Bras�lia - Seis deputados federais de S�o Paulo direcionaram ao menos R$ 5,9 milh�es para obras tocadas por empresas acusadas de envolvimento na chamada M�fia do Asfalto. Documentos obtidos pelo Estado mostram o esfor�o dos congressistas para que os minist�rios das Cidades e do Turismo liberassem dinheiro de emendas do Or�amento a munic�pios que, mais tarde, contratariam as empreiteiras Demop Participa��es e Scamatti & Seller Infraestrutura - em muitos casos, com dispensa de licita��o.
Esses mesmos seis deputados federais que se esfor�aram para destinar as emendas a obras do interior paulista s�o citados em planilhas apreendidas pela Pol�cia Federal em posse de um contador do grupo acusado e do empreiteiro Ol�vio Scamatti, s�cio das empresas e apontado como chefe do esquema suspeito de atuar em 78 munic�pios.
O documento secreto do empreiteiro sugere pagamentos mensais, entre 2011 e 2013, para pol�ticos e servidores p�blicos. Para o Minist�rio P�blico paulista, as anota��es sugerem um “indicativo de pagamento de propina”. A maioria das emendas foi proposta nesse mesmo per�odo.
Cinco dos seis deputados que destinaram as emendas a obras tocadas por empreiteiras investigadas negaram qualquer irregularidade no procedimento. Um dos congressistas n�o respondeu aos pedidos de entrevista.
‘Guarda-chuva’
Para direcionar os recursos do Or�amento da Uni�o, os deputados apresentaram primeiro as chamadas emendas “guarda-chuva” - que especificam apenas o tipo de investimento a ser feito, sem dizer exatamente onde o dinheiro precisa ser gasto.
Depois, enviaram of�cios aos minist�rios das Cidades ou Turismo pedindo que o dinheiro fosse liberado para os munic�pios, comandados por seus aliados pol�ticos. As prefeituras, ent�o, contrataram as empresas do grupo Scamatti.
S� o deputado Devanir Ribeiro (PT) pediu o repasse de pelo menos R$ 2,7 milh�es para tr�s cidades paulistas. Num dos of�cios, de 2011, direcionou R$ 2,4 milh�es do or�amento do Turismo para pavimentar um anel vi�rio no munic�pio de Adolfo. No ano seguinte, a prefeitura da cidade firmou contrato com a Demop por R$ 2,6 milh�es.
O petista teria recebido R$ 45 mil em agosto e novembro de 2011, segundo as anota��es na planilha apreendida pela Pol�cia Federal. Ele � citado em conversas dos irm�os Scamatti, nas quais tratam de valores.
Outro citado, Jefferson Campos (PSD) pediu �s Cidades e ao Turismo o envio de mais R$ 2 milh�es para obras tocadas pela Demop e a Scamatti & Seller em Ibir�, Oswaldo Cruz e Andradina. Com base na planilha, o Minist�rio P�blico v� “ind�cio” de pagamento de propina a ele, no valor de R$ 97 mil, entre abril e maio do mesmo ano.
‘Amigo’
Tamb�m fizeram gest�es junto aos dois minist�rios Eleuses Paiva (PSD), padrinho de R$ 300 mil para Jales; e Jo�o Dado (SDD), que destacou R$ 573,3 mil para o mesmo munic�pio, Santa Albertina e Ouroeste. Os dois tamb�m s�o citados na planilha. “Senhor prefeito e amigo”, oficiou Dado em fevereiro de 2010 ao prefeito Humberto Parini, de Jales, acrescentando que seu mandato seria “exercido e compartilhado em conson�ncia com a prof�cua gest�o” do administrador local. C�ndido Vaccarezza (PT) pediu o envio de R$ 505 mil para Lav�nia, Hercul�ndia e Auriflama.
J� o l�der do governo na C�mara, Arlindo Chinaglia (PT), indicou R$ 150 mil para obras em Guzol�ndia. “Venho solicitar provid�ncias no sentido de destinar recursos da emenda de minha autoria para o munic�pio”, escreveu ele ao Turismo, em 13 de abril de 2011. No ano seguinte, a Demop assinou contrato de R$ 130,9 mil com a prefeitura da cidade para recapear v�rias ruas e instalar sinaliza��o tur�stica. Segundo os documento, Chinaglia teria sido benefici�rio de R$ 40 mil em 2011 e Vaccarezza, de R$ 355 mil entre 2011 e 2012.