Rio de Janeiro, 08 - Documento interno da Petrobras de 2009 mostra que a companhia previu investir pelo menos US$ 2,4 bilh�es em um "plano de adequa��o" nas refinarias de Pasadena (EUA) e Okinawa (Jap�o), ambas investigadas por autoridades por suspeita de irregularidades. O valor � cerca de 15 vezes maior do que o valor das duas refinarias, se considerado US$ 42,5 milh�es para Pasadena e cerca de US$ 100 milh�es para Okinawa.
Em nenhuma das duas plantas se sabe o valor total gasto pela estatal para avaliar se foram investimentos rent�veis ou mal aplicados. Os investimentos totais de fato executados nas duas refinarias n�o � revelado publicamente pela Petrobras, j� que as plantas pertencem a subsidi�rias da estatal no exterior. A petroleira diz que a sede fora do Pa�s as desobriga de serem submetidas �s leis brasileiras, como a Lei das S.A. e a Lei de Acesso � Informa��o. Por isso, as subsidi�rias estrangeiras da Petrobras s�o uma esp�cie de caixa-preta. Seus investimentos n�o passam, por exemplo, pelo crivo do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).
Os investimentos previstos contrastam com os valores das plantas. Pasadena fora comprada em 2005 pela belga Astra por US$ 42,5 milh�es. A Petrobras comprou 87,5% de Okinawa em 1 abril de 2008 por aproximadamente US$ 50 milh�es. E os 12,5% restantes foram comprados em 1 de abril de 2010. O valor da segunda parcela nunca foi formalmente divulgado, mas teria sido perto de US$ 49 milh�es, somando menos de US$ 100 milh�es pela unidade japonesa.
A hist�ria da refinaria do Jap�o � parecida com a de Pasadena: Okinawa tamb�m foi comprada em duas etapas, com o s�cio da Petrobras, a Sumitomo Corporation, exercendo seu direito previsto em contrato de sair do neg�cio ("put option"). As duas foram as primeiras incurs�es da Petrobras em refino em suas �reas geogr�ficas. Pasadena foi a primeira refinaria da Petrobras nos Estados Unidos. Okinawa foi a primeira da estatal na �sia. Em ambos os casos, os planos iniciais previstos para as plantas n�o foram concretizados.
Pasadena n�o teve concretizados os planos de ser duplicada e adaptada para processar o pesado �leo do Campo de Marlim, na Bacia de Campos, o que daria valor � planta e justificou o investimento. Okinawa receberia investimentos em adapta��o de tanques para que pudesse se tornar um polo de importa��o de etanol brasileiro, o que tampouco aconteceu. As plantas tamb�m s�o parecidas, refinam �leo leve, o que demanda maquin�rio de baixa complexidade, e t�m capacidade de processamento para at� 100 mil barris por dia.
O ex-presidente da Petrobras Jos� Sergio Gabrielli, e o ent�o diretor Internacional Jorge Zelada, estiveram em abril de 2008 pessoalmente no Jap�o para fechar o neg�cio.
O "plano de adequa��o das refinarias de Pasadena e Okinawa, com investimentos previstos em US$ 2,4 bilh�es" aparece em um documento da BR Distribuidora com o curr�culo de Luiz Claudio Sanches, apontado como o "respons�vel pelo gerenciamento do plano" como gerente geral de Abastecimento da ger�ncia executiva Internacional". Contatado, Sanches negou responsabilidade com os investimentos e disse desconhecer os valores. Tamb�m negou ter sido indicado ao cargo pela cota do PTB, conforme not�cias que circularam na imprensa em 2011, quando estava na BR Distribuidora.