Com o destravamento da reforma ministerial e promessas de libera��o de emendas parlamentares, o Pal�cio do Planalto conseguiu reduzir significativamente o chamado "bloc�o", grupo de partidos - a maioria da base aliada - criado em fevereiro a fim de aumentar o poder do Legislativo frente ao Executivo.
Das 11 legendas que compareceram ao jantar que selou o pacto entre os l�deres de bancadas no dia 20 do m�s passado, quatro j� abandonaram o grupo: PSD, PP, PROS e PDT. Os pr�ximos a faz�-lo ser�o o PR, o PT do B e o PRP. Com isso, o n�mero de deputados do "bloc�o" cair� de 285 para 129.
Nesta semana, a tropa rebelde de governistas comandada pelo PMDB se uniu aos partidos de oposi��o - PSDB, DEM e PPS - e imp�s uma s�rie de derrotas ao governo na C�mara dos Deputados, com a cria��o de uma comiss�o externa para apurar den�ncias de corrup��o da Petrobr�s e a aprova��o de convoca��es e convites de ministros a fim de que eles deem explica��es sobre os mais variados assuntos no Congresso Nacional.
Nesta sexta-feira, o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), foi mais um dirigente partid�rio a se posicionar pelo fim do bloco. As reuni�es feitas com a c�pula do partido, a bancada na C�mara e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, resultaram em um entendimento, segundo Nascimento.
Carta de cr�dito
"O PR sai do 'bloc�o'. Existia de fato uma insatisfa��o muito grande principalmente na C�mara dos Deputados. Mas tivemos reuni�es de um grupo de deputados mais o ministro Mercadante. Todas as arestas n�o foram aparadas, mas algumas foram e acho que j� tem condi��es de manter um di�logo com o governo, o que estava muito ruim", afirmou Nascimento. "Acho que o partido tem que dar ao Mercadante uma carta de cr�dito. Ele procurou se envolver pessoalmente", disse o dirigente do PR.
Sua posi��o, contudo, ainda precisa ser acatada pelo l�der da legenda na C�mara, Bernardo Santana (MG). "Com todo o respeito que eu tenho pelo senador Alfredo Nascimento, ele fala pelo Senado, onde � l�der, e fala pelo partido, mas quem fala pelos deputados federais sou eu, que sou l�der da bancada na C�mara". No entanto, trata-se do mesmo movimento dos outros partidos que deixaram o bloco. Primeiro os dirigentes desautorizaram a presen�a deles no grupo, como Gilberto Kassab (PSD), Carlos Lupi (PDT) e Ciro Nogueira (PP). Dias depois, a orienta��o acabou sendo incorporada pela bancada.
Tr�gua
Al�m da iminente sa�da do PR, outro fator que deve enfraquecer o bloco � a tr�gua sinalizada pelo Planalto e pelo l�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha (RJ). Um encontro entre o deputado e Mercadante est� previsto para segunda-feira. Foi gra�as ao corpo a corpo do ministro com os l�deres da base nesta semana - no qual fez promessas de libera��o de emendas por parte do governo - e � retomada da reforma ministerial que o governo deu os primeiros passos para enfraquecer o "bloc�o".
No entanto, h� ainda alguns pontos de desentendimento. Entre os itens da pauta nos quais a bancada do PMDB se posicionar� contra o governo est�o o texto que prev� a cria��o do Marco Civil da Internet e o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto que estabelece novos crit�rios para a cria��o de munic�pios.
Distens�o
Cunha garante que se trata de assuntos em que a bancada j� tinha tomado posi��es contr�rias ao governo antes da cria��o do bloc�o. "Agora tem que distensionar o ambiente e caminhar para um ambiente normal, com as diverg�ncias colocadas de forma equilibrada. E essas diverg�ncias ser�o demonstradas no dia a dia no painel", afirmou o deputado, segundo quem a atual tens�o na coaliz�o presidencial poder� deixar cicatrizes para a campanha de outubro. " Temo que toda essa situa��o de embate esteja produzindo os 'anticabos' eleitorais, que n�o jogam a favor, mas contra, numa campanha negativa", disse o peemedebista.
Teatro
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica, Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira que a tens�o entre Executivo e Legislativo deve diminuir. Carvalho � alvo do "bloc�o". Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre conv�nios de ONGs e a explicar o patroc�nio do governo a um evento do MST que acabou em quebra-quebra em Bras�lia.
"Na vida pol�tica a gente vai aprendendo que � natural que ocorram tens�es, momentos mais fortes, mais dif�ceis, a gente tem de ter maturidade e serenidade, como a presidenta teve, para suportar as interpreta��es, as ondas e contra ondas", disse Carvalho.
"O resto tem um pouco de jogo de cena, um pouco do teatro pol�tico, que � natural", afirmou. Ele participou do lan�amento do edital do Programa de Fortalecimento e Amplia��o das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produ��o Org�nica, no Pal�cio do Planalto.