Roma - A fuga de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e condenado a 12 anos de pris�o pelo envolvimento no mensal�o, deixou o pa�s em um impasse jur�dico e diplom�tico. O governo brasileiro, por meio do Minist�rio da Justi�a e da Pol�cia Federal, tem feito press�es e cobrado explica��es, segundo relatam autoridades italianas.
Sem ter a confirma��o oficial da presen�a de Pizzolato na It�lia, o governo brasileiro, por sua vez, se v� impedido de solicitar a extradi��o do ex-diretor. Nos contatos entre os governos, autoridades italianas afirmaram que n�o encontraram nenhum im�vel em nome do ex-diretor do Banco do Brasil e nem registros de que ele tenha se hospedado em algum hotel.
Publicamente, o governo da It�lia se recusa a dar informa��es sobre o assunto. A chancelaria, o Minist�rio da Justi�a e o Minist�rio do Interior adotaram uma pol�tica de impedir que qualquer informa��o seja divulgada. Ap�s seis dias do an�ncio da fuga de Pizzolato, mesmo a entrada do ex-diretor do BB no pa�s europeu tamb�m n�o foi confirmada. N�o h� explica��es sobre como Pizzolato teria obtido um novo documento que lhe permitiu pegar um avi�o - supostamente em Buenos Aires - e entrar em territ�rio italiano.
Provis�rio
Nessa quarta-feira, amigos do ex-diretor confirmaram ao Estado que o documento era um passaporte provis�rio, mas tamb�m n�o esclareceram a sua origem. O sil�ncio italiano come�a a criar mal-estar entre os dois pa�ses.
Diante dessa situa��o, a deputada brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno, enviou um pedido oficial para que o vice-primeiro-ministro Angelino Alfano, explique a situa��o. Como deputada, o cargo a permite oficializar um pedido de informa��o. Mas, at� ontem, n�o havia recebido nenhuma resposta. Ao Estado, ela garantiu que vai pedir na semana que vem um encontro com o ministro. “Vivemos um impasse mesmo”, disse. “Precisamos saber o que est� ocorrendo exatamente.”
No Brasil, a Procuradoria-Geral da Rep�blica pediu que o Supremo Tribunal Federal atue no caso e deu tr�s alternativas: extradi��o, cumprimento da pena na It�lia ou novo julgamento. Mas ainda n�o houve gest�o entre as diplomacias dos dois pa�ses e o caso j� � considerado na chancelaria em Bras�lia como algo que levar� “meses” para ser solucionado. Se oficialmente o governo italiano se recusa a comentar o caso, nos bastidores as autoridades em Roma apontam que cabe ao Brasil “cuidar de suas fronteiras”.
No governo italiano, a percep��o � a de que a obten��o de um documento de viagem teria sido um trabalho relativamente f�cil para Pizzolato. Ontem, o Estado revelou que as autoridades italianas sabiam da situa��o que vivia o ex-diretor do Banco do Brasil que, depois de percorrer o Paraguai e Argentina teria conseguido embarcar para a Europa.
Segundo as regras oficiais da chancelaria italiana, um documento tempor�rio pode ser fornecido a um italiano, mesmo que ele n�o tenha o passaporte original e at� mesmo sem um documento da pol�cia informando que ele teria sido assaltado.
Pizzolato entregou seus passaportes (brasileiro e italiano) para a Pol�cia Federal no Brasil. Mas, para obter o documento provis�rio italiano, o condenado precisaria apenas de duas fotos e um documento que o identificasse: cart�o do plano de sa�de, carteira de motorista ou apenas um RG. O informe da pol�cia � exigido pelos italianos apenas “quando poss�vel”. A emiss�o � feita por representa��o diplom�tica italiana.
Enquanto o impasse prevalece, a �nica a��o do governo brasileiro � a insist�ncia em deixar claro que n�o vai aceitar que a It�lia fa�a qualquer tipo de conex�o entre o caso de Pizzolato e de Cesare Battisti, ex-terrorista que recebeu status de refugiado no Brasil apesar de ter sido condenado na It�lia por assassinato.
Em Bras�lia, o governo tem j� tentado abafar ou minimizar qualquer tipo de declara��o que aponte nesse sentido, chamando at� mesmo a possibilidade de “oportunismo”.
No Senado italiano, o representante eleito pela Am�rica Latina, o brasileiro Fausto Longo, tamb�m refor�ou esse ponto. “Os Estados e os governos s�o regidos pela lei”, afirmou, alertando contra “solu��es pol�ticas”. Ele defendeu que o Senado insista que o direito seja respeitado. “As decis�es devem ser t�cnicas , respeitando o sistema jur�dico italiano. � um erro supor que, na It�lia , voc� pode responder com atos pol�ticos”, disse.