Bras�lia - Ao pre�o que um brasiliense paga por 40 croissants ou 12 quilos de p�o franc�s na melhor padaria da capital federal, eleita por guias locais, o Itamaraty serve apenas um diplomata ou chefe de Estado num caf� da manh�. S�o R$ 159 para alimentar uma pessoa com biscoitos, bolos, sucos e frutas. O valor consta de relat�rio do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), que aponta gastos exorbitantes com refei��es em coquet�is e eventos.
Os auditores compararam os pre�os com os praticados pelo Senado, casa tradicionalmente pouco parcimoniosa, que contrata servi�os semelhantes.
Dos 42 itens analisados, todos foram mais caros no Itamaraty, que pagou at� 430% mais.
Enquanto o caf� de um diplomata sai a R$ 159 em evento para at� 14 pessoas, no Legislativo custa R$ 30. Por um almo�o ou jantar � francesa, o Itamaraty paga R$ 237 por pessoa, ante R$ 120 no Legislativo. A conta n�o inclui bebidas alco�licas. � dinheiro suficiente para bancar, ao pre�o m�dio de R$ 127, couvert, entrada, prato principal e sobremesa no Gero, do Grupo Fasano, um dos restaurantes mais prestigiados de Bras�lia.
Os eventos da diplomacia costumam ser requintados e variados. Num jantar, por exemplo, o cerimonial pode escolher como prato principal um entre 22 op��es, a exemplo de medalh�es de lagosta ao molho de manteiga queimada ou perdizes recheadas.
Para o TCU, mesmo tanta sofistica��o n�o explica as cifras. “A despeito de reconhecer a import�ncia da qualidade, entendo que esse argumento n�o � v�lido ao ponto de justificar as diferen�as de pre�o”, avaliou o relator do processo, ministro Benjamin Zymler. Em decis�o aprovada quarta-feira, a corte de contas determinou mudan�as, entre elas a compara��o com os contratos de outros �rg�os.
Segundo a auditoria, a licita��o aberta pelo Itamaraty restringiu a participa��o de empresas. Cota��o superestimada elevou o pre�o de refer�ncia do preg�o (R$ 2,6 milh�es). A Di Gagliardi venceu com proposta de R$ 2,1 milh�es. Mas os valores das refei��es foram mais altos do que os apresentados pela empresa em consulta pr�via do Itamaraty antes do certame.
Em nota, o Itamaraty alegou que os card�pios requerem ingredientes “da mais alta qualidade” e que “obede�am �s peculiaridades culturais das delega��es, justamente por serem organizados para altas autoridades estrangeiras”. Afirma ainda que quest�o igualmente importante � a exig�ncia de requisitos como buf� com estrutura de grande porte, n�o raro para servir mais de 300 pessoas, e treinamento para profissionais como chefe de cozinha e gar�ons. A Di Gagliardi informou ter participado de preg�o, ganhando com menor pre�o e na legalidade.