O prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad (PT), pediu "cuidado" com os vazamentos de escutas, ao comentar as grava��es telef�nicas que citam uma suposta doa��o eleitoral de R$ 200 mil ao atual secret�rio de Governo, Antonio Donato. "Temos que tomar uma s�rie de cuidados", disse Haddad, em entrevista � R�dio Estad�o nesta segunda-feira, 04. "A escuta contra o Donato diz de uma doa��o para a campanha dele de 2008. Ora, uma pessoa que doa esse volume de recurso para uma campanha de vereador de 2008 n�o mant�m contato com esse vereador?", questionou.
Uma escuta telef�nica revelada pelo programa Fant�stico, da Rede Globo, cita o secret�rio de Governo de Haddad, que teria recebido o valor do auditor Luis Alexandre Camargo Magalh�es. O auditor � um dos quatro servidores da Prefeitura presos na semana passada acusados de formar um esquema de propinas para permitir sonega��o de impostos na gest�o Gilberto Kassab (PSD).
O prefeito disse que esteve com Donato duas vezes no domingo. "Ele diz o seguinte: como � que uma pessoa que participou da minha campanha em 2008 com esse volume de recurso, que � compat�vel s� com grandes empresas, como uma pessoa f�sica pode fazer esse tipo de doa��o e perder contato com voc�, n�o ter nenhum grau de relacionamento, amizade, familiaridade", contou o prefeito.
Haddad afirmou que Donato disse ainda ter sido procurado pelos envolvidos no esquema de propina. Eles disseram estar sendo perseguidos pela Controladoria Geral do Munic�pio. O secret�rio teria respondido que n�o haveria condescend�ncia, mas que caso n�o tivessem cometido erros n�o precisariam se preocupar porque n�o haveria persegui��o pol�tica.
"Com toda a determina��o, com toda a transpar�ncia, temos que, sobretudo nesse momento, levar em considera��o tudo que vier � tona para pisar em solo firme e conseguir punir quem realmente tenha que ser punido", disse o prefeito.
Ele mencionou, durante a entrevista, uma escuta que apontava que a sala usada para cobran�a de propina seria do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). "Est�vamos investigando isso e descobrimos que a sala n�o era do prefeito Kassab. A sala era alugada de uma entidade filantr�pica pelo irm�o do secret�rio Rodrigo Garcia, do governo do Estado", disse Haddad. "Ent�o n�o tem nada a ver, aparentemente, com o prefeito Kassab, e a escuta diz que a sala era do prefeito Kassab", afirmou Haddad, utilizando o caso como exemplo para refor�ar que as escutas precisam de investiga��o.
Esquema de propina
Na entrevista � R�dio Estad�o, Haddad enalteceu o papel da Controladoria Geral do Munic�pio nas investiga��es e disse ter esperan�a de recuperar os recursos desviados dos cofres da Prefeitura. "Tenho muita esperan�a em receber esses recursos de volta por duas raz�es: os bens est�o bloqueados. J� tem R$ 80 milh�es em patrim�nio imobili�rio que est�o bloqueados", disse. A segunda raz�o seria a colabora��o e o desembolso das construtoras envolvidas no esquema. "N�o � porque pagou propina chantageado que n�o vai pagar o que deve ao munic�pio. Vamos chamar as empresas que colaborarem com as investiga��es para fazer os dep�sitos do que devem."
"Conseguimos identificar um n�cleo de corrup��o na c�pula da Secretaria de Finan�as que operou pelo menos de 2009 a 2012, podendo ter come�ado antes, e que deu um rombo para os cofres p�blicos de centenas de milh�es de reais", reiterou o prefeito. Ele apontou ainda que acredita que o caso ter� "mais novidades". "Esse caso � enorme, de propor��es que nem n�s acredit�vamos que fosse poss�vel."