
O Congresso homenageou nessa ter�a-feira o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva por ter participado da elabora��o da Constitui��o de 1988, embora ele tenha feito parte do grupo de petistas que, na �poca, votou contra o texto aprovado. Em discurso durante o evento em que recebeu a Medalha Ulysses Guimar�es, Lula admitiu que a vers�o do PT para a Carta Magna n�o era a melhor e que ele teria dificuldades para governar o pa�s, caso tivesse sido aprovada. O ex-presidente aproveitou ainda para defender a pol�tica organizada em uma tentativa de atrair a simpatia dos manifestantes de junho para o PT.
“Muitas vezes dizem que o PT n�o assinou a Constitui��o — e uma mentira contada muitas vezes ganha fundo de verdade. (...) N�s s� t�nhamos 16 deputados, mas ag�amos como se tiv�ssemos 470. Chegamos aqui com um projeto de Constitui��o e de regimento interno. (...) N�o votamos favoravelmente, porque t�nhamos o nosso projeto e assinamos a Constitui��o porque participamos da constru��o”, justificou-se.
O ex-presidente tamb�m elogiou Sarney, ent�o presidente da Rep�blica, com quem teve embates. “Mesmo quando o senhor era afrontado dentro do Congresso Nacional, o senhor n�o levantou um �nico dedo ou disse uma �nica palavra para criar qualquer dificuldade para os trabalhos da Constituinte, que, certamente, foi o trabalho mais extraordin�rio que o Congresso Nacional j� viveu.”
Nova pol�tica
No discurso, Lula refor�ou v�rias vezes a import�ncia da pol�tica. “Na hora em que as pessoas tentam diminuir a imagem da pol�tica e dos pol�ticos, n�o h� nenhum momento na hist�ria, em lugar nenhum do mundo, que a nega��o da pol�tica trouxe algo melhor do que a pol�tica”, disse, acrescentando que a imprensa a “avacalha” com manchetes de den�ncias. Na avalia��o de correligion�rios, o recado teve dois alvos: a ex-senadora Marina Silva (PSB) e, consequentemente, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e os chamados black blocs (que se posicionam contrariamente a partidos pol�ticos). Os manifestantes de junho tamb�m s�o alvo de Marina e Campos, que pretendem atra�-los com o discurso em prol da “nova pol�tica”.
Mais tarde, Lula foi tamb�m homenageado pela C�mara dos Deputados, com a medalha de “suprema distin��o” pela atua��o pol�tica. No discurso, ele fez afagos aos parlamentares, dizendo que, mesmo quando votam contrariamente ao que o Pal�cio do Planalto deseja, podem estar, na verdade, melhorando o texto. (Colaborou Daniela Garcia)
Mem�ria
Os 300 picaretas
A homenagem que Lula recebeu nessa ter�a-feira contrasta com um epis�dio ocorrido h� exatamente 20 anos, durante o governo Itamar Franco. Em 1993, quando o pa�s foi sacudido pelo esc�ndalo dos An�es do Or�amento, em que parlamentares promoveram negociatas com recursos federais, Luiz In�cio Lula da Silva declarou que havia no Congresso uma minoria que se preocupava e trabalhava pelo pa�s, mas havia uma maioria de uns 300 picaretas que defendiam apenas seus pr�prios interesses. Algum tempo depois, Herbert Vianna comp�s uma m�sica que fez sucesso em todo o pa�s intitulada Lu�s In�cio (300 picaretas).