Pr�ximos de completar 100 dias � frente das prefeituras, gestores de cinco das seis maiores cidades do interior de Minas – todas de porte m�dio – ainda n�o conseguiram resolver os principais gargalos encontrados ao tomar posse. Em balan�o sobre as dificuldades enfrentadas at� agora e o que j� foi feito para tirar do papel algumas promessas de campanha, os prefeitos apontam o abandono no sistema de sa�de como um dos obst�culos nos tr�s primeiros meses de governo, mas citam principalmente as d�vidas deixadas pelos antecessores como fator que impede novos investimentos e dificultam que planejamentos tra�ados para os pr�ximos quatro anos sejam colocados em pr�tica.
Em Contagem, a prefeitura calcula em R$ 480 milh�es as d�vidas herdadas da administra��o anterior. “� um montante que consome o or�amento de forma absurda. Contamos com o bom relacionamento com os governos federal e estadual para renovar alguns conv�nios”, diz o prefeito Carlin Moura (PCdoB).
Na cidade vizinha, Betim, a dificuldade em administrar a falta de cr�dito por causa de d�vidas foi ainda mais grave e a prefeitura parou de receber as verbas do Fundo de Participa��o do Munic�pio (FPM), al�m de ter o certificado da Previd�ncia Social cancelado, impedindo transfer�ncias para quitar d�vidas. “Tentamos negociar com o INSS uma divis�o nas parcelas da d�vida, mas n�o conseguimos. Estamos at� hoje tentando resgatar esse certificado em Bras�lia. Essa situa��o, somada ao cancelamento do FPM, sequestrado por quatro meses, nos engessa de forma brutal”, lamenta o prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB). Segundo a prefeitura, a d�vida do munic�pio chega a R$ 205 milh�es.
As d�vidas tamb�m perturbaram o sono do prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PRB), nesses primeiros tr�s meses. O munic�pio deve R$ 93 milh�es (a curto prazo) e R$ 290 milh�es (a longo prazo). Para fazer frente aos problemas financeiros, o prefeito se viu obrigado a adotar uma s�rie de medidas, algumas delas nada populares. “Quando assumimos, a prefeitura estava endividada e inchada, com excesso de funcion�rios, que se encontravam desmotivados”, afirma Muniz. Uma das principais decis�es tomadas ao assumir foi a redu��o da folha de pagamento. “A prefeitura estava com quase 12 mil funcion�rios. Com os cortes que fizemos, agora est� com 7.350 servidores. Conseguimos reduzir a folha, de R$ 18 milh�es para R$ 10,5 milh�es”.
Foram dispensados funcion�rios contratados na gest�o anterior, do ex-prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), sendo que a grande maioria deles indicada por vereadores e partidos situacionistas. Ruy Muniz admite que enfrenta as press�es dos aliados para empregar os apaniguados deles na prefeitura, mas garante que tem resistido aos pedidos. “Tenho procurado construir uma rela��o de harmonia com os vereadores, mas mostrando para eles que n�o tem mais o jogo da barganha, do toma l� d� c� e cotas de empregos na prefeitura”, afirma Muniz.
Descontrole
Maior munic�pio da Zona da Mata mineira, Juiz de Fora amarga uma d�vida de R$ 34 milh�es acumulada nos �ltimos anos com fornecedores, custeio de hospitais e conta de telefone – o que levou boa parte da prefeitura a ficar sem comunica��o durante dois dias neste in�cio de mandato. “O principal problema do munic�pio foi o gasto com sa�de. Durante 2012 houve um descontrole tamb�m porque a prefeitura arcou com despesas que n�o eram dela”, explica o prefeito Bruno Siqueira (PMDB). Para compensar o rombo, Siqueira j� renegociou R$ 12 milh�es, com a previs�o de pagamento ao longo deste ano. O peemedebista ainda foi obrigado a cortar despesas com custeio, como manuten��o de carros e combust�vel, al�m de ter reduzido o n�mero de cargos comissionados e terceirizados. Outra alternativa encontrada pelo prefeito para aumentar a arrecada��o tribut�ria foi o incentivo � nota fiscal eletr�nica de servi�os.
Lixo Em Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro, o prefeito Paulo Piau (PMDB) tamb�m herdou o munic�pio em situa��o complicada. “Encontramos a prefeitura desorganizada e com d�vidas. Al�m disso, constatamos que houve uma completa falta de respeito � Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirma Piau, alfinetando o seu antecessor, Anderson Adauto, que, mesmo filiado ao PMDB, n�o apoiou o atual prefeito. Piau disse que encontrou uma divida a curto prazo da ordem de R$ 80 milh�es, sem recursos em caixa para o pagamento. Servi�os b�sicos como coleta de lixo, limpeza da cidade, telefones, energia e merenda escolar estavam comprometidos. “O lixo estava acumulado nas ruas e uma escola chegou a cair por falta de manuten��o”, afirma o prefeito, que nos primeiros dias de mandato, em janeiro, tamb�m enfrentou uma epidemia de dengue no munic�pio.
Piau disse que, ao se aproximar dos seus 100 dias de governo, a situa��o do munic�pio j� mudou. “Conseguimos regularizar a limpeza p�blica e ampliar o atendimento � sa�de, reduzindo os �ndices da dengue. Tamb�m estamos implementando a��es na �rea da assist�ncia social e iniciando escolas na zona rural”, informa. Ele comemora como outro feito dos seus primeiros tr�s meses de mandato o retorno das rela��es da Prefeitura de Uberaba com o governo estadual, “que estavam rompidas”. Diz que o estado inclusive j� anunciou novos investimentos no munic�pio.
Uberl�ndia
O prefeito de Uberl�ndia (segunda maior cidade do estado, de 604,1 mil habitantes, no Tri�ngulo Mineiro), Gilmar Machado (PT) prepara um ato p�blico para marcar a comemora��o dos seus 100 dias de governo. Para isso, recomendou individualmente aos seus secret�rios que elaborem relat�rios de suas pastas, que v�o servir de base para o balan�o a ser apresentado. A reportagem procurou a Prefeitura de Uberl�ndia. No entanto, a assessoria de Gilmar Machado alegou que o prefeito somente vai dar entrevista sobre o balan�o das atividades dos seus tr�s meses de governo daqui a algumas semanas.