
Ap�s oito anos no governo, Lula ainda mostra a for�a que tem nas rela��es internacionais. Na visita � It�lia, almo�ar� com o rec�m-empossado primeiro-ministro, Matteo Renzi, jovem l�der do Partido Democrata (PD). O encontro ocorre uma semana ap�s o governo brasileiro enviar ao pa�s europeu o pedido de extradi��o do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Nem Lula nem Renzi admitem tratar do caso do petista condenado no mensal�o. Mas n�o se pode descartar a possibilidade de Lula ajudar o “companheiro”.
O l�der do DEM no Senado, Jos� Agripino Maia (RN), v� a articula��o do ex-presidente como v�lvula de escape para promover as a��es do PT. “Lula est� em campanha eleitoral tentando criar uma imagem positiva para contrapor o mensal�o do PT”, pontuou . “Ele vai a Cuba, � It�lia, circula em todas as �reas, usa essa boa rela��o para mostrar que o PT � capaz de superar o desgaste do mensal�o.” O presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores, Ricardo Ferra�o (PMDB-ES), reconhece as “liga��es pol�ticas” do ex-mandat�rio, mas, no entanto, n�o admite que Lula represente oficialmente o pa�s no exterior.
Na an�lise do deputado Roberto Freire (PPS-SP), a interven��o do ex-presidente nas negocia��es do governo provoca um desastre pol�tico. “N�o temos um governo, temos duas cabe�as no mesmo governo”, ataca Freire, referindo-se � presidente Dilma Rousseff e a Lula. “N�o se pode ter dualidade no poder, isso causa in�rcia da pr�pria governabilidade”, enfatizou. Desde que a coliga��o PT e PMDB amea�ou rachar, Lula atua para tentar mant�-la. Na semana passada, uma foto apertando a m�o de Dilma confirmou a presen�a do ex-chefe nas decis�es do governo. Participaram do evento os presidentes do PMDB, Valdir Raupp (RO), e do PT, Rui Falc�o (SP).
Brecha
A interven��o do ex-chefe de Estado revela uma “disfuncionalidade na pol�tica externa”. Na avalia��o de especialistas, � como se agenda atual n�o fosse capaz de suprir a demanda e o ex-presidente colaborasse ocupando essa brecha. “A agenda � relativamente modesta para o Brasil perto do arco de iniciativas que Lula lan�ou no exterior quando presidente”, analisa o professor de rela��es internacionais da Universidade de Bras�lia (UnB) Jos� Fl�vio Saraiva. “� um contraste entre o ativismo e o recuo do campo diplom�tico do Brasil.” Para Saraiva, a presidente Dilma Rousseff age reativamente, como no caso da espionagem americana revelada pelo ex-agente Edward Snowden, quando Dilma cancelou uma visita a Washington.
Quando fala fora do Brasil, Lula � automaticamente relacionado ao mais alto posto do governo, mesmo sem ocupar a cadeira. Extraoficialmente, carrega a imagem do Brasil nos dircursos e palestras. Oficialmente, a representatividade n�o incomoda o Itamaraty nem o ministro das Rela��es Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, indicado para o posto pela presidente Dilma Rousseff. O ex-l�der do PT na C�mara C�ndido Vaccarezza defende a pol�tica lulista no exterior. “Ele � a maior lideran�a pol�tica por causa do trabalho econ�mico e social e n�o h� fatos contra essa realidade.”
Para Saraiva, no cen�rio internacional, o ex-presidente esbanja for�a. “O movimento combina muito com o fato de ele ter apreciado a inser��o internacional do Brasil como presidente. Lula pegou gosto pelo mundo e � reconhecido, � poss�vel que n�o saibam pronunciar o nome da presidente Dilma, mas do Lula, com certeza, governantes internacionais sabem.” Apesar desse gosto, o especialista defende ainda que Lula deixou um bom legado, “um bom capital pol�tico diplom�tico pelo mundo”. A extensa agenda internacional de Lula, segundo Saraiva, segue a tradi��o de um ex-mandat�rio. Para o especialista, ocorreu o mesmo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e com a falecida ex-primeira-ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher, que tamb�m rodava o mundo fazendo palestras.
�reas de influ�ncia
Confira os campos em que Lula circula com desenvoltura
Na pol�tica
Apesar de ter deixado o governo em 2010, o ex-presidente nunca abandonou o jogo pol�tico. Sempre que a corda aperta, � ele que faz o meio de campo para evitar poss�veis crises. Lula est� presente nas negocia��es para evitar um racha entre a alian�a PT e PMDB. Ele vem conversando com l�deres dos dois partidos na tentativa de manter a alian�a e asfixiar a candidatura de advers�rios da presidente Dilma Rousseff.
No Congresso
Al�m de conselheiro de Dilma, Lula participa das movimenta��es do Congresso. L�der do PT na C�mara, Vicentinho Alves (PT-SP) analisa convidar o ex-presidente assim que retornar da It�lia para se reunir com a bancada do PT na Casa. Vicentinho descarta que a visita seja para aparar as arestas entre o PMDB e o PT. “Queremos o ex-presidente mais presente aqui na C�mara.”
Na economia
Lula ganhou fama de ter ajudado a expandir a economia brasileira no exterior. Nos oito anos do governo lulista, o lucro da Vale aumentou de R$ 21,1 bilh�es (no per�odo FHC) para R$ 132,4 bilh�es, obtendo um crescimento de 526,7%. Aliado ao impacto econ�mico, aumentou tamb�m a representatividade. A Vale ganhou o mercado externo, que ainda estava acanhado. No governo Lula, a Vale se tornou a maior investidora na �frica, com opera��o de carv�o em Mo�ambique.
Na diplomacia
O ex-presidente Lula encantou mundo afora e conquistou livre acesso nos mais diferentes governos. Circula da ditadura cubana, com bom acesso a Fidel Castro, ao capitalismo americano, onde foi chamado de “o cara” pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O ex-presidente tamb�m se manifestava como fiel apoiador do presidente Nico�s Maduro, na Venezuela. Ap�s deixar o governo, Lula manteve uma ativa agenda. Faz palestras e � recebido em diversos pa�ses, mantendo a diplomacia viva. Representa o Brasil no exterior, mesmo estando oficialmente fora do governo. Amanh�, ser� recebido pelo rec�m-empossado primeiro-ministro italiano, o jovem l�der do Partido Democrata (PD) Matteo Renzi, com quem vai almo�ar.