
Chefes de Estado do mundo todo v�o se reunir, a partir desta ter�a-feirae, em Nova York, para mais uma Assembleia Geral das Na��es Unidas, pautada este ano por crises e ineditismos. No discurso de abertura, miss�o tradicionalmente atribu�da ao Brasil, a presidente Dilma Rousseff colocar� a espionagem em discuss�o. As den�ncias de que os Estados Unidos estariam bisbilhotando governos estrangeiros provocaram diversos atritos diplom�ticos entre Washington e pa�ses aliados. As divis�es em torno da crise s�ria dever�o ficar evidentes e poder�o dar o tom em uma poss�vel resolu��o do Conselho de Seguran�a, pela qual o governo americano tem pressionado seus membros. A grande surpresa, entretanto, dever� ficar por conta do aguardado discurso do novo presidente iraniano, Hassan Rowhani. Ao longo da �ltima semana, o l�der moderado do regime teocr�tico isl�mico acenou com mensagens de reaproxima��o com o Ocidente. Antes de embarcar para os EUA, ele declarou que vai apresentar “a face verdadeira do Ir�” e buscar coopera��o com o Ocidente.
Outro aspecto considerado grave e que deve ser destacado por Dilma � o fato de a NSA ter bisbilhotado informa��es da Petrobras, o que poderia trazer danos aos neg�cios da estatal no mercado num momento delicado, em que o governo est� colocando em pr�tica um amplo programa de concess�es.
A presidente deve se reunir hoje com o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon. Existe a expectativa de um encontro entre Dilma e o colega americano, Barack Obama. H� exatamente uma semana, a presidente decidiu adiar a visita de Estado que faria a Washington em outubro, ap�s o governo brasileiro considerar insuficientes as explica��es da Casa Branca. Em Nova York, os dois discursar�o no mesmo dia e, assim como ocorreu na reuni�o do G20 em S�o Petersburgo (R�ssia), podem conversar sobre o tema.
Tr�s perguntas para...
Matthew Taylor, Cientista pol�tico e professor da American University, em Washington, especialista em temas do Brasil
Na sua opini�o, como dever� ser o tom do discurso da presidente Dilma Rousseff ao falar sobre espionagem?
Me parece que a presidente Dilma tem todas as condi��es para oferecer um discurso importante, que ajude a colocar o assunto da espionagem na pauta internacional. A d�vida � saber para qual plateia ela quer discursar. Se resolver se voltar para a brasileira, acho que a tend�ncia ser� apelar � soberania e ao patriotismo. Mas, se discursar pensando em realmente mudar os h�bitos dos grandes poderes, ela ter� de ser menos veemente e mais comedida, oferecendo solu��es efetivas de m�dio e longo prazo.
E como ela poder� fazer isso?
Isso n�o ser� f�cil, at� porque os poderes maiores acreditam que a espionagem � cont�nua e, de certa forma, esperada. Portanto, h� uma grande chance de as solu��es oferecidas por poderes emergentes, como o Brasil, serem vistas como ing�nuas ou irrealistas. Equilibrar o discurso para conseguir convencer as duas plateias ser� dif�cil, especialmente com a aproxima��o do ano eleitoral no Brasil e o fato de o foco das aten��es na ONU estar na S�ria e no Ir�. N�o me surpreenderia, portanto, se o discurso acabasse sendo muito mais focado em atender �s necessidades pol�ticas imediatas da presidente no Brasil.
Como seria um eventual encontro dela com o presidente Barack Obama?
Certamente, a presidente dever� buscar explica��es, e tenho a sensa��o de que ela agir� com pulso firme, pensando ativamente na repercuss�o que a cobertura do encontro ter� na pol�tica interna do Brasil. Mas tamb�m acho que os dois lados sabem que n�o h� ganhos sens�veis em extrapolar na discord�ncia: Obama n�o conseguir� dar todas as explica��es que o governo brasileiro gostaria de receber. Este, por sua vez, sabe que existem limites �quilo que o governo americano pode divulgar. (RT)