
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou nesta segunda-feira, o deputado federal Jo�o Paulo Cunha (PT-SP), condenado pelo mensal�o. Para o magistrado, "condenados por corrup��o devem ficar no ostracismo" e n�o ter espa�o em "p�ginas nobres" de jornais. As declara��es, feitas em sua chegada a Londres, foram uma resposta ao ex-presidente da C�mara dos Deputados, que em entrevista publicada no domingo disse que o magistrado fez um "gesto de pirotecnia" ao decretar sua pris�o no in�cio de janeiro, mas n�o assinar o mandado.
As declara��es de Jo�o Paulo foram feitas ao jornal "Folha de S. Paulo" no domingo. "Excluindo a falta de civilidade, humanidade e cordialidade do ministro, foi um gesto de pirotecnia", disse o deputado, referindo-se � decis�o tomada por Barbosa no dia 6, v�spera de suas f�rias, quando ele decretou a pris�o, mas n�o assinou o mandado - segundo o magistrado, por falta de tempo h�bil.
Hoje Barbosa foi incisivo em sua cr�tica. "Esse senhor foi condenado pelos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Eu n�o tenho costume de dialogar com r�u. Eu n�o falo com r�u", disse, reiterando: "N�o faz parte dos meus h�bitos, nem dos meus m�todos de trabalho ficar de conversinha com r�u."
A seguir, o magistrado criticou a imprensa, sem citar nomes de publica��es, por entrevistar os condenados. "A imprensa brasileira presta um grande desservi�o ao pa�s ao abrir suas p�ginas nobres a pessoas condenadas por corrup��o. Pessoas condenadas por corrup��o devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena", entende. "A imprensa tem de saber onde est� o limite do interesse p�blico. A pessoa, quando � condenada criminalmente, perde uma boa parte dos seus direitos. Os seus direitos ficam em hiberna��o, at� que ela cumpra a pena."
Para Barbosa, entrevistas como a concedida por Jo�o Paulo Cunha passam uma imagem errada dos condenados. "No Brasil, estamos assistindo � glorifica��o de pessoas condenadas por corrup��o � medida que os jornais abrem suas p�ginas a essas pessoas como se fossem verdadeiros her�is", argumentou.
Na sexta-feira, o advogado de Jo�o Paulo, Alberto Toron, j� havia atacado o presidente do STF por sua decis�o de decretar a pris�o sem assinar o mandado. "� o fim da picada. Eu acho que n�o tem que dizer muito mais do que isso. E ele confortavelmente dando seu 'rolezinho' em Paris", disse ele, referindo-se � viagem de Barbosa por Paris e Londres, onde, em meio a suas f�rias, teve compromissos oficiais. Ent�o o magistrado respondeu: "Um advogado vir a p�blico fazer grosserias preconceituosas contra um membro do Judici�rio que julgou seu cliente � prova de um d�ficit civilizat�rio".
Barbosa chegou a Londres no in�cio da tarde desta segunda. Ainda hoje, tinha previsto em sua agenda um encontro a portas fechadas com o parlamentar Kenneth Clarke, ex-secret�rio brit�nico de Justi�a, e especialista em programas anticorrup��o. Sua agenda na capital se estende at� a quarta-feira, quando vai palestrar no tradicional Kings College. Antes de chegar � Inglaterra, o presidente do STF passou cinco dias em Paris, onde discursou no Conselho Constitucional - esp�cie de supremo franc�s.
Com Ag�ncia Estado