Um epis�dio ocorrido em 29 de mar�o de 1972, quando tr�s guerrilheiros da organiza��o VAR-Palmares foram mortos por for�as da repress�o militar, foi detalhado nesta ter�a-feira, em sess�o da Comiss�o da Verdade do Rio (CEV-Rio) presidida pelo advogado Wadih Damous. Ap�s pesquisas no Arquivo P�blico do estado e entrevistas com vizinhos de militantes do grupo, membros da comiss�o conseguiram reconstituir o epis�dio, que ficou conhecido como Chacina de Quintino, em refer�ncia ao bairro onde os guerrilherios foram mortos.
De acordo com a vers�o oficial dos militares, Antonio Marcos Pinto de Oliveira, Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo e L�gia Maria Salgado N�brega morreram durante uma troca de tiros com agentes do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops) e do Destacamento de Opera��es de Informa��es-Centro de Opera��es de Defesa Interna do Ex�rcito (DOI-Codi).
A pesquisa hist�rica permitiu, por�m, que os membros da comiss�o remontassem os fatos, mostrando que os jovens foram executados ap�s sofrerem viol�ncia dentro da casa, que ficava na ent�o Avenida Suburbana, 8.985, atual Avenida Dom H�lder C�mara. Na �poca, era comum integrantes de grupos pol�ticos de resist�ncia ao regime militar alugarem im�veis, denominados aparelhos, onde se refugiavam, mantinham suas atividades e produziam material de divulga��o.
Entre os documentos fundamentais obtidos pela CEV-Rio, est�o os laudos do Instituto M�dico Legal (IML) e o depoimento do m�dico legista Valdecir Tagliare, que assinou a certid�o de �bito das v�timas. Segundo a comiss�o, o m�dico atestou que “os corpos eram jovens demais, [estavam] bem vestidos, [e eram] visivelmente de classe m�dia”. Conforme o documento do legista, houve esmagamento total das m�os e parte dos bra�os, o que comprovaria os golpes causados “por armamento pesado”.
Diferentemente da vers�o oficial dos �rg�os de seguran�a da �poca, de que houve troca de tiros, o que ocorreu foi uma a��o unilateral, uma execu��o sum�ria de militantes da organiza��o VAR-Palmares, afirmou Wadih Damous. "Os militantes foram executados. Uma delas, que estava gr�vida, saiu da casa com as m�os na cabe�a e foi sumariamente executada. Pela primeira vez, uma Comiss�o da Verdade consegue, documentalmente e com base em testemunhos de vizinhos, desmontar essa farsa da ditadura”, disse ele.
Participaram da audi�ncia p�blica parentes e amigos das v�timas, al�m de ex-integrantes de grupos que atuaram na clandestinidade durante a ditadura, estudantes e defensores dos direitos humanos. Irm�os e filhos dos militantes deram depoimentos sobre eles. De manh�, alguns deles foram ao local da chacina, onde acenderam velas e rezaram pelos mortos.