Rio, 20 - Ex-conselheiro da Petrobras, o economista e empres�rio Claudio Luiz Haddad, defendeu nesta quinta-feira, 20, que o Conselho de Administra��o da estatal dispunha de informa��es "fundamentadas" para a aprova��o da compra da refinaria de Pasadena, em 2006. Segundo ele, o ex-diretor da �rea Internacional, Nestor Cerver�, fez uma apresenta��o "consistente" do neg�cio e recomendou sua aprova��o.
Haddad lembrou que as negocia��es foram assessoradas por uma institui��o financeira, que tamb�m deu aval �s condi��es de compra da refinaria. "Ele (o banco) atestou que o pre�o se enquadrava � pr�tica do mercado, e que as condi��es eram normais. Sendo uma apresenta��o consistente, n�o havia nada que oferecesse qualquer tipo de d�vida", afirmou o ex-conselheiro.
A aprova��o da compra de Pasadena foi a �ltima participa��o de Haddad no colegiado da estatal, que no m�s seguinte, em abril de 2006, ganhou nova formata��o. "Se houve omiss�o, n�o saberia dizer", completa.
Segundo o economista, a pr�tica nas reuni�es de Conselho era que um dos diretores das �reas pertinentes ao assunto debatido fizesse uma apresenta��o "substanciada" aos integrantes do colegiado. "No caso, eram as diretorias de Internacional e de Refino e Abastecimento", completa. Os cargos eram ocupados por Nestor Cerver�, que viajou para Europa na �ltima quarta-feira, e Paulo Roberto Costa, preso ontem pela Pol�cia Federal.
Haddad afirma ainda que na reuni�o a compra da refinaria de Pasadena foi defendida por Cerver�. "Recomendou-se a aprova��o. Jamais o conselho aprovaria uma opera��o se n�o estivesse bem fundamentada. O conselho � �ltima inst�ncia. Quando chega ali, a administra��o j� explorou exaustivamente, com v�rios pareceres."
Aquela foi a �nica reuni�o em que a compra foi discutida com o colegiado, presidido por Dilma Rousseff, ent�o ministra de Minas e Energia. "Se fosse algo que o conselho tivesse d�vidas de que o benef�cio n�o era t�o claro, a� o conselho teria explorado muito mais. Em muitas vezes, participei de reuni�es em que n�o houve consenso e foi discutido em reuni�es posteriores."
N�o foi o caso, segundo o economista. "Apesar de ser um investimento relevante, face outros neg�cios da Petrobras, n�o era anormal a ponto de chamar aten��o. Discutimos uma s�rie de assuntos com valores bem superiores", afirma Haddad.
Em nenhum momento se questionou os altos valores do neg�cio, estimado em US$ 360 milh�es. Tamb�m n�o foi feita compara��o com o valor pelo qual a refinaria foi adquirida um ano antes, pela empresa belga Astra Oil, por US$ 42,5 milh�es. "Naqueles anos antecedentes � decis�o, o pre�o do petr�leo subiu bastante. Isso pode perfeitamente acontecer, as condi��es de mercado levam a uma mudan�a de patamar."
O conselheiro descreve que a proposta para aquisi��o de uma refinaria no exterior surgiu como alternativa para reverter preju�zos "cont�nuos" com a opera��o da Petrobras. O tema foi discutido em outros encontros do conselho. "Havia excesso de �leo pesado, escassez de �leo leve e pouca margem de investimento em novas unidades de refino no Pa�s", conta.
A estrat�gia defendia a compra de uma unidade no exterior que permitisse a exporta��o de �leo pesado, seu processamento e comercializa��o no mesmo pa�s ou para reenvio ao Brasil. Na reuni�o de fevereiro, a apresenta��o sobre a refinaria de Pasadena trazia "n�meros que condiziam com as condi��es de mercado do momento e com as estrat�gias de neg�cio da estatal".
Haddad diz que n�o acompanhou o caso ap�s deixar o conselho. E prefere n�o avaliar se a compra foi ou n�o um neg�cio equivocado. "Neg�cio � feito com base nas condi��es de mercado, ambiente e contexto da �poca. Se as condi��es mudam anos depois, para mal ou para bem, s�o coisas que acontecem. Tem sempre que ser julgado com base no contexto quando a decis�o � tomada".