Feliciano recebe 'diploma' de defensor dos direitos humanos

S�o Paulo, 05 - A Federa��o Brasileira de Defesa dos Direitos Humanos (FBDH), com sede em Salvador, entregou na noite dessa quinta-feira ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comiss�o de Direitos Humanos, um diploma em que o parlamentar � reconhecido como "defensor dos direitos humanos". Em seu perfil no Twitter, o deputado disse ter ficado "emocionado" com a homenagem.

A federa��o, composta por representantes da sociedade civil e de l�deres de igrejas cat�lica, evang�lica, entre outras, fez a entrega do diploma - que identifica o deputado como "Marcos" e n�o Marco - durante a visita do deputado a Salvador, onde participou de um culto. Segundo o presidente da FBDH, Elizeu Rosa, esse tipo de diploma � entregue a qualquer pessoa que desenvolva atividades sociais e tenha o nome aprovado pelos membros da federa��o. Anualmente s�o homenageadas sete pessoas. Al�m de Feliciano, seis representantes de ativistas da causa gay na cidade tamb�m teriam recebido o diploma.

Elizeu Rosa explica que Feliciano foi homenageado em raz�o de seus trabalhos sociais, como apoio a usu�rios de droga. "Era para o deputado ter recebido esse diploma h� seis meses, mas ele n�o tinha agenda. Ele � ficha limpa, tem um trabalho social tamb�m. Ent�o a institui��o achou por bem que ele recebesse o diploma", explica Elizeu Rosa. Na tarde desta sexta-feira o deputado presta depoimento ao Supremo Tribunal Federal em processo em que � denunciado por estelionato.

Feliciano vem sendo pressionado a deixar a presid�ncia da comiss�o em raz�o de declara��es consideradas racistas e homof�bicas. Para o presidente da federa��o, no entanto, o debate n�o inviabiliza a entrega do pr�mio. "O deputado teve seus momentos de erro. Sou afrodescendente e sou contra a qualquer persegui��o contra meus irm�os africanos. Mas n�o podemos pegar ao p� da letra. Ele j� se desculpou", afirma.

A Conectas Direitos Humanos, organiza��o n�o-governamental internacional, informou desconhecer a FDBH e definiu a premia��o como uma "afronta". "O pr�mio � uma afronta inaceit�vel aos milhares de brasileiras e brasileiros que se sentem discriminados pelas conhecidas declara��es do deputado Feliciano e �queles que lutam historicamente pelos direitos humanos no Brasil", disse a diretora-executiva da ONG, Lucia Nader.

Elizeu Rosa afirma que a federa��o � contr�ria �s declara��es recentes do deputado e que acompanhar� sua atua��o � frente da comiss�o. "N�o concordamos de forma alguma com aquilo que ele disse. Se ele amanh� ficar contra homossexuais ou contra os negros, ficaremos contra ele. Se a C�mara julg�-lo por homofobia ou racismo, o diploma dele ser� cassado automaticamente."

Em nota publicada no site da FBDH, a federa��o afirmou que ainda � "muito sedo" (sic) para julgar o trabalho de Feliciano e considera sua elei��o "leg�tima, democr�tica e legal". "Acredito que [quem o critica] deveria dar oportunidade a ele, no m�nimo de tr�s meses. Acho que deveria deixar ele trabalhar. Todo mundo est� sujeito a erro", refor�ou Elizeu Rosa, que acredita que o deputado vai saber separar sua vis�o religiosa de seu trabalho na comiss�o.

Durante sua passagem pela cidade, Feliciano evitou a imprensa. Durante o culto, falou sobre as cr�ticas que vem recebendo e manteve seu posicionamento de continuar na presid�ncia da comiss�o. "Deixem falar, deixem criticar, logo seremos exaltados, aqueles que debocham ver�o a nossa vit�ria", afirmou.