Bras�lia, 17 - Depois de quase tr�s horas de reuni�o entre o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e a embaixadora dos Estados Unidos nas Na��es Unidas, Susan Rice, os discursos finais foram de coopera��o e trabalho conjunto, mas as diverg�ncias tamb�m ficaram claras. Venezuela e Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas s�o dois pontos em que Rice e Patriota n�o disfar�aram as diverg�ncias. Enquanto a embaixadora americana defendia uma recontagem dos votos que deram a vit�ria ao chavista Nicol�s Maduro, o chanceler brasileiro insistia que a quest�o � interna e a decis�o cabe apenas aos venezuelanos.
Ao seu lado, o chanceler brasileiro repetiu o que j� havia dito no in�cio da semana: o Brasil reconhece a elei��o de Maduro e considera que a decis�o de uma recontagem � exclusiva das autoridades venezuelanas, mesmo garantindo que o Brasil n�o teria porque se opor a isso. "N�s respeitamos a soberania venezuelana. S�o quest�es internas", frisou. "A miss�o de acompanhamento eleitoral da Unasul se manifestou dizendo que os resultados devem ser respeitados. Na medida que haja uma decis�o interna de recontagem n�o teremos nada contra, acho que pode ser algo que contribua para consolidar os resultados, mas j� nos pronunciamos, felicitamos o presidente Maduro".
A visita de Rice, que desde o final de semana est� no Brasil, tamb�m termina sem que o governo brasileiro consiga avan�ar em uma das suas negocia��es mais caras, a reforma do Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas, defendida pelo Pa�s, que almeja um assento permanente. A embaixadora americana sempre foi uma das maiores cr�ticas � postura brasileira nas quest�es de seguran�a, e chegou a usar o acordo costurado entre Brasil e Turquia com Ir�, sobre o enriquecimento de ur�nio, como um exemplo de por que o Pa�s n�o poderia fazer parte do Conselho.
Questionada se havia mudado de opini�o, Rice trouxe a tradicional resposta americana: "N�s apreciamos muito que o Brasil aspire ser um membro permanente e reconhecemos com gratid�o a crescente responsabilidade global que o Pa�s tem assumido no espectro dos temas que discutimos hoje, incluindo paz e seguran�a, direitos humanos, apoio � democracia. Queremos muito continuar nossas discuss�es com o Brasil e outros parceiros chave nas negocia��es que est�o acontecendo dentro da Assembleia Geral na expans�o do Conselho".
Da mesma forma que o presidente americano Barack Obama, em sua visita ao Brasil em mar�o de 2011, Rice "reconhece" as aspira��es brasileiras e o papel global que o Pa�s tem desempenhado, mas evita uma declara��o favor�vel, ao contr�rio do que fez no mesmo ano com a �ndia. Na visita ao pa�s, Obama declarou que "n�o via um Conselho de Seguran�a ampliado sem a presen�a da �ndia". Rice ainda deixou claro que os Estados Unidos, apesar de reconhecerem a necessidade de uma reforma "modesta", n�o aceita dar poder de veto a novos membros permanentes.
Patriota, em seguida, cobrou urg�ncia na decis�o pela reforma. "N�o � uma quest�o puramente acad�mica, � uma quest�o da governabilidade internacional. Existem riscos inerentes a essa demora. N�o podemos nos permitir um Conselho que perca legitimidade, cujas decis�es n�o sejam levadas a s�rio", afirmou. "Consideramos que temos uma contribui��o a dar. A maioria hoje nas Na��es Unidas � favor�vel � amplia��o nas duas categorias de membros. Uma decis�o nesse sentido j� seria muito oportuna e serviria para criar o contexto favor�vel para que depois se definisse exatamente quem s�o os membros".