"Marmita quentinha", diz preso sobre alimenta��o de mensaleiros

Um deles se chateia ao comentar as regalias com a alimenta��o. “J� vi entrarem com legumes. A gente s� fica olhando. O resto � marmita direto. A gente n�o sabe nem o que tem dentro”, conta o preso, que n�o soube precisar qual dos mensaleiros chegou ao CPP com a sacola de legumes. “Os pr�prios policiais entregam o marmitex. Para a gente, nem o documento de identidade que um dia esqueci eles levaram”, compara. “Para a gente � aquela velha lavagem. Esse pessoal n�o come isso n�o”, provoca outro. “A gente s� sente o cheiro da marmitinha quentinha deles”, brinca um terceiro. Outro detendo que passa e ouve a conversa diz: “Os mensaleiros n�o se misturam com a ral� n�o, meu amigo”. A alimenta��o diferenciada ocorre, de acordo com eles, principalmente nos fins de semana.

Um detento com seis anos no sistema prisional de Bras�lia por conta de assaltos cometidos no in�cio dos anos 2000 � mais resignado. “Deve ser porque t�m ensino superior e dinheiro. Esses sempre tiveram a vida mais f�cil. N�o tenho nem um nem outro”, afirma. Outros se mostram irritados com a diferen�a. “Na ala deles, s�o 50 pessoas. Na nossa, tem gente dormindo no ch�o, embaixo de cama, gente para todos os lados”, reclama. Um mais radical sugere: “Por que n�o misturam esses caras com a massa? A� seria bom”. Tudo isso tem uma explica��o �bvia para outro preso do semiaberto: “Eles s�o do governo, n�? Algu�m esperaria outra coisa?”.

A Subsecretaria do Sistema Penitenci�rio (Sesipe) n�o deu explica��es em rela��o aos relatos dos detentos. O subsecret�rio Cl�udio de Moura Magalh�es enviou nota, por meio da assessoria de imprensa, na qual “informa que, por hora, n�o se pronunciar� quanto aos internos da A��o Penal 470, tendo em vista a excessiva exposi��o dos mesmos frente aos ve�culos midi�ticos”. Procurados pela reportagem, os advogados dos mensaleiros presos no CPP n�o foram encontrados nem retornaram as liga��es.