Um documento existente no prontu�rio de dom Helder Camara no Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), em Pernambuco, � revelador. Embora aparentemente sem v�nculo com a rede montada para vigiar o ex-arcebispo de Olinda e Recife, durante a ditadura militar, consta entre os relatos dos arapongas uma "rela��o dos prontu�rios de delegados de pol�cia" investigados. Muitos deles dilapidados no conte�do. Um fato que aponta para dois caminhos.
Era o governo vigiando o pr�prio governo. "O que fica claro, com isso, � que n�o havia preocupa��o somente em reprimir a esquerda, mas tamb�m preventiva", analisou gerente do Arquivo Dops do Arquivo P�blico Estadual Jord�o Emerenciano (Apeje), C�cero Souza. Por desconfian�a, os altos escal�es mandavam investigar a todos. Essa preocupa��o revelava-se na vigil�ncia aos delegados, que, ao menos oficialmente, eram do lado do regime. E respons�veis por investigar a��es e pessoas contr�rias � ordem. A "rela��o dos prontu�rios dos delegados de pol�cia" indica que na lista havia investigadores de pol�cia e auxiliares de legista.