A presidente Dilma Rousseff determinou que todos os ministros pol�ticos mobilizem os deputados e senadores dos partidos que eles representam para garantir a vota��o da Medida Provis�ria que regulamenta os portos antes que ela perca a validade, na pr�xima quinta-feira. "A ordem � votar a MP e derrotar a emenda do Eduardo Cunha", disse ao Estado um interlocutor da presidente ao se referir � proposta do l�der do PMDB na C�mara, deputado Eduardo Cunha (RJ), que prorroga por 25 anos as atuais concess�es de �reas portu�rias, desde que apenas haja investimento no local. "
Em um primeiro momento, o Planalto n�o fala em retalia��o ao ministro ou parlamentar que n�o conseguir trazer seus aliados para votar e aprovar a MP. � que o governo n�o quer que os ministros se sintam amea�ados. Mas lembra que as nomea��es feitas s�o pol�ticas para assegurar a ampla base governista que precisa exatamente ser comprovada momentos cruciais, como estes.
Para tentar garantir qu�rum nesta segunda e o encaminhamento das vota��es, o l�der do governo na C�mara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) convocou reuni�o para �s 16 horas com os partidos da base. Mas o l�der peemedebista Eduardo Cunha anunciou que seu partido n�o concorda com a vota��o hoje e avisou que o PMDB vai obstruir a sess�o para evitar que os parlamentares ausentes tenham o dia descontado em seu contracheque. Segundo Cunha, a vota��o ser� realizada apenas na ter�a-feira e que o PT tamb�m apresentou destaques, que podem atrasar a conclus�o do processo.
"Ser� que se o governo quisesse mesmo votar o PT teria apresentado quatro destaques? N�s vamos concordar em votar tudo na ter�a, mas vamos debater cada destaque. Em alguns vamos votar com o governo, em outros n�o", avisou.
Rea��o
A rea��o da presidente Dilma Rousseff, na sexta-feira, determinando a mobiliza��o de ministros e que a base aliada derrote especialmente a emenda do l�der peemedebista, deu o tom da irrita��o dela e do governo, em geral, com Eduardo Cunha. Era un�nime a avalia��o de que ele passou do ponto com declara��es dizendo que o texto do governo da MP dos portos, atendia a interesses econ�micos de quatro grupos, azedando de vez uma rela��o que j� nunca.
A rela��o do Planalto com Eduardo Cunha, que nunca foi boa, piorou depois da pol�mica sess�o de quarta-feira na C�mara, na qual deveria ter aprovado a MP dos Portos e azedou de vez depois das declara��es do peemedebista. "Quem representa interesse de Daniel Dantas e do Grupo Libra, que hoje s�o respons�veis por mais de 1,5 milh�o de metros quadrados de �reas portu�rias em Santos e no Rio � ele", reagiu o governo, ao lembrar que "estes s�o os dois interesses preservados nas emendas de Eduardo Cunha, que preserva as �reas das atuais concession�rias e impede a competi��o no setor".
Na opini�o de Eduardo Cunha, os ataques feitos a ele, na verdade escondem os problemas da articula��o pol�tica do governo. "Acho que est� havendo uma grande falha de articula��o politica. Eles n�o deram conta de negociar e v�o querer me culpar. Est�o colocando uma coisa que n�o corresponde � verdade, desde quando defender licita��o � defender interesse econ�mico?", questiona Cunha. Ele afirmou que sua emenda aglutinativa re�ne apenas alguns dos 28 destaques e lembra que para aprovar a MP o governo precisar� passar por todas essas vota��es.
O Planalto est� convencido de que "vai ser uma guerra permanente daqui para a frente" com Eduardo Cunha. Um interlocutor cita, por exemplo, as amea�as que ele j� estaria fazendo ao governo em rela��o ao texto que est� sendo elaborado para regulamentar a explora��o da minera��o no Pa�s. "A MP da Minera��o nem saiu do Planalto e ele j� est� fazendo amea�as", comentou um assessor presidencial. Tamb�m nesta quest�o, o governo n�o abrir� m�o de se contrapor ao que Cunha vier a apresentar.
A presidente Dilma proibiu seus auxiliares a admitir a possibilidade de elabora��o de um Plano B, para o caso da MP n�o ser aprovada e acabar caducando. No entanto, o Plano B j� est� em curso e o governo deixou de lado a ideia de nova MP, para evitar questionamentos jur�dicos, e est� trabalhando na elabora��o de um decreto presidencial com as medidas de moderniza��o dos portos. Mas o governo j� foi advertido que tamb�m este decreto poder� ser questionado juridicamente e poder� se transformar em um novo embate com o Legislativo e que o tema poder� parar no Judici�rio.