Para a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica (SDH), Maria do Ros�rio, o novo enterro repara uma d�vida hist�rica do Brasil com o passado. “Nosso objetivo � que o pa�s tenha conhecimento de todos os fatos que constituem a nossa hist�ria, a nossa viv�ncia nacional. O Estado cumpriu uma etapa para refor�ar a democracia”, disse a ministra momentos antes da partida do voo.
Na Base A�rea de Bras�lia, os restos mortais foram recebidos por militares das For�as Armadas e conduzidos para o avi�o da For�a A�rea, com destino � cidade natal de Jango, como era conhecido o ex-presidente. A cerim�nia foi acompanhada pela vi�va de Goulart, Maria Thereza Goulart, os filhos, Jo�o Vicente e Denize Goulart, e os netos de Jango.
“Estamos enterrando um pai pela segunda vez e estamos desenterrando uma luta, uma luta de dignidade, de sofrimento pelo Brasil. Temos certeza de que fizemos o que estava ao alcance da fam�lia para esclarecer uma verdade que permanece oculta”, disse Jo�o Vicente Goulart, filho do ex-presidente, referindo-se � investiga��o sobre a morte de Jango.
Em novembro, os restos mortais de Jango foram exumados com o objetivo de verificar as causas da morte do pol�tico. Cardiopata, ele teria sofrido um infarto, mas a aut�psia nunca ocorreu. A suspeita da fam�lia, que em 2007 solicitou ao Minist�rio P�blico Federal (MPF) a reabertura das investiga��es, � que Jango tivesse sido envenenado durante o ex�lio na Argentina.
A d�vida foi refor�ada por ind�cios que refor�aram a suspeita de que o ex-presidente tenha sido envenenado por agentes ligados � repress�o uruguaia e argentina, a mando do governo brasileiro, na chamada Opera��o Condor, a alian�a entre as ditaduras do Cone Sul para eliminar opositores al�m das fronteiras nacionais. O pedido de exuma��o foi aceito em maio deste ano pela Comiss�o Nacional da Verdade (CNV).
Ap�s a exuma��o, os restos mortais passar�o por exames antropol�gico (medi��o de ossada, tomografia e radiografia) e de DNA, para confirma��o de identidade. As amostras de cabelos, ossos e tecidos tamb�m passar�o por exame toxicol�gico, com o objetivo � verificar se houve envenenamento.
Ser�o procurados tra�os de rem�dios usados por Jango, al�m de subst�ncias que podem levar � morte. As amostras ser�o enviadas a laborat�rios no exterior, mantidos sob sigilo para n�o comprometer os resultados e a transpar�ncia do processo.
“Estamos cumprindo a responsabilidade que assumimos com a fam�lia, com a comunidade de S�o Borja e com o Brasil. Hoje � a data em que o presidente Jo�o Goulart veio a �bito, na Argentina, e n�s assumimos um compromisso de que [ap�s a exuma��o] os restos mortais seriam devolvidos nesta data para a comunidade”, destacou Maria do Ros�rio.
Em S�o Borja, haver� celebra��o religiosa na Igreja Matriz S�o Francisco, onde o povo da cidade, numa atitude de resist�ncia, velou o corpo do ex-presidente, apesar da press�o da ditadura. O novo enterro est� programado para as 16h, no Cemit�rio Jardim da Paz, no jazigo da fam�lia. No dia 14 de novembro, os restos mortais de Jo�o Goulart foram recebidos com honras militares, pela presidenta Dilma Rousseff, em cerim�nia que contou com a presen�a dos ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva, Jos� Sarney e Fernando Collor e no dia 20, em sess�o conjunta do Congresso Nacional foi anulada a se��o que dep�s o presidente Jango Goulart.