As 101 escolas municipais de Juiz de Fora, Zona da Mata, est�o com suas bibliotecas fechadas, desde que a Secretaria de Educa��o remanejou professores e bibliotec�rios para as salas de aula. De acordo com a coordenadora-geral do Sindicato dos Professores, Aparecida de Oliveira Pinto, a estrutura f�sica e o acervo foram mantidos, mas n�o existe mais a figura dos respons�veis pelos projetos de leitura. Curiosamente, pesquisa sobre h�bitos de leitura no interior do estado, realizada entre 10 de mar�o e 20 de junho, a pedido da C�mara Mineira do Livro, mostrou que Juiz de Fora est� entre as oito cidades mineira com nota 10 na pr�tica.
O levantamento aponta um �ndice de 8,14 livros ou trechos de livros lidos nos �ltimos 12 meses pela popula��o. Isso significa dizer que a cidade atinge mais que o dobro da m�dia nacional, que � de 3,6, e da estadual, de 3,2. “N�o basta ter a chave da biblioteca, � preciso guiar a leitura, orientar os alunos. O nosso projeto est�, sim, comprometido, o que nos coloca na contram�o do que ocorre hoje no pa�s, quando se se busca educa��o de qualidade”, diz a coordenadora sindical.
Segundo Aparecida, a medida entrou em vigor no dia 31, com o rein�cio do ano letivo. Para cumprir a Lei do Piso Nacional dos professores, foi preciso a redu��o da jornada semanal dos profissionais em sala de aula para 13 horas e 20 minutos semanais. Isso fez com que surgisse a necessidade de mais mestres e essa foi a forma encontrada pelo secret�rio Weverton Vilas Boas de Castro para fazer a conta fechar. A implanta��o do piso foi uma reivindica��o da categoria, conquistada depois de uma paralisa��o de 22 dias entre abril e maio.
NOVO USO A Secretaria Municipal de Educa��o confirma a transfer�ncia das bibliotec�rias para a sala de aula, mas ameniza, dizendo que as bibliotecas continuam � disposi��o dos alunos, embora com outra forma de uso. O incentivo � leitura ter� que ser feito pelos pr�prios professores dentro das mat�rias oferecidas no curr�culo escolar. A secretaria admitiu tamb�m que a altera��o foi necess�ria em raz�o da redu��o de cinco minutos m�dulo/aula do professor.
O agravante � que h� bibliotec�rias aprovadas em concurso exclusivamente para a fun��o. Em nota, a prefeitura explica que “o Conselho Municipal de Educa��o aprovou que os professores que atuavam exclusivamente nas pr�ticas de leitura, ou seja, fora das salas de aula, assumissem a reg�ncia, fomentando a leitura no dia a dia da escola, garantindo a interdisciplinaridade, sem deixar de atuar nos espa�os coletivos, como nas bibliotecas que dever�o funcionar como um dos importantes instrumentos de apoio pedag�gico”. E acrescenta: “Elas (as bibliotecas) dever�o ser utilizadas por professores de todas as disciplinas, sendo um ambiente prop�cio para a amplia��o dos conhecimentos de todas as �reas, sempre com incentivo dos educadores”.
Mem�ria
Pol�mica liter�ria
N�o � a primeira vez que o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), se mete em pol�mica envolvendo livros. Em 2011, ent�o deputado estadual, ele apresentou um projeto de lei proibindo o uso nas redes p�blica e privada de ensino de livros did�ticos e liter�rios com conte�do contr�rio � norma culta e que tivessem tamb�m “teor sexual e incentivos � pr�tica de atos criminosos”. Ou seja, estaria decretado o fim da leitura em sala de aula de um dos maiores escritores mineiros, Guimar�es Rosa, que retratou em sua obra a fala popular. O assunto foi explorado pelos seus advers�rios durante a campanha eleitoral. Siqueira, ent�o, retirou da pauta o projeto, que acabou arquivado.