Em nova tentativa de sair da defensiva ap�s a pris�o dos condenados do mensal�o, o PT critica agora a exig�ncia de um “presidencialismo de coaliz�o” pelo atual sistema pol�tico-eleitoral. Na avalia��o do partido, esse modelo “favorece a corrup��o e corr�i o conte�do program�tico da a��o governamental”.
Documento a ser apresentado no 5º Congresso do PT, de 12 a 14 de dezembro, em Bras�lia, diz que o sistema pol�tico de hoje, com financiamento privado de campanha, � uma “camisa de for�a” a impedir transforma��es mais profundas.
Na esteira do julgamento do Supremo Tribunal Federal, o PT tamb�m abre ofensiva contra o Judici�rio. No texto, o sistema judicial � definido como “lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados”.
Escrito pelo assessor especial da Presid�ncia, Marco Aur�lio Garcia, o documento preliminar do PT ainda poder� receber emendas e servir� de base para o debate sobre os rumos do partido e do governo, no megaencontro de dezembro.
Com 14 p�ginas, o texto faz uma autocr�tica do que chama de “burocratiza��o do PT” ao longo dos quase onze anos de governo e indica o mote da campanha da presidente Dilma Rousseff � reelei��o, em 2014: “Nunca menos”.
“Quando sa�mos da noite da ditadura, soubemos dizer ‘Nunca Mais!’. Agora, depois de uma d�cada de grandes transforma��es, afirmamos ‘Nunca Menos!’”, diz um dos trechos.
Prisioneiro Ao abordar a trajet�ria do PT ap�s a chegada ao Pal�cio do Planalto, em 2003, o partido afirma n�o ter conseguido construir uma narrativa de sua experi�ncia ao longo desse per�odo, ficando “prisioneiro” de um sistema eleitoral contaminado. Apesar dessa pondera��o, os petistas dizem ser preciso evitar a “autocomplac�ncia”. O termo “mensal�o” n�o � citado em nenhum momento.
“N�o � f�cil para o partido (...) realizar a complexa tarefa de apoiar seu governo e, ao mesmo tempo, empurr�-lo para al�m dos limites que lhes imp�em a conjuntura e institui��es, muitas vezes arcaicas. (...) Embora cr�tico � concilia��o que tem marcado a hist�ria do Brasil (...), o partido � ainda prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrup��o e de uma atividade parlamentar que dificulta a mudan�a.”
� exatamente nesse trecho que o PT trata dos entraves de uma alian�a ampla e prega a convoca��o de um plebiscito para a reforma pol�tica, medida at� hoje n�o aprovada pelo Congresso. “Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema pol�tico brasileiro, verdadeira camisa de for�a que impede transforma��es mais profundas e imp�e um ‘presidencialismo de coaliz�o’, que corr�i o conte�do program�tico da a��o governamental”, afirma o texto.
O governo Dilma tem hoje 17 partidos aliados, que ocupam cargos em minist�rios e dividem poder em estatais. A maior briga do PT � com o PMDB do vice-presidente, Michel Temer.
O documento do PT j� sofreu altera��es de reda��o de julho at� agora. Ao pregar o plebiscito para a reforma pol�tica, por exemplo, a primeira vers�o do texto falava na necessidade de “refunda��o” constitucional. O termo foi substitu�do por “mudan�a”. Motivo: na �ltima reuni�o do Diret�rio Nacional, realizada no dia 18, em S�o Paulo, dirigentes alegaram que “refunda��o” foi uma palavra usada pelo ent�o presidente do PT, Tarso Genro - hoje governador do Rio Grande do Sul -, ap�s o esc�ndalo do mensal�o, em 2005.