

“As Diretas vinham ganhando grande repercuss�o na m�dia e tamb�m entre as pessoas. Era muito comum ver os adesivos usados em carros ‘Sou pelas diretas’ e ‘Diretas J�’, com um clima de como��o muito grande pelo direito de votar. Eu tinha 18 anos e lembro que fiquei perto do antigo Cine Royal (entre as ruas S�o Paulo e Caet�s), onde hoje funciona uma igreja evang�lica. N�o consegui chegar nem pr�ximo do palanque. Para minha gera��o as Diretas foram uma esp�cie de batismo pol�tico”, conta Rodrigo Patto S� Motta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O historiador avalia que a uni�o de pol�ticos nos palanques das Diretas J� com ideologias e projetos divergentes foi poss�vel gra�as � grande mobiliza��o em torno do direito de que a popula��o pudesse votar em seus representantes. “Os partidos se organizaram, houve uma forma de coopera��o daqueles que eram oposi��o � ditadura. Claro que havia rivalidade e desconfian�as, os integrantes do PT, por exemplo, desconfiavam de Tancredo, mas todos queriam as elei��es diretas e uma maneira de abreviar o fim do regime militar”, explica Patto.
Em seu discurso, Tancredo destacou o car�ter pac�fico do movimento e a uni�o dos pol�ticos brasileiros para conquistar um direito que havia sido revogado por 20 anos. “Minas n�o podia deixar o Brasil sem sustenta��o nesta hora. A tranquilidade deste com�cio � uma demonstra��o de civismo e o povo brasileiro n�o abre m�o do direito de votar”, afirmou o governador de Minas. A �ltima fala foi de Ulysses Guimar�es, ent�o deputado federal e um dos principais defensores do movimento pelas Diretas J�: “A emenda Dante de Oliveira (que previa a elei��o direta) foi aprovada aqui, por esta multid�o”, afirmou. Al�m dos pol�ticos, o evento contou com a presen�a de diversos artistas, que entre os discursos pol�ticos se apresentavam para a multid�o.
Os principais com�cios pelo Brasil
1983
» 31 de mar�o – Abreu Lima
O munic�pio de Abreu e Lima, em Pernambuco, foi palco do primeiro com�cio em defesa do voto direto para a elei��o presidencial. Organizado por vereadores da cidade em resposta a uma celebra��o de militares pelos 19 anos do golpe. O primeiro ato foi acompanhado com receio por parte da popula��o e pouco mais de 100 pessoas participaram.
» 27 de novembro – S�o Paulo
Nos meses anteriores, aconteceram manifesta��es em v�rias cidades em defesa da vota��o direta, mas todas de menor propor��o. At� que em S�o Paulo, na Pra�a Charles Miller, ocorre um evento de m�dio porte, com a presen�a de 15 mil apoiadores, demonstrando o que viria no ano seguinte.
1984
» 12 de janeiro – Curitiba
50 mil pessoas v�o ao Centro da capital paranaense pela defesa das Diretas J�.
» 25 de janeiro – S�o Paulo
300 mil manifestantes ocupam a Pra�a da S�, em S�o Paulo, no primeiro grande com�cio. O evento contou com a presen�a das principais lideran�as pol�ticas brasileiras, j� organizadas em torno da defesa das Diretas J�.
» 16 de fevereiro – Rio de Janeiro
A popula��o fluminense tamb�m demonstra apoio � causa, 60 mil fazem passeata da Igreja da Candel�ria at� a Cinel�ndia.
» 24 de fevereiro – Belo Horizonte
Na primeira manifesta��o em Minas Gerais, cerca de 400 mil pessoas foram �s ruas pelas Diretas. A multid�o ocupou o espa�o que vai da Pra�a Rio Branco, conhecida como Pra�a da Rodovi�ria, at� a Pra�a Sete, no Centro da capital.
» 29 de fevereiro – Juiz de Fora
Assim como nas capitais, diversas cidades interioranas do pa�s organizaram manifesta��es reivindicando o voto direto. Em Juiz de Fora, cerca de 30 mil pessoas foram �s ruas.
» 10 de abril – Rio de Janeiro
Os cariocas realizam a maior manifesta��o p�blica da hist�ria do Brasil at� ent�o. Mais de 1 milh�o de pessoas v�o �s ruas na regi�o da Candel�ria.
» 16 de abril – S�o Paulo
1,5 milh�o de paulistas caminham da Pra�a da S� at� o Vale do Anhangaba�.