Bras�lia – Um batalh�o de 55 milh�es de eleitores tira o sono dos candidatos � Presid�ncia da Rep�blica em 2014 e dos respectivos marqueteiros e estrategistas das campanhas. Esse contingente, maior que as popula��es da Espanha, do Canad� e da Argentina e quase do tamanho da It�lia, corresponde aos 40% de eleitores brasileiros que n�o est�o definidos quanto a um partido pol�tico ou um candidato apoiado por grupos espec�ficos. Eles trocam um nome por outro, ou atrasam a defini��o sobre quem apoiar�o, em busca do candidato que atender� os anseios e as expectativas particulares.
Alguns fatores concretos podem ajudar a sedimentar o apoio do eleitorado, como, por exemplo, a indica��o do candidato por um padrinho famoso. Foi o caso de Luiz In�cio Lula da Silva em rela��o a Dilma Rousseff. A composi��o dos palanques regionais tamb�m pesa (veja p�gina 10), ou at� mesmo uma sugest�o de �ltima hora feita por um amigo. Em 2010, por exemplo, 8% dos eleitores confirmaram que escolheram o candidato no momento em que estavam na fila de vota��o.
A flexibilidade � a marca do voto desse eleitorado. Especialistas em elei��es acreditam que esse p�blico estava com Lula em 2006, mas o abandonou ap�s o esc�ndalo dos “aloprados” (quando petistas foram presos em setembro daquele ano ao comprar um suposto dossi� contra o tucano Jos� Serra), for�ando a realiza��o de um segundo turno. Esses mesmo eleitores voltaram a apoiar Lula, mas o petista teve que enfrentar mais um m�s de campanha contra o tucano Geraldo Alckmin. Em 2008, os independentes afastaram-se do t�cnico M�rcio Lacerda (PSB) – que concorria � Prefeitura de Belo Horizonte – e chegaram a flertar com o principal advers�rio, Leonardo Quint�o (PMDB). N�o aprovaram as propostas do peemedebista e voltaram para Lacerda.
Os analistas est�o convictos de que esses eleitores independentes definir�o o rumo da corrida presidencial de 2014. Eles representam cerca de 40% do eleitorado nacional, mais do que tem o PT, que geralmente soma cerca de 30% dos votos das disputas em diversos n�veis, e o PSDB – que costuma largar com margem inicial de 25%. Os 5% restantes costumam se dividir entre votos brancos e nulos.
Programas sociais Embora esses percentuais estejam espalhados por diversos n�veis sociais, n�o � exagero dizer que a vota��o do PT se concentra nos centros urbanos e nas periferias e se entranhou tamb�m nos grot�es brasileiros, sobretudo ap�s a multiplica��o de programas sociais, como Bolsa-Fam�lia, o Minha Casa, Minha Vida, o Luz para Todos e o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), destinado a pequenos produtores rurais. Esses grupos tendem a votar no governo caso n�o haja grandes mudan�as de rumo administrativo, em especial nas pol�ticas de assist�ncia.
O PSDB divide um pouco desse eleitorado com o PT – com uma presen�a menos forte no interior do pa�s –, mas seus simpatizantes defendem um estado mais liberal, com um perfil de gest�o descentralizado e com impostos menores.
J� o grupo considerado independente passa, quase em sua maioria, pelas pessoas que t�m mais informa��o para escolher os candidatos. Tamb�m encontram-se nessa parcela de eleitores, segundo a opini�o de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, os mais jovens, ainda n�o influenciados pela polariza��o entre tucanos e petistas. Esse p�blico ganhou peso ainda maior ap�s as manifesta��es de junho e ter� aten��o especial dos marqueteiros durante a fase de campanha em 2014.
Ao menos na teoria, a ex-senadora Marina Silva sai na frente dos rivais em rela��o a esses eleitores, pois passou a imagem de ter uma forma diferente de fazer pol�tica, apesar de ter se filiado ao PSB ap�s a Justi�a Eleitoral negar o registro do Rede, no in�cio do m�s. “Mas a petista Dilma Rousseff e o tucano A�cio Neves t�m estrutura e capacidade de virar esse jogo, ainda favor�vel � ex-senadora”, disse o diretor de um instituto de pesquisas que preferiu n�o se identificar.
"Esses eleitores s�o muito mais exigentes, esperam para ouvir as propostas de cada um e analisam com cuidado tudo o que ouvem. � preciso mais sofistica��o para convenc�-los”
Paulo Teixeira, deputado federal e secret�rio-geral do PT
