
Em seu primeiro evento p�blico no ano em que disputar� a Presid�ncia da Rep�blica, o senador A�cio Neves (PSDB-MG) criticou nessa quinta-feira, em Belo Horizonte, a demora do governo federal em adotar as privatiza��es como forma de alavancar investimentos em infraestrutura no pa�s. Em visita no fim da manh� �s obras de duplica��o das rodovias LMG-800 e MG-424, nos trechos que ligam cidades da regi�o metropolitana ao aeroporto de Confins, A�cio disparou contra a administra��o da presidente Dilma Rousseff (PT), apontando a “inefici�ncia e improviso” do Pal�cio do Planalto como causa de enormes preju�zos para a popula��o.
Na parte da tarde, depois de almo�o com o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP), na Cidade Administrativa, o tucano apresentou o cronograma do partido para as elei��es estadual e federal. No plano estadual, A�cio confirmou que Anastasia dever� deixar o Pal�cio da Liberdade at� o fim de mar�o para disputar uma vaga no Senado, e at� o carnaval ser� definido um nome do PSDB para o governo de Minas.
J� no cen�rio federal, A�cio ressaltou a amizade que tem com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e que uma aproxima��o entre tucanos e socialistas, caso um dos partidos dispute com o PT o segundo turno das elei��es, seria facilitada pelo fato de ambos serem de oposi��o. Ele aproveitou tamb�m para alfinetar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ao avaliar a import�ncia de Lula como cabo eleitoral: “� sem d�vida o cabo eleitoral mais importante que a presidente tem. N�o sei o quanto ser� decisivo. Em Minas, nas �ltimas elei��es, ele n�o foi”, disse A�cio.
Ataques ao Planalto
Em visita �s obras de duplica��o das rodovias, pr�ximo ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, o senador A�cio Neves fez uma s�rie de compara��es entre as gest�es petista e tucana. O pol�tico mineiro criticou os atrasos na entrega da obra de reforma do terminal de passageiros do aeroporto e aproveitou para dizer que as obras da estrada de acesso ao aeroporto ser�o entregues no prazo, sem custo acima do previsto. “Depois de 10 anos demonizando as privatiza��es, o governo do PT cede a elas, se curva a elas, mas com enorme atraso. E o preju�zo para Minas Gerais e para o Brasil tem sido enorme. O aprendizado do PT no governo tem custado muito caro ao Brasil”, disse A�cio.
Or�adas em R$ 373 milh�es, as obras de amplia��o das rodovias, que come�aram em mar�o do ano passado, devem ser entregues em maio. Atualmente, 80% da pavimenta��o foi conclu�da e 95% da terraplenagem foi feita. Em contrapartida, no aeroporto, a expans�o do terminal de passageiros, contratada pela Infraero, sofre com repetidos atrasos. Depois de dois anos e tr�s meses de obras, o terminal era para ser entregue no m�s passado, mas, com somente 38% do total conclu�do, o prazo foi adiado para novembro, implicando aditivos contratuais.
“H� um contraponto: o planejamento e a efici�ncia do governo do estado; as obras entregues no prazo, pelo valor licitado. Algo que n�o ocorre no plano federal, com a inefici�ncia e o atraso das obras de responsabilidade do governo federal”, atacou o tucano, ressaltando que os atrasos comprometem “o desenvolvimento econ�mico de toda a Minas Gerais”. Segundo A�cio, o governo petista se baseia em “improviso”, enquanto a gest�o tucana � focada no “planejamento”. Como argumento, ele cita a amplia��o das avenidas Ant�nio Carlos e Cristiano Machado, a constru��o da Linha Verde e as melhorias nas duas rodovias. Todas contribuindo para facilitar o acesso ao aeroporto internacional.
O pr�-candidato tucano afirmou tamb�m que as dificuldades econ�micas enfrentadas por estados e munic�pios � culpa da falta de vontade pol�tica do Planalto para discutir temas federativos. “Em raz�o da omiss�o do governo federal nenhum tema relevante da agenda federativa constru�da no Congresso avan�ou. A renegocia��o das d�vidas, o aumento dos fundos de participa��o dos estados e dos munic�pios e, no caso espec�fico de Minas, a quest�o dos royalties da minera��o, nada andou at� agora”, disparou o senador.
Alian�a com o PSB
Na avalia��o de A�cio, um cen�rio eleitoral no segundo turno das elei��es nacionais pode colocar o PSDB e o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, juntos contra a presidente Dilma Rousseff (PT). “O fato de ambas (candidaturas) se colocarem no campo oposicionista poder� facilitar uma aproxima��o, mas temos que lutar para chegar ao segundo turno primeiro”, disse A�cio. Segundo ele, a candidatura do socialista ser� positiva para o quadro pol�tico nacional, uma vez que o debate fugir� da polariza��o entre PSDB e PT. “Quem tentou inibir outras candidaturas, quase querendo ganhar por W.O., foi o PT. N�s sempre estimulamos outras candidaturas, inclusive da ex-senadora Marina Silva.”
A�cio afirmou ainda que considera natural a alian�a entre PSDB e PSB para a disputa no governo de Minas. Os socialistas j� demonstraram interesse em construir um palanque para Eduardo Campos no estado e o nome do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, foi considerado o mais forte da legenda para a disputa estadual. No entanto, o prefeito tem demonstrado pouco interesse na disputa, o que dificultaria os planos do pernambucano em Minas.
Para A�cio, a candidatura de Campos n�o impossibilita que os socialistas apoiem o candidato tucano ao governo mineiro. “Tivemos parcerias extraordin�rias com o PSB, como a que levou � elei��o do prefeito na capital. No que depender de minha vontade o PSB continuar� conosco. N�o acho que uma candidatura nacional seja incompat�vel com o apoio a um candidato do PSDB em Minas. Mas � uma decis�o do PSB”, analisou. A�cio citou que o mesmo poder� acontecer em Pernambuco, onde os tucanos poder�o lan�ar o nome do deputado Daniel Coelho (PSDB) ou apoiar um nome indicado por Campos.
Cronograma estadual
Depois da reuni�o com o governador Anastasia e com o vice-governador Alberto Pinto Coelho, A�cio Neves definiu o carnaval, no in�cio de mar�o, como data limite para que o PSDB defina o nome de seu candidato para o governo de Minas. Segundo o senador, a decis�o de Anastasia de deixar o Pal�cio da Liberdade para concorrer ao Senado est� praticamente selada e deve acontecer em mar�o. “Confirmando essa possibilidade, que hoje tem grande probabilidade, o vice-governador assumir� o mandato. Dentro da alian�a que sustenta o governo estadual h� tamb�m um consenso crescente de que a candidatura ao governo ser� com um nome do PSDB”, disse A�cio.
O tucano, por�m, n�o adiantou como dever� ser a composi��o da chapa para o pleito estadual, nem citou nomes para falar sobre as possibilidades do PSDB para tentar se manter no governo. At� agora o ex-ministro das Comunica��es Pimenta da Veiga e o deputado Marcus Pestana foram lan�ados para a disputa, mas ainda n�o houve uma defini��o dentro da legenda. Tamb�m est�o sendo discutidas as indica��es para a vaga de vice-governador, que pode ser ocupada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Dinis Pinheiro (PP), e de suplente de Anastasia na briga por uma cadeira no Senado. “N�s temos uma alian�a que vai al�m da composi��o de chapas. Temos uma alian�a em torno de um governo eficiente. Ao contr�rio do que acontece normalmente na pol�tica, em que os partidos v�o se desgastando com o tempo, nossa alian�a vem somando for�as”, avaliou A�cio.
Agenda nacional
Para a disputa nacional, A�cio afirmou ontem que o PSDB dever� oficializar um nome para disputar a Presid�ncia em mar�o. Segundo ele, a prioridade em janeiro ser� definir as estrat�gias regionais do partido, buscando construir alian�as e palanques fortes para a disputa nacional. No in�cio de fevereiro, a Executiva Nacional do partido se reunir� para discutir as costuras regionais e A�cio encaminhar� uma proposta para que todas as alian�as feitas nos estados sejam avaliadas pelo comando. “As alian�as dever�o ser consagradas, passar pelo crivo da Executiva. O partido tem um projeto de pa�s. N�o se pode ter companheiros do PSDB fazendo campanha para candidatos que ser�o oposi��o no plano nacional”, ressaltou.
Definidas as parcerias em cada estado, o tucano pretende retomar suas viagens pelo pa�s. Na primeira semana de fevereiro ele participar� de um evento do agroneg�cio em Cascavel, no Paran�, e nas semanas seguintes estar� em encontros organizados pelo Solidariedade com o setor sindical. Nas �ltimas semanas, o partido criado pelo deputado Paulo Pereira no ano passado apontou poss�veis nomes para compor a chapa de A�cio como vice-presidente, mas o tucano desconversou sobre o assunto.
“Acho positivo que o Solidariedade queira se integrar ao nosso projeto. Ele tem participado na constru��o de uma agenda. Sempre disse que um partido que se sup�e social e democrata tem que ter uma presen�a sindical expressiva. Mas s� pr�ximo ao per�odo de conven��es vamos definir esses nomes”, explicou A�cio.
Ainda ontem, o senador disse tamb�m que sua irm� Andr�a Neves n�o ser� a coordenadora de campanha para a disputa eleitoral: “Ela participar� com ideias, assessorando nossas a��es, como sempre faz. Mas n�o foi cogitada para coordenar a campanha”.