
O processo de cria��o da Rede Sustentabilidade, partido idealizado pela ex-ministra Marina Silva, j� consumiu cerca de R$ 800 mil. A estimativa � que essa cifra aumente em torno de 15% at� o prazo final para a formaliza��o da sigla na Justi�a Eleitoral, no in�cio de outubro. A Rede, no entanto, n�o revela quem s�o os financiadores desse projeto pol�tico.
A reportagem pediu para ter acesso � lista de doadores e recebeu a seguinte resposta: “S�o centenas de doadores financeiros que contribu�ram com os gastos at� o momento e milhares de pessoas que doaram seu tempo, em coleta de assinaturas, em processamento e rela��o com cart�rios”. Empres�rios, intelectuais, profissionais liberais, jornalistas, estudantes e donas de casa estariam entre as pessoas que se dispuseram a bancar o movimento.
Prestar contas nessa etapa de cria��o do partido n�o � uma obriga��o legal. A Rede, no entanto, tem adotado um discurso de transpar�ncia e prev�, em seu estatuto, divulgar na internet uma lista de receitas e despesas. Segundo o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), um dos articuladores da Rede, o grupo j� trabalha na elabora��o de um sistema para divulgar os gastos online. “Tudo que � movimento de car�ter pol�tico tem de ter divulga��o de n�meros, de gastos. A Rede quer fazer isso de maneira total, at� antes de ser criada.”
Sem falar em cifras, a assessoria da Rede confirma que, entre os doadores financeiros, est�o nomes ligados �s maiores empresas do Pa�s, como Neca Setubal, soci�loga e herdeira do banco Ita�, e Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura, que foi candidato a vice na chapa de Marina, pelo PV, nas �ltimas elei��es presidenciais.
Segundo Jos� Fernando Aparecido, coordenador de finan�as da Rede, o grupo est� colocando em pr�tica o ideal de muitas pessoas doarem pouco. “N�o tem ningu�m colocando R$ 100 mil, R$ 200 mil. As doa��es est�o muito pulverizadas.” Em 2010, por�m, Leal contribuiu com praticamente metade dos R$ 24,1 milh�es arrecadados na campanha de Marina: R$ 11,9 milh�es. Neca foi a segunda maior doadora como pessoa f�sica, desembolsando mais de R$ 570 mil.
Mais do que colocar a m�o no bolso, Neca tem usado a sua boa circula��o entre os representantes do PIB brasileiro para angariar fundos para a Rede. Em abril, um caf� da manh� organizado por ela em S�o Paulo reuniu cerca de 70 empres�rios que pagaram R$ 700 para ouvir as motiva��es de Marina.
A classe art�stica tamb�m deu sua contribui��o. Em maio, Adriana Calcanhoto, Nando Reis e Arnaldo Antunes fizeram um show na capital paulista em apoio � Rede. Eles n�o cobraram cach� e a sigla ficou com o dinheiro da bilheteria. Com esses e outros eventos, a Rede estima ter arrecadado mais de R$ 100 mil. At� o fim do ano, ainda est� prevista a organiza��o de um desfile com pe�as do estilista Ronaldo Fraga e da pr�pria Marina. A ideia � leiloar, no dia do evento, um colar confeccionado pela ex-ministra, acess�rio do qual n�o abre m�o no dia a dia.
Despesas
O valor para criar a Rede, que vai chegar a quase R$ 1 milh�o, � praticamente o dobro do que o grupo planejava desembolsar em fevereiro, quando come�ou a articular a sigla. Segundo a assessoria, os gastos aumentaram porque, durante a coleta das 492 mil assinaturas necess�rias para conseguir o registro do partido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), surgiram necessidades nos Estados que n�o estavam previstas.
Al�m disso, para acelerar o processo, foi preciso contratar pessoas para atuar diariamente no recolhimento de apoios. Num primeiro momento, a ideia era que isso fosse feito com volunt�rios. Tamb�m demandou m�o de obra paga a triagem das fichas enviadas aos cart�rios. Segundo a Rede, o custo desse servi�o vai representar cerca de 25% do gasto total. Houve ainda despesas cartoriais, log�stica para enviar as fichas aos cart�rios, material gr�fico, servi�os de comunica��o, tecnologia e assist�ncia jur�dica.
Outras legendas criadas recentemente n�o prestaram contas de quanto gastaram. Criado em 2011, o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, diz n�o ter ideia de quanto gastou no processo. “N�o tem como dimensionar, porque foram recursos pr�prios de cada uma das pessoas que participaram da funda��o do PSD”, disse Saulo Queiroz, secret�rio-geral da sigla.
O PEN, nascido em 2012, tamb�m n�o fez as contas. “Fiquei seis anos montando o partido, no dia a dia, persuadindo volunt�rios. Se tivesse dinheiro, faria o PEN em um ou dois anos”, diz o presidente da sigla, Adilson Barroso. A Rede n�o tem todo esse tempo a perder. Marina tem at� 5 de outubro para conseguir o registro no TSE.