
O governo de Minas Gerais tende a esperar uma decis�o judicial para realizar a exuma��o do corpo do motorista do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Geraldo Ribeiro, morto em acidente automobil�stico em 1976, pr�ximo a Resende, no Rio de Janeiro. A per�cia foi pedida pela Comiss�o da Verdade de S�o Paulo, que investiga um suposto atentado a JK. Embora tenha assegurado que o Pal�cio da Liberdade dar� todo o suporte para o grupo, o secret�rio de Estado de Defesa Social, R�mulo Ferraz, afirmou ontem que ainda � preciso analisar se a comiss�o tem legitimidade para solicitar a exuma��o do corpo.
O grupo paulistano investiga a real causa de um orif�cio de 5 mil�metros de di�metro na cabe�a do motorista. Vers�o oficial diz que � uma decorr�ncia de esfarelamento �sseo, mas a suspeita da comiss�o paulistana � de que seja de uma bala de uso exclusivo do Ex�rcito. “Ainda estamos aguardando uma manifesta��o da comiss�o de S�o Paulo. Temos que ver se juridicamente eles t�m esse poder para solicitar a exuma��o ou s� por uma ordem judicial”, argumentou o secret�rio. O grupo j� estuda um caminho judicial para garantir a exuma��o.
Em 1996 foi feita uma exuma��o no corpo do motorista do ex-presidente, quando foi encontrado o orif�cio em seu cr�nio. Na ocasi�o, o estudo foi realizado com autoriza��o judicial, j� que a fam�lia n�o havia concordado com o ato. Segundo R�mulo Ferraz, na semana passada ele conversou com o profissional que realizou a per�cia no fragmento met�lico encontrado no cr�nio de Geraldo Ribeiro, e n�o restou d�vidas de que se trata de um peda�o de prego do caix�o.
“A per�cia realizada aqui foi muito detalhada e n�o constatou perfura��o por arma de fogo. Ele (o perito) foi muito firme no sentido de que o objeto n�o cont�m chumbo. Na �poca, os recursos tecnol�gicos eram outros, hoje ter�amos maiores atributos, mas o perito foi muito tranquilo naquela convic��o formada na �poca”, contou Ferraz. Opini�o diferente tem o ex-vereador de Belo Horizonte Betinho Duarte, empossado ontem � tarde para integrar a Comiss�o da Verdade de Minas Gerais.
Assessor especial de grupo semelhante da se��o mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Betinho participou da elabora��o de um inqu�rito de 2.629 p�ginas que investigou a morte do ex-presidente e que concluiu que houve assassinato. “O motorista j� teve o corpo exumado e no cr�nio tem algo que d� para ver que n�o � prego, � um metal. A exuma��o � de fundamental import�ncia”, defendeu. Para ele, n�o � necess�ria uma decis�o judicial para a opera��o. Bastaria a autoriza��o dos familiares do motorista.
Minas Cinco dos sete integrantes da Comiss�o da Verdade de Minas Gerais foram empossados ontem � tarde pelo governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB). Em r�pido discurso, ele afirmou que o grupo ter� uma miss�o humanit�ria e agradeceu a disposi��o de dedicar parte do tempo ao trabalho, que n�o � remunerado. O grupo ter� dois anos para acompanhar e subsidiar a Comiss�o Nacional da Verdade nos exames e esclarecimentos sobre as viola��es dos direitos fundamentais praticadas entre 1946 e 1988. Ele vai buscar dados tamb�m sobre o desaparecimento e morte de 66 militantes pol�ticos mineiros.
O primeiro caso a ser investigado pelo grupo � o chamado massacre de Ipatinga, que faz 50 anos em 7 outubro. Nesse dia, os integrantes da comiss�o v�o se reunir na cidade com os membros da Comiss�o Nacional da Verdade nacional para tentar apurar a morte de pelo menos oito funcion�rios da Usiminas, durante um movimento grevista.