
Ao Correio, o l�der ind�gena Marcos Terena faz duras cr�ticas ao governo: “O governo n�o sabe o que est� acontecendo, s� toma conhecimento depois que explode o conflito”. Segundo ele, a Funai est� ac�fala, virou obsoleta e n�o h� interlocutores preparados para lidar com conflitos. “Em Humait�, quem � o negociador? O ministro da Justi�a (Jos� Eduardo Cardozo) mandou a pol�cia. A quest�o ind�gena virou caso de pol�cia! � a pol�tica que o Chile adotou contra os �ndios mapuche. O governo brasileiro est� usando a mesma metodologia.”
Terena concedeu a entrevista por telefone, da aldeia Terena de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, onde nasceu h� quase 60 anos. Entrou na Funai como piloto. Foi fundador da Uni�o das Na��es Ind�genas. Na Eco-92, organizou a Confer�ncia Mundial dos Povos Ind�genas sobre Territ�rio, Meio Ambiente e Desenvolvimento. � o idealizador dos Jogos dos Povos Ind�genas e do Festival das Tradi��es Ind�genas.
O que est� havendo com os �ndios?
A gente precisa analisar a quest�o por tr�s �ngulos: um � o do colonizador cl�ssico, que � conservador e continua retr�grado em rela��o ao �ndio do novo mil�nio; outro, � a vis�o assistencialista e paternalista do governo brasileiro, que tamb�m � conservadora; o terceiro, � a din�mica natural e progressiva dos povos ind�genas, que � quase invis�vel. Diante das circunst�ncias do ser humano, o �ndio tem transformado as invas�es culturais e econ�micas — como hidrovias, hidrel�tricas, novas cidades e etc. —, que representariam uma cat�strofe �tnica, em nova perspectiva de luta e sobreviv�ncia. Esse processo est� sendo digerido pelos l�deres tradicionais, que chamamos de autoridades, e que o sistema colonizador transformou na figura caricata de caciques. S�o pessoas que muitas vezes nem falam portugu�s, vivem na selva, preservam a cultura e est�o muito atentas a esse processo.