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Estado de Minas

L�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha coleciona inimigos e aliados

O deputado coleciona com a mesma compet�ncia inimigos e aliados, mas sabe armar como poucos uma rebeli�o no Congresso


postado em 17/03/2014 08:02

(foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)
(foto: Carlos Moura/CB/D.A Press)

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado que tira o sono da presidente Dilma Rousseff h� pelo menos um ano, resolveu, no meio de mais um tiroteio com o governo, passar o carnaval em Veneza, na It�lia. A placidez da hist�rica e submersa cidade italiana n�o foi suficiente para amainar o sangue quente do flamenguista. Ele n�o resistiu e resolveu, pela internet, espinafrar o presidente do PT-RJ, Washington Quaqu�, chamando-o de pilantra. “Pelo amor de Deus. As g�ndolas de Veneza s�o uma das coisas mais rom�nticas do mundo. E voc� perde tempo respondendo o Quaqu�? O Quaqu�, Cunha”? , provocou o presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

� mais um tra�o dos ep�tetos — arrogante, truculento, inteligente e preparado — que o l�der do PMDB na C�mara incorporou ao seu portf�lio: ele se recusa a levar desaforo para casa. E vai, ao longo de sua trajet�ria, colecionando uma legi�o de advers�rios, desafetos, inimigos, que rogam pragas e recebem as respostas no mesmo n�vel, nem sempre public�veis ou pronunci�veis. “Ele � rancoroso e guarda m�goa. Pior, prepara para se vingar no momento mais apropriado. O Cunha sabe esperar para reagir”, admitiu um especialista em PMDB.

O peemedebista n�o rejeita o r�tulo. Pelo contr�rio, faz quest�o de refor��-lo. “Eu sou uma pessoa que tem opini�o. Quem age assim, gera controv�rsias. Quem gera controv�rsias, ganha admiradores e inimigos. Faz parte”, minimizou ele. “Pe�o apenas que meus inimigos tenham generosidade e meus amigos, humildade para me suportar”, filosofou ele. Suportar Eduardo Cunha n�o tem sido nada f�cil para o Planalto.

Durante a gest�o na lideran�a do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha tem exacerbado outra de suas caracter�sticas: a disposi��o para estudar os projetos em tramita��o. E a capacidade de defender com afinco os interesses de grupos privados, mesmo quando seus advers�rios juram existir interesses escusos por tr�s do lobby. Ele n�o liga. N�o mesmo. Durante a MP dos Portos, sangrou o governo por dois dias ao longo de 40 horas, na mais longa vota��o ocorrida na C�mara dos Deputados.

Quando a MP chegou ao Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), teve de rasgar o regimento interno e aprovar o texto em meio dia. O parlamentar, por sinal, n�o esconde de ningu�m que n�o gosta de Eduardo Cunha — a rec�proca tamb�m � verdadeira. S�o dois pol�ticos que t�m ojeriza um do outro por se enxergarem com capacidade de liderar grupos. “� puro ci�me do Renan. Ele sabe que Cunha � um rival com poder de fogo para causar estragos e dividir o protagonismo de chantagear o Planalto”, confessou um renanzista de carteirinha.

Alcunha palaciana

Vem dessa �poca o apelido recebido por Cunha no Pal�cio do Planalto: meu malvado favorito. A refer�ncia diz respeito a uma anima��o em 3D em que o personagem principal, Gru, morre de inveja porque algu�m resolveu roubar uma das pir�mides do Egito. Megaloman�aco e disposto a tornar-se o maior vil�o da hist�ria, ele decide que a melhor estrat�gia seria roubar a Lua. O plano fracassa pela falta de investidores.

Evang�lico, casado e pai de quatro filhos, Cunha n�o tem problema em conseguir dinheiro. Na p�gina do TSE consta que recebeu R$ 4,76 milh�es em doa��es para a campanha de 2010. Isso representa mais de cinco vezes a m�dia de doa��es feitas aos outros 10 parlamentares mais bem votados na bancada fluminense, incluindo nomes como o do ex-governador, ex-aliado e agora grande desafeto, Anthony Garotinho (R$ 2,57 milh�es), e do o ex-jogador Rom�rio, que arrecadou R$ 308 mil naquele ano.

Formado em economia, Cunha, 55 anos, transita com desenvoltura entre as empresas de telecomunica��es (foi presidente da Telerj); setor el�trico e fundos de pens�o e mineradora, setores que, tradicionalmente, s�o generosos nas doa��es de campanha, mas cobram faturas pesadas depois. Para defender os pr�prios interesses, n�o mede esfor�os. Atrasou, ainda em 2007, a aprova��o do relat�rio da Contribui��o Provis�ria sobre Movimenta��o Financeira (CPMF) na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a enquanto n�o emplacou o aliado Luiz Paulo Conde na presid�ncia de Furnas. O governo acabou sendo derrotado no Senado.

Cargos na mesa

No in�cio do governo Dilma, comprou outra briga para controlar o Fundo de Pens�o Real Grandeza, administrador de um patrim�nio de R$ 10 bilh�es dos servidores de Furnas. Dilma resolveu comprar a briga e fez uma limpeza dos apadrinhados do PMDB no setor. Ent�o l�der da bancada, Henrique Alves (RN) amea�ou entregar os demais cargos do PMDB. “Ent�o entrega”, respondeu Ant�nio Palocci, � �poca chefe da Casa Civil. O PMDB esta a� at� hoje.

Cunha cresceu ainda mais de l� para c� e mostrou que � capaz de comandar uma bancada de 250 parlamentares, o bloc�o. “Ele est� ficando vaidoso, o que sempre � um perigo. A vaidade mata a pessoa”, disse um petista. “N�o sou vaidoso, n�o tenho ambi��es. Gosto de ser deputado”, resumiu. H� quem diga que ele quer mais: virar presidente da C�mara em 2015. Para isso, estimularia, informalmente, segundo integrantes do baixo clero, que Henrique seja candidato ao governo do Rio Grande do Norte em outubro.

“Fazem isso para me intrigar com o Henrique. Ele foi l�der da bancada durante sete anos e s� me candidatei quando o cargo estava vago”, retrucou. Durante reuni�o da bancada na semana passada, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), antigo advers�rio na disputa pela lideran�a do PMDB, virou para Cunha e disse: “Voc� � o presidente que esta Casa precisa”. H� um ano, o mesmo Mabel entrou com uma representa��o no Supremo Tribunal Federal alegando que a elei��o de Cunha para a lideran�a da bancada tinha sido fraudada. “Bobagem, isso j� passou”, desconversou o parlamentar goiano.


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