
Bras�lia – Uma semana depois de a presidente Dilma Rousseff ter reunido governadores e prefeitos de capitais em Bras�lia para anunciar a libera��o de R$ 33 bilh�es para obras de saneamento e mobilidade urbana, os presidenci�veis A�cio Neves (PSDB), senador, e Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, tamb�m v�o se reunir com governadores aliados para evitar o desgarramento dos respectivos rebanhos. A�cio receber� nesta ter�a-feira � noite, em seu apartamento em Bras�lia, os governadores tucanos, em um jantar organizado por Ant�nio Anastasia. Eduardo chegar� � capital no fim do dia e deve encontrar-se com os seus correligion�rios, al�m de manter conversas telef�nicas com outros governantes da Regi�o Nordeste.
Mais do que garantir a base de apoio nos respectivos partidos, a inten��o dos dois presidenci�veis � afinar o discurso das respectivas legendas em torno de uma bandeira que eles mesmos levantaram: a revis�o do pacto federativo. Est� marcada para amanh� uma grande reuni�o, organizada pelo presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para debater o tema no plen�rio da Casa. Assusta os governadores, sobretudo, a aus�ncia de uma defini��o sobre o repasses dos recursos do Fundo de Participa��o dos Estados (FPE), al�m da pol�mica distribui��o dos royalties do petr�leo.
Juntos, os dois presidenci�veis t�m quase a metade dos governadores brasileiros: 12 dos 27 administradores estaduais s�o tucanos ou do PSB. Al�m de A�cio ser correligion�rio do governador de Minas, o partido governa S�o Paulo, com Geraldo Alckmin; Alagoas, com Teot�nio Vilela Filho; e Goi�s, com Marconi Perillo. O PSDB est� no comando ainda em Roraima, com o governador Anchieta H�lcias; no Paran�, com Beto Richa; e no Par�, com Sim�o Jatene. J� Eduardo Campos preside a legenda do governador do Cear�, Cid Gomes; do Esp�rito Santo, Renato Casagrande; do Piau�, Wilson Martins; da Para�ba, Ricardo Coutinho; e do Amap�, Camilo Capiberibe.
Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), presidente do diret�rio estadual tucano, a pauta federativa � longa e inclui, al�m dos royalties e do FPE, o desequil�brio no recolhimento do ICMS. Pestana acrescentou que os temas a serem discutidos no jantar dos governadores do PSDB ser�o administrativos e econ�micos, mas reconhece que a presen�a de A�cio dar� o tom pol�tico � reuni�o. “Como ele � nosso l�der, nosso porta-voz e prov�vel candidato � Presid�ncia ano que vem, a presen�a de A�cio no jantar servir� para amarrar o discurso federativo do partido”, justificou Pestana.
Ele n�o acredita que a estrat�gia de sedu��o usada pela presidente Dilma na semana passada, quando anunciou, al�m dos R$ 33 bilh�es para obras de saneamento e mobilidade urbana, a derrubada da contrapartida de estados e munic�pios para que os projetos se concretizem, seja suficiente para desmobilizar os governadores da oposi��o.
Pestana reconhece que o atual modelo de concentra��o de recursos nas m�os do governo federal serve para criar um certo grau de depend�ncia em rela��o � Uni�o. Mas acrescenta que o amadurecimento democr�tico do pa�s impede posi��es sect�rias do Pal�cio do Planalto. “A pr�pria presidente Dilma admitiu que se pode fazer o diabo durante as elei��es, mas como governo, n�o”, declarou o parlamentar mineiro. “S� tenho medo das diabruras eleitorais e alopradas que eles estejam planejando”, provocou o deputado mineiro.
O secret�rio-geral do PSB, Carlos Siqueira, concorda com o racioc�nio. Para ele, neste momento, � natural que alguns governadores sejam mais reticentes em comprar briga com a administra��o federal, pois necessitam manter uma rela��o pol�tica equilibrada com a Uni�o. “N�o podemos confundir a��es governamentais com quest�es eleitorais”, declarou Siqueira.
Integrante da m�quina partid�ria, Siqueira garante que os governadores do PSB est�o afinados com o partido e com a possibilidade, cada vez mais concreta, de o partido lan�ar Eduardo Campos candidato a presidente no ano que vem. “At� mesmo o Cid Gomes (Cear�)”, aposta o secret�rio-geral do PSB. Siqueira disse que o governador cearense tem todo o direito de ter a pr�pria opini�o – Cid tem repetido que, no momento, seria melhor para o PSB apoiar a reelei��o da presidente Dilma e ter candidatura pr�pria apenas em 2018. “Mas na hora que o partido tomar a decis�o coletiva, tenho a certeza de que ele refor�ar� seu papel de homem de partido”, completou Carlos Siqueira.