A corrida ao Pal�cio dos Bandeirantes j� come�ou. Na lideran�a das pesquisas, com 43% das inten��es de voto pelo �ltimo Datafolha, est� um governador com alto �ndice de aprova��o e que tenta a reelei��o. Na sequ�ncia, um empres�rio que lidera a principal associa��o de ind�strias do Estado, com 19% das prefer�ncias. E, para compor o time dos desafiantes, um ministro de Estado com uma agenda de realiza��es fora de Bras�lia, mas ainda com apenas 4% da inten��o de voto dos paulistas. Com a prerrogativa das fun��es de governador, o primeiro se apresenta diariamente aos eleitores em viagens pelo interior, enquanto o presidente da Fiesp aproveita as apari��es na TV em propagandas da institui��o e o ministro direciona sua agenda com forte peso no Estado.
Nove meses antes da elei��o, o cen�rio pol�tico no Estado se mostra praticamente consolidado com Geraldo Alckmin (PSDB), Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT) na disputa, al�m do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que aparece na �ltima pesquisa com 8%. Dentre os quatro, o ex-prefeito da capital � o �nico que n�o possui uma m�quina a trabalhar a seu favor, com agendas p�blicas. Apesar disso, � presen�a garantida em eventos pol�ticos como presidente do PSD. Em evento do PT em S�o Paulo, na semana passada, no entanto, foi vaiado pela milit�ncia. Enquanto isso, o governador Geraldo Alckmin, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e o ministro da Sa�de, Alexandre Padilha, ganham espa�o com viagens e apari��es pelo Estado.
Recentemente o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva recomendou que Padilha comece a trabalhar na campanha j� no dia 1º de janeiro. Legalmente, ele pode permanecer � frente da pasta at� abril, quando teria que abandonar o cargo para integrar as atividades eleitorais.
Alckmin, beneficiado pelo posto de governador, aproveita para visitar o interior paulista. S� em novembro foi a cidades como Rosana, Canga�ba, Presidente Prudente, Nova Odessa, Ol�mpia, B�lsamo, Mon��es, Planalto, Itirapina e Barueri. Em dezembro, al�m de agendas p�blicas em S�o Paulo, em um s� dia visitou Pirapozinho, Cedral e Cravinhos. No dia seguinte, esteve em Sorocaba, S�o Jos� dos Campos, Jambeiro e Guaratinguet�. Nesta quinta-feira, 12, participou da primeira viagem teste entre a esta��o de metr� Largo Treze e a futura esta��o Adolfo Pinheiro, da Linha 5-Lil�s. Depois foi aos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e de Araraquara. Terminou o dia entregando unidades da CDHU nos munic�pios de Descalvado e Morro Agudo.
J� Skaf tem alinhado os temas das campanhas institucionais da Fiesp com as inser��es televisivas de seu partido. A bandeira da educa��o em tempo integral, por exemplo, � usada tanto nas apari��es institucionais como nas partid�rias. Para ele, suas inser��es televisivas em an�ncios da entidade fazem parte de um "estilo pr�prio" de administra��o. "Estou exercendo a minha fun��o no mesmo estilo de sempre. Tenho minha responsabilidade, fa�o campanhas nacionais nas entidades muito antes de ter alguma filia��o partid�ria", disse, destacando que todas as pe�as publicit�rias s�o aprovadas pelos conselhos das entidades ligadas � ind�stria.
Ao longo do ano, a Fiesp veiculou pe�as publicit�rias em apoio � MP dos Portos e na campanha Energia a Pre�o Justo. Al�m destas, Skaf apareceu como porta-voz dos filmes institucionais do Sesi e do Senai de S�o Paulo - no ar at� o in�cio do pr�ximo ano, ainda sem n�mero previsto de inser��es.
Legisla��o
Pela legisla��o, a propaganda eleitoral propriamente dita, destinada �s candidaturas e n�o aos partidos, s� pode ter in�cio depois de protocolados os registros de candidatura - que acontecem no dia 5 de julho. O advogado e professor de direito eleitoral na PUC-SP, Carlos Gon�alves Jr., ressalta que o uso de propaganda irregular antecipada costuma ser "muito sutil", j� que os partidos t�m direito a tempo de TV para propaganda pol�tica - que n�o � ainda propaganda eleitoral. "Neste momento, pode aparecer a figura, mas n�o na qualidade de candidato, n�o pode haver promo��o pessoal, e a Justi�a Eleitoral tem coibido esse tipo de conduta", disse.
Gon�alves aponta que as multas variam caso a caso e s�o fixadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas alguns partidos avaliam que o "custo-benef�cio da apari��o em compara��o com a multa vale a pena". Desde que os prov�veis candidatos n�o fa�am promessas nem pe�am votos ao p�blico, portanto, suas condutas em visitas e agendas p�blicas n�o podem ser questionadas legalmente diz o advogado.
Skaf afirmou agir dentro da lei. "Seria absurdo se eu perdesse o direito de ser porta-voz das entidades s� porque tenho a inten��o de estar em uma disputa eleitoral daqui a ano", disse o peemedebista. "Ningu�m tem o direito de me imobilizar ou insinuar que estou usando as entidades que eu comando para me favorecer. Aqui as coisas s�o corretas e honestas." Apesar de afirmar que n�o usa a Fiesp para ampliar sua exposi��o, Skaf citou as a��es dos poss�veis advers�rios. "Um � ministro e est� todos os dias na imprensa falando de um programa. O outro � governador e tamb�m aparece na m�dia todo o dia", comentou, em refer�ncia a Padilha e o programa Mais M�dicos e ao governador tucano.
No �ltimo fim de semana, a agenda de Padilha foi intensa no Estado - misturando eventos pol�ticos e governamentais. Nos eventos do PT, os palcos onde subia se transformavam em palanques. Na sexta-feira, 06, na capital, fez participa��o r�pida em cerim�nia com executivos do setor da sa�de de manh� e seguiu para ato contra viol�ncia com as mulheres na prefeitura. No segundo evento, com participa��o da popula��o da cidade e organizado pela Secretaria de Pol�ticas para as Mulheres, Padilha ficou mais de duas horas. � tarde, esteve ao lado de Lula em Itupeva, interior do Estado, em encontro de vereadores do PT. Na ocasi�o, Lula recomendou a Padilha que estudasse "cada regi�o" do Estado, j� que os advers�rios conhecem o nome de "cada rua". O ministro n�o esperou para come�ar o trabalho. No s�bado, foi a Rio Claro, cidade a quase 200 km da capital. De l� seguiu para Indaiatuba e voltou para a capital paulista no final do dia. No domingo, foi para evento em Mau�, na regi�o do grande ABC.
Na segunda-feira, a agenda come�ou com a inaugura��o de um centro de oncologia no Hospital Albert Einstein, na capital, teve ainda encontro de dirigentes de santas casas e hospitais filantr�picos e terminou oficialmente com uma reuni�o com a diretoria do sindicato da ind�stria de produtos farmac�uticos. � noite, foi ao bairro da Liberdade. Com as mangas da camisa dobradas, foi a estrela principal de evento de posse do diret�rio estadual do PT. Quando todas as outras autoridades j� haviam ido embora, permaneceu, tirando fotos e abra�ando a plateia. A agenda de dezembro do ministro incluiu ainda visitas a Sorocaba, Embu das Artes e S�o Bernardo do Campo. Em seu discurso durante a posse do diret�rio do PT-SP, no dia 9, Padilha avisou: "n�o � hora de descansar."
O especialista em direito eleitoral Carlos Gon�alves Jr explica que ningu�m est� impedido em exercer o convencimento em favor de sua candidatura dentro da institui��o partid�ria a qual pertence. "O que n�o pode � fazer uma apresenta��o ao p�blico em geral", disse.
Prazo legal
Skaf garantiu que, quando sua candidatura for oficializada, n�o aparecer� mais nas campanhas da Fiesp. "A lei me determina me licenciar quatro meses antes da elei��o. Muita coisa ainda pode acontecer, pois o futuro a Deus pertence, mas no momento em que me licenciar eu viro um candidato. At� l� n�o sou candidato a nada", refor�ou. Ele lembra que em 2010, quando concorreu ao cargo de governador de S�o Paulo pelo PSB, cumpriu o prazo legal e "sumiu durante quatro meses" da Fiesp e s� retornou ap�s a conclus�o das elei��es. "Quando for dia 1º de junho, se eu virar candidato, farei a mesma coisa. Mas a� n�o sei se vou voltar", afirmou o peemedebista, otimista com a possibilidade de �xito nas elei��es.
O Minist�rio da Sa�de informou que a agenda de trabalho do ministro "n�o � pautada por diretrizes pol�tico-partid�rias nem eleitorais". Segundo a pasta, Padilha cumpre extensa agenda de trabalho, composta de compromissos e atividades para o acompanhamento e monitoramento dos programas e a��es desenvolvidos pelo Minist�rio da Sa�de, em parceira com as secretarias estaduais e municipais de sa�de. "Al�m disso, o ministro vistoria o andamento de obras e acompanha a execu��o dos programas federais para a sa�de em unidades de sa�de em todos os Estados brasileiros."
Com rela��o ao refor�o da agenda de Padilha em S�o Paulo, o minist�rio disse que "� importante frisar que o Estado, que concentra 18% dos leitos hospitalares, 27% dos atendimentos ambulatoriais da rede p�blica, � sede de grande parte das sociedades de medicina, universidades e institui��es de atua��o no setor sa�de, bem como de cinco dos seis hospitais de excel�ncia (Albert Einstein, Alem�o Oswaldo Cruz, HCor, Samaritano e S�rio-Liban�s), que s�o parceiras do Minist�rio da Sa�de por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema �nico de Sa�de (Proadi-SUS)".
A assessoria do governador Geraldo Alckmin afirmou que ele "cumpre seu papel de governar para todo o Estado que o elegeu, sem se limitar a ficar no gabinete na capital, distante da popula��o". Disse ainda que ele n�o � candidato e que, desde o in�cio do governo, tem a preocupa��o de viajar ao interior com frequ�ncia "para conhecer os problemas e levar � popula��o informa��es sobre obras e servi�os p�blicos".