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Estado de Minas

Estilo centralizador de Dilma Rousseff atrasa decis�es e incomoda aliados

Dilma sofre com uma mania que, na realidade, tornou-se sua marca administrativa: a dificuldade em tomar decis�es.


postado em 08/12/2013 00:12 / atualizado em 08/12/2013 12:43

Bras�lia – Perto de terminar o terceiro ano de mandato e �s v�speras da campanha na qual buscar� a reelei��o ao Pal�cio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff corre para entregar o m�ximo de realiza��es poss�veis para o eleitorado e compensar os atrasos de obras que atormentam o Pal�cio do Planalto e alimentam as cr�ticas da oposi��o. Empossada em 2001 como a grande gerente capaz de destravar o pa�s, Dilma sofre com uma mania que, na verdade, tornou-se sua marca administrativa: a dificuldade – e a demora – em tomar decis�es pelo perfeccionismo e excesso de centralismo.


Um dos queridinhos da presidente e cotado como um dos poss�veis coordenadores da campanha pela reelei��o, o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, j� tinha dado a dica ao seu sucessor no Minist�rio de Ci�ncia e Tecnologia, Marco Ant�nio Raupp, quando lhe transmitiu o cargo, em janeiro de 2012. "Toda vez que voc� levar um programa, a primeira fase vai ser de espancamento do projeto. Ele vai ser desconstitu�do em todas as suas dimens�es e, se n�o estiver muito bem, consistente, voc� vai ouvir a seguinte express�o: 'Ele n�o fica de p�'". Como se j� n�o tivesse sido claro, o petista arrematou. "N�o insista. Voc� n�o vai convenc�-la. Vai perder tempo. Volte para casa, junte a equipe, trabalhe intensamente e volte a apresentar o projeto.”


Mercadante n�o estava sendo ir�nico, estava sendo sincero. Uma fonte ouvida pelo Estado de Minas e que j� participou de reuni�es de apresenta��es de projetos com a presidente lembra-se de uma bronca dada por ela a um ministro por uma coloca��o errada de uma v�rgula em um Powerpoint. "E n�o foi uma cr�tica simples, foi uma bronca com estofo", relembrou o interlocutor. Para ele, isso, inevitavelmente, cria resist�ncias na equipe na hora de apresentar sugest�es. "Conhe�o hist�rias de ministros que preferiam atrasar reuni�es e entrega de projetos por medo de ouvir gritos", prosseguiu.

Uma hist�ria famosa � a de um ministro que tinha toda uma argumenta��o amarrada para defender um determinado projeto. Acabou caindo em uma pegadinha da presidente. Ela indagou: "E esse ponto, o que voc� acha?". "Presidente, eu acho que…". Foi interrompido. "Voc� acha? Ent�o volte para o minist�rio e s� retorne quando tiver certeza.” O integrante do primeiro escal�o murchou.

Poucos questionam a compet�ncia e a seriedade com que Dilma acompanha as a��es de governo. O questionamento est� centrado na excessiva preocupa��o com quest�es secund�rias. "O que um presidente da Rep�blica tem de mais valioso � o tempo. E Dilma, em v�rias vezes, desperdi�a o seu tempo exercendo o papel de ministro ou assessor", avalia uma analista pol�tico que aprova o governo Dilma, mas preocupa-se com a demora na tomada de decis�es. "Esse centralismo trava o processo e passa a ser ruim para a m�quina", ponderou.

Inseguran�a Para esse interlocutor, o estilo Dilma tem duas vertentes: a primeira, j� dita, � o perfeccionismo. A segunda, menos explorada, a inseguran�a. A presidente tem dificuldades para delegar, � centralizadora, e demonstra pouca confian�a em seus assessores. "Se ela tivesse mais seguran�a no material entregue pelos seus subordinados, as idas e vindas de projetos certamente diminuiriam", apostou um analista.

Para ele, nem sempre o excesso de cuidado e a demora em decidir significam que o resultado final ser� o ideal. Cita, por exemplo, a recente decis�o do governo de reajustar os pre�os dos combust�veis para compensar o rombo no caixa da Petrobras. "Todo mundo sabia que isso precisava ser feito. Mas a decis�o foi t�o conturbada e demorada que, quando chegou, as a��es da Petrobras tinham ca�do quase 10%.” Outro exemplo foi no Programa Mais M�dicos, considerado um dos carros-chefe da campanha de Dilma em 2014. "O projeto tinha sido entregue pela equipe do ministro da Sa�de, Alexandre Padilha, no in�cio do ano. A presidente n�o comprou a proposta. Ap�s as manifesta��es de junho, o Mais M�dicos virou a solu��o para os nossos problemas", lembrou um analista pol�tico.

 

Alguns exemplos da demora de Dilma em tomar decis�es

» C�digo de Minera��o:
O governo discute desde o in�cio da atual gest�o as novas regras de pagamento de royalties pelas mineradoras. Depois de dois anos e meio de idas e vindas, o projeto finalmente foi encaminhado ao Congresso, mas ainda n�o andou.

» Reajustes dos combust�veis:
A Petrobras reclamava que precisava do aumento para compensar o d�ficit de caixa, mas o Minist�rio da Fazenda vetava com medo n�o s� da press�o inflacion�ria, mas, tamb�m, de adotar uma medida impopular. Quando decidiu, as a��es da estatal tinham despencado.

» Privatiza��es:
Dilma demorou a definir o modelo de concess�es de servi�os p�blicos, com idas e vindas no projeto e na taxa de retorno para as empresas. As primeiras privatiza��es de rodovias foram anunciadas em agosto de 2012. As ferrovias e os portos ainda est�o em busca de um modelo de explora��o pela iniciativa privada. 


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