Bras�lia, 31 - Cinco dias ap�s anunciar que pretendia ampliar o foco da CPI da Petrobras para desgastar a oposi��o, o governo foi obrigado a recuar dessa estrat�gia. Agora, a t�tica do Pal�cio do Planalto consiste em jogar todas as fichas na cria��o de uma segunda CPI, mista, formada por deputados e senadores, para investigar a forma��o de cartel no Metr� de S�o Paulo - plano que atinge o PSDB - e usar de manobras regimentais para retardar os trabalhos da comiss�o da Petrobras.
Se o PMDB se rebelar e criar mais dificuldades para o governo no Congresso, a Secretaria dos Portos, atualmente ocupada pelo t�cnico Ant�nio Henrique Silveira, pode entrar na negocia��o para apaziguar o aliado. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantiu que ler� amanh� o requerimento para a instala��o da CPI da Petrobras, que deve apurar, entre outras coisas, a pol�mica compra da refinaria de Pasadena (EUA), por parte da estatal.
O Planalto d� essa CPI como "favas contadas" desde a semana passada, mas apenas nesta segunda-feira ministros se encontraram com l�deres da base aliada no Senado para discutir o assunto. A ideia de incluir em uma mesma CPI, no caso a da Petrobras, a investiga��o de den�ncias do cartel dos trens e de irregularidades envolvendo o Porto de Suape, em Pernambuco, foi considerada "uma estupidez" at� por integrantes do PT.
Embora o plano do governo continue sendo o de embaralhar o jogo dos advers�rios e atingir os dois desafiantes da presidente Dilma Rousseff na elei��o - o senador A�cio Neves, do PSDB, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB)-, ministros foram informados de que o Planalto n�o teria apoio necess�rio para o que j� se chama nos bastidores de "CPI Combo". A estrat�gia, ent�o, � investir na cria��o de uma segunda CPI, desta vez para investigar somente as den�ncias atingindo tucanos, e usar os holofotes dessa comiss�o para esvaziar a outra, a da Petrobr�s.
Reuni�o
O "corpo mole" na CPI da Petrobras foi acertado hoje em reuni�o no Planalto. Os governistas planejam usar o m�ximo do tempo poss�vel at� mesmo para indicar os integrantes da comiss�o, que deve ser presidida pelo senador Romero Juc� (PMDB-RR) ou por seu colega Jo�o Alberto (PMDB-MA). Enquanto isso, em sintonia com o Planalto, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) contabiliza 150 assinaturas para a cria��o da comiss�o que pretende vasculhar eventuais falcatruas em licita��es de trens e Metr� em S�o Paulo durante administra��es do PSDB. Para criar uma CPI mista, formada por deputados e senadores, s�o necess�rias 171 assinaturas na C�mara e 27 no Senado.
"At� quarta-feira acabamos de coletar as assinaturas na C�mara e a� encaminharemos para o Senado. O nosso foco � investigar a forma��o de cartel e corrup��o no Metr� e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)", disse Teixeira. Tr�s senadores da base aliada tra�ram o governo e est�o apoiando o pedido de cria��o da CPI da Petrobras.
O novo ministro de Rela��es Institucionais, Ricardo Berzoini, que assume amanh� a articula��o pol�tica do governo, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ainda tentam fazer com que eles recuem, mas admitem que a tarefa � quase imposs�vel. "N�o retiro minha assinatura nem mesmo se a presidente Dilma pedir. Vou ser candidato a governador de Minas", afirmou Cl�sio Andrade (PMDB-MG), que n�o conta com o aval do PT no Estado. "Eu mesmo j� disse � presidente: 'Comigo voc� vai ouvir muitos sim, mas tamb�m tenha certeza de que ouvir� muitos n�os", emendou Eduardo Amorim (PSC-SE). "Nem adianta me procurarem. Apoio a CPI", insistiu S�rgio Petec�o (PSD-AC).
Oposi��o
A�cio e Eduardo Campos conversaram novamente nesta segunda, por telefone, e combinaram de repetir o discurso em defesa da CPI da Petrobras. "O governo tem maioria e pode apresentar requerimentos de CPI sobre qualquer assunto. Que fa�a as investiga��es, porque n�o as tememos. Mas querer amorda�ar a CPI da Petrobras, para que ela n�o investigue nada, com esse tipo de amea�a, n�o vai nos amedrontar. N�o cederemos a esse tipo de chantagem", atacou A�cio.
Na semana passada, Campos disse para A�cio que, se o governo continuasse com a t�tica de transformar a CPI da Petrobras em uma "CPI do Fim do Mundo", na tentativa de se "vingar" da oposi��o, ele tamb�m tinha mais den�ncias contra o governo para incluir no rol das investiga��es. "Podemos, por exemplo, investigar o que ocorre na Transpetro, e n�o apenas os neg�cios da Petrobras", afirmou Campos. A Transpetro � controlada por S�rgio Machado (PMDB), um aliado de Renan Calheiros. (Colaboraram D�bora Alvares e Ricardo Brito)