Bras�lia, 21 - A pol�mica envolvendo o PT e o ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, chegou ao Congresso. Enquanto militantes da extrema-esquerda desferiam ataques a Bernardo nas redes sociais na internet, parlamentares do PT, PMDB e PSDB sa�am em defesa dele. Alvo de radicais que disseram que Bernardo premiava a "sabotagem" das empresas de telecomunica��es ao conceder isen��es fiscais para o setor, ele manteve a posi��o e discordou das cr�ticas do PT ao pacote de desonera��es.
O governo concedeu al�vio fiscal de R$ 6 bilh�es �s empresas de telecomunica��es, mas o PT atacou a medida em resolu��o intitulada "Democratiza��o da M�dia � Urgente e Inadi�vel", aprovada no dia 1.º. Ao cobrar do governo a revis�o das desonera��es - e tamb�m a decis�o de n�o enviar ao Congresso o projeto que regulamenta a m�dia -, o partido errou o valor das isen��es e citou um n�mero dez vezes maior, de R$ 60 bilh�es.
O erro foi corrigido, a pedido do ministro das Comunica��es, mas, desde ent�o, as cr�ticas a ele s� aumentaram na legenda. Bernardo foi chamado de "traidor" e "privatista", entre outros adjetivos. "As pessoas precisam entender que foram desonerados equipamentos de telecomunica��o, como celular, e n�o o conte�do. N�o houve incentivo para nenhuma operadora", disse o senador Walter Pinheiro (PT-BA). Apesar do coment�rio em favor do ministro, Pinheiro n�o quis entrar no m�rito da pol�mica. "Isso � com o PT", esquivou-se. "O meu voto, aqui no Senado, foi favor�vel � desonera��o, assim como fui favor�vel quando o governo tirou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da linha-branca."
De acordo com o senador Wellington Dias (PT-PI), os incentivos fiscais t�m de ser olhados do ponto de vista da redu��o do custo-Brasil. "� uma pol�tica estrat�gica e acertada, que precisa ser vista no conjunto", disse. "Algu�m pode ser contra por uma quest�o ideol�gica, para evitar concentra��o de renda, mas, nesse caso, n�o se trata disso. Ao reduzir o custo das ind�strias, a medida aumenta o poder de consumo e d� competitividade aos produtos brasileiros."
O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), comparou a medida ao "Proer dos Bancos" - lan�ado na gest�o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para socorrer institui��es financeiras em apuros - e disse n�o ter nada contra as isen��es fiscais. "Se as teles estiverem no vermelho, e dependerem da desonera��o para n�o aumentar a tarifa, esse pacote se justifica", afirmou.
Segundo o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), o "equ�voco" da administra��o federal consiste em tentar solu��es "a conta-gotas". "O Pal�cio do Planalto deveria optar por uma reforma abrangente, e n�o fatiada", disse. Dias disse n�o ter estranhado o erro do PT, que citou uma desonera��o de R$ 60 bilh�es na resolu��o, quando o valor correto era de R$ 6 bilh�es. "Estamos acostumados com a manipula��o dos n�meros do PT no poder", ironizou, numa refer�ncia a "maquiagem" das contas p�blicas para cumprir a meta de super�vit prim�rio.