Paulo de Tarso Lyra
Bras�lia – Os embates entre PT e PSDB na �ltima semana mostraram que os prov�veis rivais na elei��o presidencial de 2014 duelam, at� o momento, entre a “paternidade do povo” e a autoria das medidas econ�micas. O PSB, aliado do governo mas que ensaia um voo solo com Eduardo Campos no ano que vem, tem dificuldades em apresentar alternativas e Marina Silva, do Rede Sustentabilidade e n�o exp�s qualquer plataforma econ�mica, apenas a certeza de que o desenvolvimento se dar� dentro dos par�metros da sustentabilidade.
Analistas ainda esperam as propostas alternativas. Os economistas j� apontaram que a estrat�gia do PT de desonerar produtos para estimular o consumo est� saturada devido ao alto n�vel de endividamento das fam�lias. O caminho seria uma aten��o maior �s obras de infraestrutura, ainda emperradas pela timidez e desconfian�a da iniciativa privada quanto ao intervencionismo do governo. J� o PSDB esbarra em crescimentos baixos nos anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Al�m disso, os tucanos n�o conseguiram se livrar da pecha de privatistas que o PT lhes imp�s nas �ltimas tr�s elei��es presidenciais — 2002, 2006 e 2010.
Enquanto a��es concretas n�o s�o apresentadas, a batalha de palavras � a t�nica da antecipa��o da campanha eleitoral. Na �ltima quarta-feira, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), presidente da Comiss�o de Assuntos Econ�micos do Senado, questionou o tucano A�cio Neves (PSDB-MG), alegando que em meia hora de discurso o prov�vel candidato de oposi��o em 2014 n�o havia proferido as palavras povo, gente e pessoa. O aparte n�o foi descontextualizado. Lindbergh est� sob a tutela do marqueteiro Jo�o Santana e sabia que o evento de celebra��o dos 10 anos do PT � frente do governo federal naquela noite seria “do povo, pelo povo e para o povo”.
Secret�rio de Organiza��o do PT, Paulo Frateschi acusou os tucanos de apontar erros e problemas onde eles n�o existem. Uma das cr�ticas de A�cio, por exemplo, foi em rela��o � aus�ncia do c�mbio flutuante, utilizado pela equipe econ�mica como uma maneira de controlar a infla��o. “Todos os pa�ses regulam o c�mbio em momentos de crise, por que n�o podemos fazer o mesmo?”, questionou Frateschi.
Outra reclama��o da oposi��o apontada por Frateschi � o baixo crescimento do PIB em 2012, que deve superar pouco 1%. “Os Estados Unidos est�o se recuperando, mas a Europa ainda est� afundada na crise. Nossos par�metros de crescimento nos pr�ximos anos devem ser esses mesmo, 2%, 2,5%. Muito longe da recess�o que afeta outros pa�ses”, defendeu o secret�rio de Organiza��o do PT.
Ele afirma que a oposi��o se esconde atr�s do debate econ�mico — “inventando muitas vezes coisas como o risco de um racionamento de energia” — porque n�o consegue ter uma liga��o direta com o povo e n�o apresentou, nos tempos em que esteve no poder, propostas ou projetos que permitissem a inclus�o social dos pobres. “Nessa �rea n�o d� para concorrer com o PT, n�s damos um show neles”, apostou Frateschi.
Adapta��es
O secret�rio-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, nega que o discurso de A�cio Neves na �ltima quarta-feira — no qual apontou “13 fracassos” do governo do PT, a maior parte deles na �rea econ�mica — esteja desconectado da realidade. “Claro que precisaremos fazer algumas adapta��es durante a campanha eleitoral. Mas estamos diante de um desastre econ�mico e temos que mostrar isso � popula��o”, ressaltou.
Para Castro, o PSDB n�o pode se concentrar apenas no debate econ�mico. “Quando chegar o hor�rio eleitoral, n�o poderemos ficar s� falando de juros, de infla��o e de economia para os eleitores. Mas precisamos mostrar como isso afeta o dia a dia deles”, lembrou. Logo ap�s o discurso de A�cio, os senadores tucanos C�ssio Cunha Lima (PB) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) sa�ram em defesa do correligion�rio. “Os petistas, mais uma vez, mostraram a sua incapacidade de ouvir”, afirmou C�ssio. “Esse n�o foi um discurso eleitoral, esse se dar� no momento certo. O discurso de A�cio foi um discurso pol�tico apropriado para o momento”, completou Aloysio Nunes Ferreira.
Um dos principais defensores da candidatura pr�pria do PSB � presid�ncia em 2014, o deputado federal J�lio Delgado (MG) criticou o an�ncio feito pelo governo federal na semana passada de ampliar o valor do Bolsa-Fam�lia na tentativa de erradicar os �ltimos resqu�cios da mis�ria extrema do Brasil. “Depois de 10 anos no governo, o �xito seria provado se o PT estivesse diminuindo os recursos do Bolsa-Fam�lia, n�o aumentando a depend�ncia das pessoas”, completou Delgado.