 500 mil assinaturas e aprovar o processo no Tribunal Superior Eleitoral. � preciso concluir o processo at� outubro para que os filados possam disputar as elei��es do ano que vem.
Normas Os apoiadores come�aram ontem a discutir as linhas gerais do estatuto da Rede Sustentabilidade. H� algumas normas consideradas p�treas, como a recusa de doa��es de ind�strias de armas, tabaco, �lcool ou agrot�xicos, por exemplo. Pessoas com ficha suja n�o ser�o aceitas, com exce��o de militantes que j� foram presos por envolvimento em movimentos sociais ou ambientais. H� ainda alguns pontos sem consenso, como a ideia de proibir os filiados de concorrerem mais do que uma vez � reelei��o. At� 2014, antes das elei��es, o estatuto ficar� pronto, com detalhes como o limite para doa��es.