Bras�lia – Em suas conversas com deputados e senadores de outros partidos, em especial, aliados do governo Dilma Rousseff, o presidente do PSDB, senador A�cio Neves (PSDB-MG) tem apresentado uma contabilidade potencial de votos para tentar convencer essas legendas a n�o apostar todas as fichas no PT em 2014. Na noite de quarta-feira, ele fez a mesma conta em um jantar com jornalistas em Bras�lia e deu ainda um motivo a mais para que os partidos se voltem para ele: a possibilidade de o PSDB ter o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, em seu palanque num eventual segundo turno. “Eduardo n�o conseguir� fazer uma campanha que n�o seja de oposi��o. N�o teria l�gica”, disse A�cio. “Se ambos estamos no campo oposicionista, se estamos negociando composi��es nos estados, creio que a converg�ncia � natural. N�s, naturalmente, o apoiar�amos. N�o vamos fazer isso porque acredito que estaremos no segundo turno”, completou.
O senador mineiro destacou ainda que a campanha de 2014 ter� um elemento que n�o apareceu em outras elei��es: conversas entre os oposicionistas. “Na campanha passada, isso n�o aconteceu”, diz ele, sem mencionar, entretanto, os nomes do ex-ministro Jos� Serra (PSDB-SP) e Marina Silva (PSB-AC). Feito isso, o senador tucano elencou as raz�es que lhe permitem acreditar que o embate final de 2014 ser� entre ele e a presidente da Rep�blica, Dilma Rousseff. Em primeiro lugar, ele considera poss�vel repetir a expressiva vota��o em Minas que o fez governador por dois mandatos e, depois, senador. “O PSDB � bem estruturado em S�o Paulo e est� bem posicionado no Sul”, diz, citando a perspectiva de reelei��o do governador do Paran�, Beto Richa. No Rio Grande do Sul, Dilma perdeu em 2010 e, dadas as dificuldades do atual governador, Tarso Genro (PT), o PSDB tem mais chances de tirar votos por ali.O Norte do pa�s, visto como um reduto petista intranspon�vel em 2010 – “no Amazonas foi 90% a 9%”, lembrou ele – n�o repetir�, na vis�o de A�cio, o mesmo percentual pr�-Dilma em 2014 porque, hoje, o prefeito de Manaus � o tucano Arthur Virgilio. “E no Par�, conquistamos a prefeitura de Bel�m”, completou, ao discorrer sobre a estrutura tucana pa�s afora.
De onde viria o candidato a vice da chapa tucana? A�cio apenas sorri e, eis que de repente, chega o senador Aloysio Nunes Ferreira, l�der do partido no Senado. Passou para dar um ol� ao grupo 30 jornalistas, convidado para o jantar com A�cio, no mezanino do restaurante Piantella, uma sala hoje transformada em adega, decorada com fotos e ensinamentos pol�ticos de Ulysses Guimar�es. Participaram ainda do encontro informal o secret�rio-geral do partido, Bruno Ara�jo, e os senadores �lvaro Dias (PR) e C�ssio Cunha Lima (PB). Ontem, Aloysio participaria de um encontro de A�cio com empres�rios, em S�o Paulo.
CARTEL E MENSAL�O As perspectivas de julgamento do caso que envolve o PSDB de Minas Gerais, chamado de mensal�o mineiro, e as den�ncias de cartel no metr� e nos trens de S�o Paulo tamb�m entraram na conversa. “Se ficar alguma coisa provada contra algu�m que seja do PSDB, (o culpado) tem que ir para a cadeia tamb�m. Vou falar muito sobre �tica na campanha”, prometeu. O senador tucano lembrou que o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, lidera as pesquisas apesar de o caso do cartel estar diariamente na m�dia. “Isso n�o � algo que contamine o Geraldo. Ele n�o � desonesto. Vou duas vezes por semana a S�o Paulo. N�o pega. Ningu�m toca nesse assunto”, assegurou o pr�-candidato, que n�o deixou de mencionar o PT ao se referir ao epis�dio de Minas: “Vamos aguardar o julgamento. Mas n�o vamos cometer o equ�voco do PT de acobertar, de transformar (o esc�ndalo) em coisa pol�tica. Isso n�o tira um mil�metro da minha autoridade para falar de �tica. Vou falar. Tenho 30 anos de vida p�blica. Se algu�m do PSDB cometeu ato il�cito, vai responder.”
De repente, algu�m diz que a presidente Dilma tamb�m repisa sempre que n�o compactua com “malfeitos”. A�cio, inspirado no Congresso petista, responde: “Qual � o PT da Dilma? � o PT que a homenageia ou � o PT que faz desagravo, inocentando politicamente o pessoal do mensal�o? Ela � ref�m de uma estrutura”, avaliou.
O presidenci�vel tucano atribui os bons n�meros de Dilma nas pesquisas ao fato de a presidente ser a �nica candidata que j� esta nas ruas. Afinal, ela � a presidente e tudo o que fala tem peso, mas ele acredita no sentimento da mudan�a que, na avalia��o dele, tende a “se amplificar”. A�cio considera que o pais vive o fim de um ciclo pol�tico, em que a presidente far� uma campanha defensiva. “� a economia, as obras n�o entregues. N�o tem nada de estruturante para ser entregue.”