Principal central sindical do Pa�s, a Central �nica dos Trabalhadores (CUT) se imbricou com o PT e o Planalto e, �s v�speras de completar 30 anos, � criticada por fundadores que pregam um rompimento para resgatar o DNA original “apartid�rio” da entidade. O dilema sobre a vincula��o sindical com o governo petista tornou-se ainda mais evidente com as manifesta��es de junho, quando levantaram-se questionamentos sobre a falta de conex�o dos movimentos sociais, umbilicalmente ligados ao Planalto, e a sociedade.
Primeiro presidente da entidade, Meneguelli diz que a CUT perdeu uma oportunidade hist�rica ao n�o aproveitar a rela��o com Lula e Dilma Rousseff para fazer avan�ar suas principais bandeiras. Para o especialista em sindicalismo da Unicamp, tamb�m fundador da CUT, Ricardo Antunes, a �nica sa�da para a central � o rompimento com o Planalto. “A CUT perdeu quase que completamente suas bases, mas fortaleceu-se enquanto c�pula, e praticamente toda a sua dire��o foi para o aparelho do Estado nos �ltimos 10 anos”, afirma.
Cofre cheio
Com 2,2 mil sindicatos e 2,7 milh�es de trabalhadores associados, a CUT � a entidade que mais recebe o dinheiro repartido pelo governo. Segundo a entidade, o imposto sindical refere-se a cerca de 65% de seu or�amento anual. Mesmo contr�ria ao imposto sindical desde a funda��o, a central aceitou receber o dinheiro em 2008, quando Lula criou lei permitindo o repasse �s centrais, e nos �ltimos cinco anos, a central abocanhou mais de R$ 270 milh�es.
A rela��o com o PT gerou frutos pol�ticos a lideran�as da central. Na ata de funda��o h� cinco dirigentes que depois deixariam a CUT para seguir carreira partid�ria nacional. Al�m de Del�bio, o documento registra a participa��o de Ol�vio Dutra (PT-RS), que viria a ser governador do Rio Grande do Sul e ministro das Cidades no governo Lula, Paulo Paim, hoje senador pelo PT-RS, e dos deputados federais pelo PT-SP Arlindo Chinaglia e Vicentinho.
Jorge Lorenzetti, o “churrasqueiro de Lula”, e Osvaldo Bargas, ambos denunciados pela Pol�cia Federal como organizadores do “esquema dos aloprados”, em 2006, tamb�m assinam a ata. Primeiro vice-presidente da CUT no Centro-Oeste, Del�bio foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado por envolvimento no esc�ndalo do mensal�o a oito anos e 11 meses de pris�o por forma��o de quadrilha e corrup��o ativa.
Zona de seguran�a
De acordo com Meneguelli, a CUT n�o soube manter uma dist�ncia segura do partido de seus dirigentes, especialmente ap�s a chegada do PT ao governo federal. Segundo o atual presidente da CUT, Vagner Freitas, o governo Lula mudou completamente a conjuntura social brasileira, e, por isso, a atua��o da entidade foi diferente nos �ltimos anos. “Lula � fruto da luta da CUT, da constru��o do PT, e ele � o maior exemplo do sindicalismo cutista. N�o foi um presidente convencional, como Dilma tamb�m n�o �”, diz Freitas. “N�o posso tratar o governo Dilma da mesma forma que o Meneguelli tratou os militares, o Sarney e o Collor, nem como o Vicentinho tratou com FHC. Os tempos s�o outros.”
“Todos os fundadores da CUT tiveram participa��o na hist�ria do Brasil”, afirma o deputado Vicentinho. “Nascemos em plena ditadura militar e lutamos contra o empresariado conservador. Conseguimos chegar ao poder, e tivemos a chance de fazer o Pa�s crescer, com a incorpora��o de diversas bandeiras da central em forma de pol�ticas p�blicas.”