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Estado de Minas

Marina Silva ter� obst�culos para o 'sonho' se realizar

Especialistas avaliam que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva ter� dificuldades burocr�ticas para conseguir registrar a legenda a tempo de disputar a elei��o de 2014


postado em 17/02/2013 00:12 / atualizado em 17/02/2013 07:37

Fundadores do PSD reunidos na cerimônia de lançamento da sigla, em 2011: disputa jurídica no TSE para conseguir o Fundo Partidário(foto: DANIEL ALVES DO NASCIMENTO/CB/D.A PRESS - 28/9/11)
Fundadores do PSD reunidos na cerim�nia de lan�amento da sigla, em 2011: disputa jur�dica no TSE para conseguir o Fundo Partid�rio (foto: DANIEL ALVES DO NASCIMENTO/CB/D.A PRESS - 28/9/11)
Bras�lia – O Brasil tem hoje 30 partidos pol�ticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O n�mero alto de siglas chama a aten��o e � alvo frequente de cr�ticas, especialmente por conta da atua��o fisiol�gica de alguns l�deres. Mas as estat�sticas passam uma falsa impress�o de que tirar uma legenda do papel � tarefa simples. Para criar um partido, � preciso preencher uma lista extensa de exig�ncias, o que pode levar anos e gerar custo na casa dos milh�es. Ap�s conseguir o registro no TSE, os agremiados podem pleitear benesses como tempo de r�dio e televis�o para propaganda e recursos do Fundo Partid�rio – que, no ano passado, somaram R$ 286 milh�es. Para passar a figurar na lista de siglas brasileiras, os apoiadores do novo partido lan�ado ontem pela ex-candidata do PV � Presid�ncia Marina Silva ter�o que cumprir um p�riplo que inclui a coleta de quase 500 mil assinaturas.

O Estado de Minas entrevistou envolvidos na cria��o das siglas mais recentes do pa�s para tra�ar um panorama sobre o desafio de iniciar do zero uma legenda pol�tica. Todos reclamam do n�mero grande de exig�ncias e da burocracia. Para que os filiados do novo partido de Marina possam disputar as elei��es do ano que vem � preciso ingressar na legenda at� outubro – um ano antes das elei��es de 2014. Os "sonh�ticos", como s�o chamados os apoiadores de Marina Silva, ter�o que montar uma mobiliza��o in�dita para conseguir lan�ar o partido em menos de oito meses.

O advogado Paulo Fernando Melo da Costa, especialista em direito eleitoral, atuou diretamente na cria��o do Partido Ecol�gico Nacional (PEN), que saiu do papel em junho do ano passado. Com base na experi�ncia adquirida na empreitada, ele acredita que os "sonh�ticos" n�o v�o conseguir registrar o novo partido em menos de oito meses. "S�o muitas exig�ncias. E n�o basta coletar 495 mil assinaturas, j� que elas n�o podem ser recolhidas aleatoriamente, mas por zona eleitoral. Essas assinaturas s�o conferidas uma a uma com base nos registros do eleitor e comparadas com as assinaturas deixadas nas elei��es anteriores. Ou seja, quem assinar precisa ter votado na �ltima elei��o", diz o advogado.

Paulo Fernando explica que � preciso aprovar o pedido de cria��o do partido no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de cada um dos nove estados onde os pol�ticos precisam coletar assinaturas. "O TRE tem que julgar os processos, qualquer desembargador pode pedir vista. E obviamente h� influ�ncias pol�ticas. Em alguns estados, tivemos que esperar quase um ano para que o TRE aprovasse o pedido", acrescenta o advogado. "No caso do PEN, esperamos quase tr�s anos at� cumprir todas as exig�ncias legais", relembra. Ele estima em cerca de R$ 2 milh�es o custo para tirar uma legenda do papel. Esse valor inclui a contrata��o de advogados nos estados, o aluguel de estruturas e comit�s para coleta de assinaturas e o transporte de lideran�as e assessores jur�dicos para Bras�lia, onde � conclu�do o processo de registro. "Para fazer isso com tanta rapidez, o custo pode chegar a cerca de R$ 5 milh�es. S� mesmo com muita mobiliza��o para criar esse partido at� outubro", avalia Paulo Fernando.

O especialista em direito eleitoral Alberto Rollo, que atuou na funda��o do PSD em 2011, lembra que os parlamentares que migrarem para o novo partido de Marina ter�o que fazer a mudan�a em um prazo de at� 30 dias, para que n�o sofram processo por infidelidade partid�ria. Para o advogado, Marina Silva deve ter mais facilidade para cooptar pol�ticos do que o ex-prefeito de S�o Paulo Gilberto Kassab, que tirou o PSD do papel. "O PSD j� nasceu grande porque o Kassab tinha contato com lideran�as pol�ticas de v�rios estados. Mas a Marina Silva vai conseguir atrair muita gente porque � uma figura que tem a simpatia da popula��o e conseguiu 20 milh�es de votos nas elei��es presidenciais. Isso � muito significativo", comenta o especialista. "As pessoas v�o procurar o partido dela em busca de espa�o. A Marina tem muito apelo, um poder de persuas�o grande", enfatiza.

Mudan�as podem agravar o quadro


Um dos principais empecilhos aos planos da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva � o receio de alguns parlamentares em migrar para a nova legenda. Existem projetos que tramitam na C�mara dos Deputados para propor que novos partidos s� tenham acesso ao Fundo Partid�rio e a tempo de TV depois das primeiras elei��es nacionais. No caso do PSD, o TSE decidiu que a sigla teria direito aos recursos e a tempo de propaganda proporcionalmente ao n�mero de deputados que migraram de outras legendas para o partido do ex-prefeito de S�o Paulo Gilberto Kassab. Se n�o houver mudan�as na legisla��o, o entendimento beneficiar� novas agremia��es partid�rias, como a de Marina. Mas existe uma mobiliza��o entre l�deres partid�rios para que o Fundo e o tempo de televis�o n�o sejam divididos logo ap�s o lan�amento das novas legendas. O tema deve ser debatido no Congresso nas pr�ximas semanas.

O ex-ministro do TSE Arnaldo Versiani, que deixou a Corte eleitoral em novembro do ano passado, acredita que as dificuldades para tirar o novo partido ser�o "imensas". Ele lembra que na maioria dos casos o processo demora pelo menos dois anos. "No caso do PSD, havia muitos caciques, senadores, deputados e governadores que apoiavam a cria��o. A Marina ter� que recolher quase meio milh�o de assinaturas e depois isso � verificado na zona eleitoral em que o eleitor � cadastrado. � um processo bastante demorado" explica. Na vota��o que concedeu tempo de televis�o e recursos do Fundo Partid�rio ao PSD antes mesmo que a legenda enfrentasse sua primeira elei��o, Versiani foi contra. "Integrei a minoria que entendia que o partido teria que participar primeiro das elei��es de 2012. Fui voto vencido, mas acredito que, como a decis�o foi por ampla maioria e teve respaldo do Supremo, ela vai valer para outros partidos novos", explicou. (HM)


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