PSDB e PT ampliam bate-boca sobre investiga��o do cartel de trens em S�o Paulo

Bras�lia – Petistas e tucanos baixaram ainda mais o n�vel ontem na troca de acusa��es por conta das investiga��es do cartel dos trens em S�o Paulo. Os dois lados intensificaram os ataques pol�ticos e trocaram promessas de processos judiciais m�tuos por inj�ria, cal�nia e difama��o. Ao tornar a discuss�o rasteira, os dois contendores praticamente deixaram de lado o cerne central da quest�o: o PSDB paulista n�o explica as den�ncias de corrup��o em seu governo e o PT n�o esclarece quem adulterou os documentos em ingl�s e portugu�s supostamente escritos pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinhemer.

Na ess�ncia, resumir o debate � disputa eleitoral de 2014 � uma sa�da c�moda para os dois partidos. Pelo lado tucano, o imbr�glio serviria para ocultar alguns itens que surgiram no inqu�rito original. O primeiro ponto seria o fato de a Siemens ter confessado a atua��o em um cartel iniciado em 1998 e que durou at� 2008, ao lado de outras empresas como a Alstom, a Bombardier, a CAF e a Mitsui. Al�m disso, a Su��a condenou um ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) Jo�o Roberto Zaniboni por lavar dinheiro de corrup��o. O terceiro ponto � que o ex-chefe da Casa Civil do governo de M�rio Covas Robson Marinho teve uma conta bloqueada na Su��a por suspeita de recebimento de propina.

No caso do PT e do ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, est�o sem resposta quem seria o autor das vers�es contradit�rias das cartas de Everton em ingl�s e portugu�s, as raz�es pelas quais o ministro n�o registrou oficialmente a den�ncia feita pelo deputado estadual Sim�o Pedro (PT-SP) e por que, ao perceber o aparecimento de nomes com foro privilegiado, Cardozo n�o remeteu a den�ncia diretamente para o Supremo Tribunal Federal, optando por encaminh�-la � Pol�cia Federal.

Justi�a

Cada vez mais pressionado, Cardozo convocou entrevista coletiva para avisar que, a despeito de princ�pios pessoais, vai processar pol�ticos ou advers�rios que dirigirem ataques pessoais a ele. “Chamaram-me de sonso, chefe de quadrilha e vigarista. Se um ministro da Justi�a n�o defender o cargo que ocupa, n�o merece ocupar este cargo”, declarou. Um dos poss�veis alvos dos processos, o secret�rio de Energia de S�o Paulo, Jos� An�bal, garante n�o estar preocupado. “Eu � que vou process�-lo. O ministro est� agindo como chefe dos aloprados. Ele � o novo Z� do PT”, afirmou, em uma refer�ncia indireta ao deputado federal Jos� Genoino (PT-SP) e ao ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu, ambos presos e condenados no julgamento do processo do mensal�o.

O ministro da Justi�a chegou a acusar os integrantes do PSDB de estarem desconsiderando uma investiga��o que envolve diversos pa�ses, com uma s�rie de condena��es de executivos e pol�ticos, iniciada em 2007. “Est�o querendo politizar uma investiga��o que � t�cnica. Este caso n�o � apenas brasileiro, � mundial e est�o querendo resumi-lo a um debate pol�tico-eleitoral”, afirmou. Ele fez uma apresenta��o em power point para tentar demonstrar que o documento em portugu�s que incrimina pol�ticos do PSDB paulista n�o � uma tradu��o adulterada do original em ingl�s, mas outro relat�rio. O diret�rio estadual do PSDB paulista impetrou representa��o na Procuradoria Geral de Justi�a para solicitar a proced�ncia da carta que cita nomes do partido.

Em nota, o l�der do PSDB na C�mara, Carlos Sampaio (SP), afirma que o PT e o ministro da Justi�a est�o politizando o debate, com refer�ncias somente �s investiga��es sobre o sistema de trens de S�o Paulo. Segundo ele, com o documento encaminhado pelo ex-diretor Everton Rheinhemer ao ombudsman da Siemens na Alemanha, em 2008, ficaria claro que o problema n�o est� localizado apenas no sistema de transportes. Segundo o tucano, Everton garante que as pr�ticas delituosas tamb�m s�o comuns na distribui��o e transmiss�o de energia, gera��o de eletricidade e divis�o de sistemas m�dicos que lidam com companhias p�blicas.

Mem�ria

Origem incerta

As acusa��es contra pol�ticos tucanos vieram a p�blico ap�s a divulga��o de uma suposta den�ncia do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer que foi parar nas m�os da Pol�cia Federal. Nesse documento, inicialmente atribu�do ao ex-diretor, era apontada a "exist�ncia de um forte esquema de corrup��o no estado de S�o Paulo durante os governo (M�rio) Covas, (Geraldo) Alckmin e (Jos�) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". Rheinheimer negou a autoria da den�ncia. Embora um delegado da PF tenha escrito, em memorando, que recebeu as acusa��es do Cade, o ministro da Justi�a afirmou depois que obteve o depoimento das m�os do secret�rio de Servi�os da Prefeitura de S�o Paulo, o tamb�m petista Sim�o Pedro. O �rg�o respons�vel pela defesa da concorr�ncia, que investiga o cartel no mercado de trens denunciado pela Siemens, tem como presidente Vinicius Carvalho, que foi chefe de gabinete de Sim�o Pedro e que escondeu essa informa��o do seu curr�culo.