
A bancada do PMDB na C�mara dos Deputados se rebelou ontem contra a presidente Dilma Rousseff e decidiu n�o mais indicar os substitutos para os minist�rios da Agricultura e do Turismo, os peemedebistas Ant�nio Andrade (MG) e Gast�o Vieira (MA), que devem deixar o comando das pastas para disputar a elei��o. A inten��o do partido era aumentar sua influ�ncia no governo com a reforma ministerial, ganhando mais uma pasta. Um acordo para que o partido indicasse o l�der do PMDB no Senado, Eun�cio de Oliveira (CE), para o Minist�rio da Integra��o Nacional tentou ser costurado pelo Planalto, mas o partido recusou, pois o parlamentar � pr�-candidato ao governo do Cear�. A indica��o de Eun�cio resolveria o impasse com o PMDB e ainda seria um afago da presidente ao governador cearense, Cid Gomes (PROS), que tenta tirar o senador da disputa para indicar um nome de seu partido para a sucess�o no estado. No lugar de Eun�cio, os peemedebistas queriam emplacar na pasta o senador Vital do R�go (PB).
A bancada fez uma reuni�o tensa na tarde de ontem, a portas fechadas, em uma das salas do plen�rio. Durante o encontro, sobraram cr�ticas para Dilma, para o presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), e at� mesmo para o vice-presidente Michel Temer. O clima azedou mais ainda quando um gravador escondido foi encontrado dentro da sala. Sem descobrir quem tentava gravar a conversa, o aparelho foi quebrado.
Ant�nio Andrade disse, no entanto, que houve uma falha na comunica��o e que o partido n�o ser� prejudicado. Segundo ele, caber� � bancada a sugest�o dos nomes que v�o ocupar os minist�rios da Agricultura e do Turismo. Andrade disse ainda que n�o foi comunicado da reuni�o nem da decis�o tomada pelos parlamentares. “Os cargos s�o de escolha da presidente e o partido n�o tem como interferir”, afirmou Andrade sobre mais um minist�rio. Ele garantiu que permanece na Agricultura at� o prazo da desincompatibiliza��o, em 5 de abril, ou pode sair antes se for desejo da presidente. “A bancada do PMDB n�o sofrer� nenhum preju�zo”, afirmou.
A amea�a de rebeli�o foi encampada pelo pr�prio presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Segundo ele, o partido vai continuar com o governo, mas n�o indicar� nomes, deixando a presidente livre para compor da melhor maneira. Alves reclamou ainda que a discuss�o sobre cargos prejudica a imagem do partido. “As negocia��es n�o est�o sendo bem conduzidas. As conversas provocaram distor��es. Essa exposi��o de cargos para c�, cargos para l�, n�o foi bem costurada e est� expondo o partido", disse.
CONVENI�NCIA
A nota divulgada pela bancada ap�s a reuni�o de cerca de tr�s horas diz que o apoio ao governo est� mantido, mas deixa clara a insatisfa��o ao “deixar a presidente � vontade para contemplar outros partidos em fun��o das suas conveni�ncias pol�ticas e/ou eleitorais”.
O l�der da bancada, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ironizou o clima da reuni�o, na sa�da, dizendo que teve que agir como “bombeiro” para evitar uma nota em tom mais acirrado. Cunha � visto pelo governo como um dos integrantes do PMDB mais cr�ticos a Dilma.
O vice-l�der do partido, Danilo Forte (CE), disse que, apesar de ter desistido dos cargos, a legenda n�o far� oposi��o ao governo no plen�rio da C�mara. “N�o d� para enforcar o Michel (Temer)”, disse. “Mas n�o precisamos de minist�rios que na pr�tica nunca foram nossos”, completou.