Bras�lia, 07 - Enquanto produzia documentos falsos para assumir a identidade do irm�o morto, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato registrou em cart�rio orienta��o para que sua morte, quando ocorrer, seja mantida em sigilo. No documento, de 24 de abril de 2009, Pizzolato informa n�o querer "vel�rio, homenagem, celebra��o nem missa de s�timo dia". Pede, ainda, que seu corpo "seja cremado o mais r�pido poss�vel e que suas cinzas sejam jogadas no mar."
Pizzolato justifica no testamento que "n�o deseja que pessoas fiquem tristes e enlutadas" com sua morte. Com esse procedimento, o atestado de �bito seria a �nica comprova��o de uma suposta morte de Pizzolato. A exist�ncia do testamento, registrado em cart�rio no Rio de Janeiro, foi revelada na edi��o de sexta-feira do jornal Correio Braziliense.
Pizzolato fugiu do Brasil no dia 11 de setembro de 2013 rumo � cidade de Maranello, na It�lia, cerca de dois meses antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar sua pris�o pela condena��o no processo do mensal�o. Uma a��o conjunta das pol�cias brasileira, italiana, espanhola e argentina revelou que ele viajou usando a identidade de Celso Pizzolato, seu irm�o morto h� quase tr�s d�cadas.
O ex-executivo deu todos os passos que lhe possibilitariam assumir a identidade do irm�o. Reativou RG, CPF, passaporte, declara��o de imposto de renda e t�tulo de eleitor. Pizzolato, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), chegou a votar em nome do irm�o morto nas elei��es municipais de 2008.
Ao fazer o testamento, Pizzolato atestou que se encontrava "em seu perfeito ju�zo e no uso pleno de suas faculdades mentais e intelig�ncia". Informou que vive h� 29 anos com Andr�a Eunice Haas (a uni�o n�o foi oficializada) e que deixa para a mulher em caso de morte um apartamento no Rio de Janeiro, sua aposentadoria do fundo de pens�o dos servidorores do Banco do Brasil e, em caso de falecimento do seu pai, a totalidade de seus bens n�o listados no testamento.
As testemunhas do testamento s�o um casal que tem ajudado Pizzolato a apresentar sua defesa, mesmo ap�s a fuga. Alexandre Cesar Costa Teixeira e Marta Alfon�o Teixeira n�o foram localizados pelo Grupo Estado.
Investiga��o
A Pol�cia Federal informou que vai investigar se houve anu�ncia de seus servidores na emiss�o de um passaporte brasileiro em nome de um morto, Celso Pizzolato, apenas se forem encontrados ind�cios de envolvimento dos agentes. A investiga��o, conforme a PF, tem como foco o uso de documentos falsos por Pizzolato, incluindo o passaporte brasileiro.
Contudo, se essa an�lise levar ao entendimento de que policiais federais ajudaram na farsa ser� instaurado um processo administrativo. A dire��o da PF em Bras�lia ficou insatisfeita com a divulga��o para a imprensa de que Pizzolato conseguiu emitir um passaporte em nome do irm�o morto, o que exp�s fragilidade de um sistema de responsabilidade da Pol�cia Federal.