Bras�lia - Lista in�dita dos convidados VIP da Petrobras para assistir ao GP do Brasil de F�rmula 1, em novembro, revela que o agrado, originalmente usado pela estatal “para relacionamento com grandes clientes corporativos”, teve como beneficiados o genro da presidente Dilma Rousseff, Rafael Covolo; dois filhos do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e a irm�, o cunhado e a sobrinha da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, al�m de parlamentares da base aliada e seus familiares.
As cortesias d�o direito a vista privilegiada da pista do Aut�dromo de Interlagos, al�m de acesso aos boxes das escuderias, hospedagem em hotel cinco estrelas e buffet de bebidas e comidas durante o GP. Estima-se que o custo unit�rio dos convites oferecidos pela Petrobras chegue a R$ 12 mil - o ingresso mais caro vendido ao p�blico no ano passado, com benef�cios semelhantes, valia R$ 11.200.
Nota da Secretaria de Comunica��o Social do governo enviada nessa quinta-feira (27) � noite ao Estado confirma que o genro da presidente “compareceu ao GP Brasil” a convite da Petrobras, desacompanhado da mulher, Paula Rousseff, e afirma que Dilma n�o sabia do convite. “A presidenta disse que, se tivesse sido (consultada), teria dito para ele n�o comparecer. Isso porque, embora n�o exista irregularidade, n�o vale o inc�modo.”
O genro de Dilma trabalha na �rea trabalhista do escrit�rio de advocacia do sogro - o ex-marido da presidente, Carlos Ara�jo. Procurado, Cuvolo avisou pela secret�ria que “n�o tinha interesse em se manifestar”.
Al�m do genro de Dilma, o secret�rio adjunto do gabinete de seguran�a da Presid�ncia, coronel Artur Jos� Solon Neto, foi convidado pela Petrobras. O oficial confirmou o convite, mas disse n�o saber por que foi escolhido.
Pedido
Dois filhos de Guido Mantega, que tamb�m � presidente do Conselho de Administra��o da Petrobras, est�o na lista de convidados VIP da estatal, assim como um amigo deles. O pedido de ingressos para Carolina e Leonardo Mantega partiu do pr�prio ministro.
Procurada, Carolina fez um pedido. “Por favor, eu gostaria que voc� n�o escrevesse essa mat�ria”, disse. Perguntada se ganhou o ingresso do pai, repetiu: “Eu n�o quero falar sobre isso”. Leonardo n�o foi localizado.
Os filhos de Mantega levaram um amigo, Felipe Isola. “Eu fui convidado porque gosto de assistir � F�rmula 1. O camarote � minha posi��o preferida”, afirmou. Quando a reportagem o questionou se tinha algum neg�cio com a estatal que justificasse a cortesia, Isola disse que a pergunta deveria ser feita � Petrobras. “N�o sou da empresa, mas conhe�o pessoas de l�”, afirmou, sem citar nomes para n�o ser “deselegante”.
Em nota, Mantega afirmou que “os convites mencionados pela reportagem foram dados pela empresa devido ao fato de o ministro ser conselheiro da companhia, tratando-se de uma pr�tica usual da Petrobras para com seus conselheiros”.
Miriam Belchior � outra ministra e conselheira da Petrobras cujos parentes foram ao camarote. Irm� da ministra, Virg�nia confirmou ao Estado ter recebido o ingresso, mas desligou o telefone ao ser perguntada sobre como ganhou o convite.
Por meio de sua assessoria, a ministra afirmou que membros do Conselho de Administra��o constituem um dos diversos “p�blicos” de interesse da estatal. “Esse procedimento � praxe por parte de qualquer empresa p�blica ou privada que patrocina grandes eventos. N�o infringe nenhuma norma estabelecida.”
O marido da titular de Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, o subtenente do Ex�rcito Jeferson da Silva Figueiredo, tamb�m foi convidado para o camarote VIP. A ministra recebeu o convite, mas afirmou n�o ter ido ao evento. Figueiredo n�o quis falar sobre o assunto.
Base
O ex-presidente do Senado, Jos� Sarney (PMDB-AP), tamb�m tem um parente na lista VIP da Petrobras. O neto do senador, Jo�o Fernando Sarney, n�o quis falar sobre o convite.
O Estado identificou na lista nove deputados federais, um distrital e dois senadores aliados do governo, al�m de suas mulheres, irm�os, namoradas e filhos. L� est�o o l�der do governo na C�mara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o senador Gim Argello (PTB-DF), dois dos principais articuladores contra a CPI da Petrobras.
O gabinete de Argello confirmou o uso da credencial, estendida ao irm�o e � mulher, mas disse que “n�o utilizou o servi�o de hospedagem a que tinha direito”. Chinaglia n�o quis comentar.